Imagens da seca em tempos de crise climática

“A era de extremos do clima já é realidade no Brasil”, diz José Marengo, coordenador do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) (Foto: Custodio Coimbra)

Pela duração e intensidade, estiagem generalizada no Brasil é a pior em mais de cem anos

Por Custodio Coimbra | ODS 15 • Publicada em 24 de agosto de 2021 - 09:13 • Atualizada em 26 de agosto de 2021 - 10:58

“A era de extremos do clima já é realidade no Brasil”, diz José Marengo, coordenador do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) (Foto: Custodio Coimbra)

Como seria a vida de Fabiano e sua inseparável cadela Baleia em tempos de crise climática? O que sempre pareceu terrível e desumano em Vidas secas, obra-prima de Graciliano Ramos (1892-1953), escrita em 1938, pode ser ainda pior um século depois. As imagens de terra rachada, plantas esturricadas e gado morrendo, antes quase exclusivas do Nordeste, agora compõem também os cenários no Sul, no Sudeste e no Centro-Oeste. No país como um todo, 40% do território sofre com a falta de chuva, que se espalha por estados inteiros e impacta seriamente 2.445 municípios.

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Pela duração e intensidade, trata-se da pior seca desde que o fenômeno começou a ser medido aqui, em 1910: “A era de extremos do clima já é realidade no Brasil”, diz José Marengo, coordenador do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden).  A seca eleva o risco de focos de incêndio, que podem se alastrar por grandes áreas de floresta. “Se a cobertura vegetal diminui, o solo fica ainda mais exposto e gera um aumento maior na temperatura. É um círculo vicioso”, explica José Marengo.

Para o professor Carlos Nobre, da USP, um dos maiores especialistas em climatologia do país, a única saída para o Brasil é inverter, urgentemente, a curva de destruição das florestas e dos biomas nacionais, sob pena de perder o enorme patrimônio de biodiversidade que possui e tornar imagens como essas permanentes e espalhadas pelo país: “O nosso modelo desenvolvimentista não faz mais nenhum sentido”, alerta.

Custodio Coimbra

Fotógrafo de imprensa há 36 anos, Custodio Coimbra, 61 anos, passou pelos principais jornais do Rio e há 25 anos trabalha no jornal O Globo. Nascido no Rio de Janeiro, é hoje um artista requisitado entre colecionadores do mercado de fotografia de arte. Além de fotos divulgadas em jornais e revistas mundo afora, participou de dezenas de mostras coletivas no Brasil e no exterior. Tem sua obra identificada com a história e a paisagem do Rio de Janeiro.

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