Pouco informativos, confusos, com letras minúsculas e escondidas. Assim são, hoje, os rótulos de produtos industrializados no Brasil. A boa notícia é que essa história está prestes a mudar: falta pouco para entrar em vigor a norma que obriga as indústrias alimentares a modificar os rótulos de alimentos e bebidas. No ano passado, em reunião histórica realizada em sua sede, a Anvisa aprovou, por unanimidade, a proposta de regulamentação da rotulagem de alergênicos. A mudança ocorreu por pressão da sociedade e, principalmente, depois do surgimento da campanha #poenorotulo, criada por famílias de alérgicos alimentares. Nesta reta final, o movimento acompanha de perto as mudanças, que devem estar em vigor daqui a cinco meses, no começo de julho.
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Os casos de reações por causa de rótulos são intermináveis: há crianças que já reagiram seriamente com um aparentemente inofensivo pirulito de laranja (os ingredientes ficam descritos justamente onde a embalagem está enrolada).
[/g1_quote]Além das letras pequenas nos rótulos, o consumidor precisa ler cada um dos ingredientes para ter certeza de que não há, ali no meio, algo que cause alergia. Uma pessoa menos informada ou mais desatenta pode deixar passar ingredientes que causam risco à sua saúde – o que poderia ser evitado se houvesse um destaque em negrito dos alérgenos presentes, como já acontece em outros países (aqui no Brasil, só ocorre com o glúten). Estudos da Unidade de Alergia e Imunologia do Instituto da Criança do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HC-FMUSP) mostraram que 39,5% das reações alérgicas foram relacionadas a erros na leitura de rótulos dos produtos.
– Passei por duas situações de susto. A primeira quando Giovani (hoje com 6 anos), alérgico a proteínas do leite, tinha 3 anos. Ele comeu aqueles nuggets industrializados, congelados, e passou muito mal. Eu havia ligado antes para o SAC da empresa e haviam informado que nada ali continha nem leite nem traços, mas voltaram atrás depois que liguei relatando a reação: o produto era processado em maquinário que processava produto com leite. Naquela época eu ainda confiava em SACs e dei os tais nuggets. A reação foi imediata, com tosse e vômito. A segunda situação foi com chocolate sem leite, em que também liguei para o SAC antes. Reação novamente imediata, com tosse e broncoespasmo. A empresa recolheu o produto e nunca me deu o retorno – conta a engenheira química Rubiane Marques, de 36 anos, que naquela época morava em Telêmaco Borba, no Paraná.
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Veja o que já enviamosOs casos de reações por causa de rótulos são intermináveis: há crianças que já reagiram seriamente com um aparentemente inofensivo pirulito de laranja (os ingredientes ficam descritos justamente onde a embalagem está enrolada). Ou seja, era preciso mudar a estratégia na busca pela informação. Fazer barulho, parar de ficar dependente de ligações incertas para estes serviços. Cansadas dessa situação absurda, em fevereiro de 2014 um grupo de mães espalhadas pelo Brasil criou o #poenorotulo, com matérias na imprensa, participação de artistas e 110 mil curtidas no Facebook.
Conquistar tanto apoio não foi fácil, principalmente porque alergia alimentar é um assunto que só chama nossa atenção quando acontece por perto. E ele bateu à minha porta em 2009, quando Mateus nasceu. Meu filho é alérgico a proteínas de leite de vaca e, caso coma algum derivado de leite, em minutos tem reação anafilática grave, o corpo produz urticária e, dependendo do quadro, pode ter que tomar injeção de adrenalina. Passei a ser uma pesquisadora de rótulos de produtos industrializados – de molho de tomate a salame, de atum entalado a cacau em pó. E foi com a alergia dele que percebi como essa situação é surreal. Todas estas embalagens têm muito espaço para desenhos, imagens e marcas, mas quase nenhum para as informações sobre a presença (ou não) de alimentos alergênicos. Foi assim que, através das redes sociais, encontrei a “minha turma”: várias famílias – em sua maioria mães – que passavam pela mesma questão. No Brasil, cerca de 8% das crianças (aproximadamente 5 milhões) e 3% dos adultos têm este problema alimentar e vivem reféns de rótulos com pouca ou nenhuma informação.
– Algumas empresas compreenderam a relevância do assunto e estão se antecipando ao prazo, dando uma bela lição de responsabilidade social e respeito ao consumidor. A expectativa da coordenação da campanha – e de todas as famílias que convivem com alergia alimentar – é a de que, até julho, todos os rótulos de alimentos possam estampar de maneira clara, legível e padronizada informações sobre alergênicos. É uma questão que vai além da empatia: informação é direito do consumidor e dever da indústria nos termos da legislação brasileira – ressalta a advogada Cecilia Cury, que me convidou para entrar nesta luta.
Esperamos que em julho, enfim, possamos desejar feliz ano novo a estas famílias…
– Você sabia?
* Ligar para os SACs das empresas é sempre uma emoção: esse serviço não funciona nos fins de semana nem aceita ligações de celular.
* De modo geral não há unidade no atendimento ao consumidor: a cada dia da semana, uma informação – e completamente antagônica sobre a presença de alergênicos – é passada para quem liga.
Gente que faz o Brasil
As Indústrias de alimentos utilizam vários elementos químicos nos produtos alimentícios. Precisamos saber precisamente se existe algum desses elementos artificiais quais os mais nocivos e os menos nocivos, principalmente com relação ao tempo de consumo que o produto é consumido.
Um elemento químico utilizado no guaraná torna perigoso um lanche com o guaraná com outro alimento que contenha vitamina “C”.
O leite com formol para conservar o produto por vários meses, não é indicado na embalagem. Sabemos que o leite natural é impossível durar tanto tempo, mesmo congelado.
A Indústria química oferece muitos riscos para a saúde humana.
Obrigado pela atenção.
Parabéns pela iniciativa e a consciente luta.