Olimpíada com prazo de validade

Aquecimento global ameaça jogos em 70 anos

Por Trajano de Moraes | ODS 13 • Publicada em 30 de agosto de 2016 - 08:01 • Atualizada em 31 de agosto de 2016 - 12:28

Os Jogos Olímpicos de Inverno, em Sochi, na Rússia, foram os mais quentes da história. Foto de Alexey Malgavko/RIA Novosti
Os Jogos Olímpicos de Inverno, em Sochi, na Rússia, foram os mais quentes da história. Foto de Alexey Malgavko/RIA Novosti
Os Jogos Olímpicos de Inverno, em Sochi, na Rússia, foram os mais quentes da história, com temperaturas de 20ºC. Foto de Alexey Malgavko/RIA Novosti

O site Think Progress acaba de juntar dois estudos recentes para mostrar como o aquecimento global ameaça o futuro dos Jogos Olímpicos. O primeiro foi publicado na revista científica britânica “The Lancet” e faz uma projeção para daqui a 70 anos. De acordo com os cálculos dos cientistas americanos e australianos envolvidos, somente oito cidades, fora da Europa Ocidental, terão condições climáticas de sediar as Olimpíadas de verão em 2085: São Francisco (EUA), Calgary e Vancouver (Canadá), São Petersburgo e Krasnoyark (Rússia), Riga (Lituânia), Bishek (Quirguistão) e Ulam Bator (Mongólia). Nenhuma na América Latina ou na África.

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Nem Tóquio, que receberá as Olimpíadas de verão, em 2020, nem Los Angeles, uma das candidatas a sediar as de 2024, teriam uma nova oportunidade por volta de 2085.

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As Olimpíadas de Inverno não terão melhor sorte, segundo trabalho de pesquisadores da Universidade de Waterloo (Canadá) e do Manegement Center Innsbruck (Áustria). Eles aplicaram um cenário de baixas emissões e outro de altas emissões de carbono para verificar como as 19 cidades que já sediaram os jogos de inverno se sairiam em 2080. No primeiro caso, só dez cidades estariam em condições de novamente receber as competições. No segundo, apenas seis.

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Aliás, o aquecimento global já se fez sentir nas duas últimas edições das Olimpíadas de Inverno. Em 2014, Sochi, na Rússia, realizou os jogos mais quentes da história, com temperaturas de 20 graus centígrados. Em 2010, em Vancouver, os organizadores tiveram de trazer neve de helicóptero e transferi-la depois para caminhões para jogá-la nas pistas e manter a competição em andamento.

Os resultados publicados no “Lancet” são preliminares – os estudos continuam -, e detalham o que acontecerá no Hemisfério Norte, onde se concentra quase 90% da população mundial. Nem Tóquio, que receberá as Olimpíadas de verão, em 2020, nem Los Angeles, uma das candidatas a sediar as de 2024, teriam uma nova oportunidade por volta de 2085.

Os cientistas usaram dados de temperatura e umidade de dois conhecidos modelos climáticos, que representam as estimativas máximas e mínimas de mudança futura do clima para calcular a temperatura de bulbo úmido (WBGT), na sombra, para cada cidade, em 2085. O resultado é que, para a categoria de mais baixo risco, somente oito (1,5%) das 543 cidades fora da Europa Ocidental pesquisadas teriam condições para sediar os jogos de verão como os conhecemos hoje. Na outra categoria, de maior risco de alteração climática, apenas 33 (6,1%) outras cidades seriam viáveis. No total, 41, ou 7,6%.

O padrão é diferente, contudo, para a Europa Ocidental, onde 25 (24,5%) de 102 cidades se qualificariam no padrão de risco mais estrito e 49 (48%) na de risco mais elevado.

Nesse futuro nem tão distante, os jogos teriam de ser muito diferentes dos que hoje conhecemos fora das cidades que permaneceriam viáveis. É possível pensar em arenas com temperaturas controladas para permitir a melhor performance dos atletas. Mas como realizar uma maratona, por exemplo, em circuito fechado?

Trajano de Moraes

Jornalista com longas passagens por Jornal do Brasil, na década de 1970, e O Globo (1987 a 2014), sempre tratando de temas de Política Internacional e/ou Economia. Estava posto em sossego quando foi irresistivelmente atraído pelos encantos do #Colabora. E resolveu sair da toca.

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