Viagem pela Amazônia no Museu do Amanhã

Vitórias-régias no espelho d’água do Museu do Amanhã para a exposição “Fruturos: tempos amazônicos” (Foto Carla Lencastre)

‘Fruturos: tempos amazônicos’ mostra no Centro do Rio a grandeza do maior bioma do país e a importância do desenvolvimento sustentável para manter a floresta de pé

Por Carla Lencastre | ODS 15 • Publicada em 14 de janeiro de 2022 - 11:35 • Atualizada em 1 de dezembro de 2023 - 18:47

Vitórias-régias no espelho d’água do Museu do Amanhã para a exposição “Fruturos: tempos amazônicos” (Foto Carla Lencastre)

A Amazônia passa pelo Rio. A nova exposição do Museu do Amanhã, na Zona Portuária do Rio de Janeiro, traz para perto do público carioca e de visitantes de outras cidades a exuberância do bioma brasileiro ao longo dos séculos. E chama a atenção também para o futuro incerto da maior floresta tropical do mundo. Inaugurada no final de 2021 e em cartaz até junho de 2022, “Fruturos: tempos amazônicos” comemora os seis anos completados em dezembro do museu de ciências projetado pelo arquiteto espanhol Santiago Calatrava e construído às margens da Baía de Guanabara. Passear pela mostra é como viajar pela Amazônia, a um Brasil de distância do Rio. Mesmo quem conhece a região vai descobrir novos aspectos em uma exposição repleta de informações sobre meio ambiente, cultura e ciência.

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Dividida em sete áreas, “Fruturos” ressalta a biodiversidade e a realidade das mais de 30 milhões de pessoas que moram na Amazônia: “Uma população tão diversa quanto as paisagens da floresta. (…) Com as mudanças climáticas, um complexo desafio se impõe ao futuro da floresta e de todos que nela habitam ou dependem de seus recursos e sua água”, destaca o curador Leonardo Menezes no texto de apresentação. Com diversas atividades interativas, uma característica das exposições no Museu do Amanhã, “Fruturos” mostra a importância de termos um novo modelo de desenvolvimento socioeconômico na região baseado na ciência, no compromisso de preservar a floresta e no conhecimento e nas práticas de quem mora na região.

“A Amazônia é o maior reservatório de biodiversidade do planeta. Já foi chamada de selva. Selva é mais do que floresta, é mistério. Precisamos de selva dentro de nós. Se destruirmos a floresta, perdemos também a selva”, diz o economista Sérgio Besserman, curador de sustentabilidade do Museu do Amanhã.

A Amazônia vista do alto na exposição "Fruturos: tempos amazônicos" (Foto: Carla Lencastre)
A Amazônia vista do alto na exposição “Fruturos: tempos amazônicos”, no Museu do Amanhã, no Centro do Rio (Foto Carla Lencastre)

Como é a exposição sobre a Amazônia no Museu do Amanhã

Objetos produzidos há milênios por comunidades indígenas e usados no dia a dia estão reunidos em um dos primeiros ambientes de “Fruturos”, que valoriza a diversidade de povos originários e suas diferentes línguas na área “Amazônia milenar”. Na “Amazônia secular”, que mostra o modo de vida de ribeirinhos, pescadores, extrativistas e outros povos tradicionais, um dos destaques é a mandioca, consumida tanto na floresta quanto pela população urbana, e declarada pela Organização das Nações Unidas (ONU) como o alimento do século 21. “#SomosAmazônia” reúne elementos de manifestações artísticas e culturais da região, como trajes típicos, o boi do Festival de Parintins (AM), o boto do Festival do Sairé, em Alter do Chão (PA), e a corda do Círio de Nazaré, celebração religiosa em Belém do Pará que hoje é Patrimônio Mundial da Humanidade pela Unesco.

“Amazônia acelerada” destaca os desafios da regeneração: como conter as queimadas, a mineração ilegal em territórios indígenas e o desmatamento, que impacta a biodiversidade, o clima e a vida de quem mora na região. “Desacelerar a degradação e acelerar a demarcação de terras indígenas e novas reservas ambientais” é o mote desta área de “Fruturos”.

“A comunidade do meu povo está isolada sem água potável por causa do garimpo, bebendo lama”, denuncia Vanda Ortega, indígena da etnia Witoto, de um território às margens do Rio Solimões. “Precisamos fazer o caminho de volta ao passado para pensar no futuro. Voltar ao passado não é retroceder nos direitos. O passado que queremos é o da espiritualidade. Este é o mistério da selva. Sem dialogar com os saberes ancestrais do nosso povo não teremos futuro”.

Cartaz da exposição “Fruturos” na entrada do Museu do Amanhã, às margens da Baía de Guanabara (Foto Carla Lencastre)
Serviço

A mostra “Fruturos: tempos amazônicos” pode ser vista até 12 de junho de 2022. Até o fim de janeiro há uma programação de férias, com várias atividades, que pode ser consultada no site do Museu do Amanhã. O museu fica na Praça Mauá, no Centro do Rio, e a melhor maneira de chegar até lá é de metrô ou VLT. Está aberto ao público de terça-feira a domingo, das 10h às 17h. Os ingressos (R$ 30, inteira, e R$ 15, meia-entrada) com dia e hora marcados só podem ser comprados online. As gratuidades também devem ser reservadas com antecedência. É obrigatória a apresentação do comprovante de vacinação contra a covid-19.

Carla Lencastre

Jornalista formada pela Universidade Federal Fluminense (UFF), trabalhou por mais de 25 anos na redação do jornal O Globo nas áreas de Comportamento, Cultura, Educação e Turismo. Editou a revista e o site Boa Viagem O Globo por mais de uma década. Anda pelo Brasil e pelo mundo em busca de boas histórias desde sempre. Especializada em Turismo, tem vários prêmios no setor e é colunista do portal Panrotas. Desde 2015 escreve como freelance para diversas publicações, entre elas o #Colabora e O Globo. É carioca e gosta de dias nublados. Ama viajar. Está no Instagram em @CarlaLencastre 

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