Depois do registro do maior número de queimadas para junho desde 2007, os dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) apontaram que a área sob alerta de desmatamento na Amazônia Legal em junho foi de 1.062 km² da floresta, um aumento de 1,8% em relação a junho de 2020 e a maior para o mês o início de monitoramento do sistema Deter-B, em 2016, Somente na última semana do mês passado foram 326 quilômetros: o acumulado de 2021 já soma 3.610 Km2, 17,1% maior que o mesmo período de 2020.
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Junho é o quarto mês consecutivo em que os índices de desmatamento batem recordes históricos mensais. O período também conseguiu ultrapassar o recorde registrado em junho de 2020, quando 1.043 km² ficaram sob alerta. O resultado indica que, no governo Bolsonaro, o desmatamento anual deverá ultrapassar pela terceira vez a marca de 10 mil km² de destruição florestal, o que não ocorria desde 2008. Faltam apenas os dados de julho para fechar o período da taxa oficial de desmatamento, o Prodes — medido de agosto de um ano a julho do seguinte. Em 2020 foram derrubados 10,8 mil km2 de florestas na Amazônia, a maior taxa em 12 anos.
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Veja o que já enviamosO Observatório do Clima – rede formada em 2002, composta por 66 organizações não governamentais e movimentos sociais – destacou, em nota, que as altas em registros de queimadas e de áreas desmatadas em junho reforçam que não há controle do desmatamento e que governo renunciou à obrigação de combater o crime ambiental. “Desde o início, o regime Bolsonaro sabota os órgãos de fiscalização ambiental e adota medidas para favorecer quem destrói nossas florestas”, afirmou Marcio Astrini, secretário-executivo do Observatório do Clima.
O primeiro semestre de 2021 também teve a maior área sob alerta de desmatamento em seis anos. “O governo Bolsonaro perdeu duas décadas de combate ao desmatamento em dois anos. Provavelmente precisaremos de outras duas para recuperar o legado desse desmonte”, ressaltou Maurício Voivodic, diretor executivo do WWF-Brasil.
O Observatório do Clima destacou que, além de discursos contra o Ibama e o ICMBio, o governo Bolsonaro promoveu mudanças em normas e imobilizou a estrutura de fiscalização. Desde outubro de 2019, um artifício burocrático criado pelo governo trava a cobrança de multas ambientais em todo o país. Em 2020, as multas por crimes contra a flora nos nove estados da Amazônia despencaram 51% na comparação com 2018. “Os altos índices de desmatamento não ocorrem por acaso: são resultado de um projeto do governo. Bolsonaro é hoje o pior inimigo da Amazônia”, frisou Marcio Astrini.
Os ambientalistas criticam a decisão do governo de mobilizar as Forças Armadas ao invés de fortalecer a fiscalização dos órgão ambientais. “É mais um triste recorde para a floresta e seus povos, esse número só confirma que o Governo Federal, não tem capacidade de combater toda essa destruição ambiental. Enviar o exército à Amazônia, somente neste momento em que o fogo e a devastação estão, mais uma vez, avançando sobre a floresta, é uma estratégia tardia e equivocada, deixando evidente que, na verdade, não há interesse em combater o desmatamento”, declara Rômulo Batista, porta-voz da campanha Amazônia do Greenpeace.
O diretor da WWWR-Brasil lembrou que os dados mostram desmatamento em outros biomas e suas graves consequências. “A destruição da Amazônia e do Cerrado coloca em risco a segurança hídrica do país e também a nossa segurança energética, com sérias consequências para toda a economia. Essa provavelmente será a herança deste governo”, completou Voivodic.
Os alertas de desmatamento divulgados nesta sexta (09/07) foram feitos pelo Sistema de Detecção de Desmatamento em Tempo Real (Deter), do Inpe, que produz sinais diários de alteração na cobertura florestal para áreas maiores que 3 hectares (0,03 km²), tanto para áreas totalmente desmatadas como para aquelas em processo de degradação florestal (exploração de madeira, mineração, queimadas e outras). O objetivo é facilitar ações de combate dos órgãos fiscalizadores.