Por um 2022 mais verde

Mudanças simples de comportamento podem ajudar na construção de um Ano Novo bem mais sustentável

Por Sérgio Margulis | ODS 13 • Publicada em 21 de dezembro de 2021 - 08:24 • Atualizada em 17 de janeiro de 2022 - 16:45

Reduzir o consumo, reutilizar os produtos sempre que possível e reciclar são práticas fundamentais para garantir um mundo um pouco mais sustentável. Foto Mayank Makhija/NurPhoto via AFP

Fim de ano é sempre um momento de refletir e buscar por mudanças. Preocupados com as alterações no clima, muitos se sentem motivados a mudar hábitos, mas frequentemente não sabem como fazer isso. Afinal, como ter um 2022 mais verde? No livro “Mudanças no clima: tudo o que você queria e não queria saber”, listamos alguns desafios que os brasileiros devem encarar em 2022 para ter uma vida e um mundo mais sustentáveis.

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Em primeiro lugar, é preciso dizer que a maioria das emissões de gases de efeito estufa está relacionada com o consumo, especialmente nos níveis de renda mais altos. Os mais ricos são os principais responsáveis pelas emissões de CO2 e demais gases de efeito estufa. Portanto, quando falamos em redução de consumo, nos referimos às classes média alta e ricas, que têm espaço para consumir menos e melhor, reduzindo as emissões. Vamos considerar quatro pontos para uma vida mais sustentável em 2022: alimentos; transporte; uso de energia elétrica e ações ligadas a comportamento.

ALIMENTOS

A ação mais efetiva contra o aquecimento global é deixar de comer carne bovina. Suas emissões são 5 vezes maiores do que as da carne de frango, por exemplo. Se tirar o boi do prato é difícil, diminuir seu consumo é bem possível. Podemos definir “segundas-feiras sem carne” e levar isso a sério – acredite, já será uma importante contribuição. Quando der, acrescente mais dias.

As recomendações são frutas, legumes e grãos. É melhor escolher alimentos da estação, produzidos o mais perto possível de onde você mora, dar preferência a alimentos sem agrotóxicos (orgânicos) e evitar desperdícios. Seu bolso e sua saúde agradecerão também.

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TRANSPORTES

A primeira e mais óbvia decisão é evitar ao máximo o transporte individual, especialmente os carros a gasolina. Quando você usa o carro, está transportando 800 quilos de aço e ferro, ou seja, a maior parte da energia gasta não é para deslocar você, e sim o carro em si. O transporte coletivo é muito menos poluidor, pois dividimos as emissões com outros passageiros. Andar a pé ou ir de bicicleta são as melhores opções, também para a saúde, mas, se tiver que usar o carro, abasteça-o com etanol. Carros híbridos ou elétricos emitem muito menos, e definitivamente escolha carros menores e eficientes.

Os aviões consomem enormes quantidades de querosene, e as emissões são gigantescas. A pandemia nos trouxe uma lição: a de que podemos substituir viagens de negócios por reuniões virtuais. Os voos sem escalas emitem menos.

ENERGIA ELÉTRICA

Em casa, a medida principal é usar aparelhos mais eficientes. A maior parte traz algum selo de eficiência energética – o do Procel é o mais difundido. Produtos eficientes são mais baratos no longo prazo, como as lâmpadas LED.

Há outros hábitos simples que podemos adotar, como tirar aparelhos da tomada quando não estão em uso. Sim, eles gastam energia assim. Lâmpadas incandescentes consomem muito mais. Não se esqueça de apagar as luzes, use o ar-condicionado com moderação, pendure roupa em vez de usar o secador da máquina, modere o banho quente e use mais a escada do que o elevador sempre que possível. Sua saúde também agradece.

CONSUMO E COMPORTAMENTO

Diversas opções de consumo e comportamentos reduzem emissões. A regra de ouro é evitar o consumismo. Somos bombardeados por propagandas de roupas, produtos descartáveis, acessórios, embalagens excessivas e temos consciência de que grande parte é desnecessária. Prefira empresas e lojas certificadas ou que apoiem abertamente o combate ao aquecimento global, adotando práticas sustentáveis e outras posturas verdes.

Há diversas outras ideias e práticas verdes que simplificam a vida, como reciclar o lixo, separando materiais reaproveitáveis (alumínio, papel, plásticos), levar a própria sacola para o mercado, recusar propagandas e extratos impressos e optar por serviços eletrônicos de bancos, governos e empresas, evitando ter que se deslocar. Quando possível, trabalhe de casa.

ELEIÇÕES 2022

Governos também são fundamentais no combate ao efeito estufa. Em 2022, teremos eleições, e votar de forma consciente nunca foi tão importante para a vida na Terra. Escolha candidatos comprometidos com a sustentabilidade. Dê o primeiro passo e converse com amigos e família a respeito. Todos temos que rever nossos hábitos para evitar a tragédia planetária que nossas omissões construíram até aqui. Essa será uma bela promessa de Ano Novo e também uma herança valiosa para nossos filhos e netos.

*Autor do livro “Mudanças no clima, tudo o que você queria e não queria saber”, que pode ser baixado gratuitamente em PDF aqui.

Sérgio Margulis

Foi economista do meio ambiente do Banco Mundial em Washington por 22 anos, trabalhando com o tema em mais de 40 países. É matemático com doutorado em Economia Ambiental pelo Imperial College, de Londres, e desde 2005 estuda e trabalha com temas ligados ao aquecimento global. Exerceu diversos cargos federais e hoje é pesquisador sênior do Instituto Clima e Sociedade (iCS).

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