Petrópolis: recordes de mortes e outros números trágicos

Voluntários retiram corpo de vítima do temporal em Petrópolis: número recorde de mortes marca maior catástrofe climática da Cidade Imperial (Foto: Carl de Souza / AFP)

Vítimas fatais do temporal na Cidade Imperial ultrapassam os 134 registrados em 1988; números mostram tragédias e perigos no município

Por Oscar Valporto | ODS 11ODS 13 • Publicada em 19 de fevereiro de 2022 - 10:59 • Atualizada em 1 de dezembro de 2023 - 18:26

Voluntários retiram corpo de vítima do temporal em Petrópolis: número recorde de mortes marca maior catástrofe climática da Cidade Imperial (Foto: Carl de Souza / AFP)

Na mesma sexta-feira (18/02) em que o presidente Jair Bolsonaro visitou Petrópolis para ver os estragos de perto e anunciar as medidas de praxe, o número oficial de vítimas fatais chegou a 136, tornando a tempestade de terça (15/02) a maior catástrofe climática dos 178 anos da Cidade Imperial, superando o número de mortes da enchente de 1988. A marca macabra de 2022 ainda vai subir, infelizmente, porque as contas oficiais registravam, também no final da sexta-feira, 213 desaparecidos. Os números superlativos relacionados a eventos climáticos extremos fazem parte desta e de outras tragédias no município, fundado por decreto imperial de Pedro II.

Capa do Diário de Petrópolis em fevereiro de 1988: número de mortos chegou a 134, número superado agora pela tragédia de 2022 (Reprodução)
Capa do Diário de Petrópolis em fevereiro de 1988: número de mortos chegou a 134, número superado agora pela tragédia de 2022 (Reprodução)

134 mortos foi a conta oficial da tragédia das chuvas em 1988. A chuva atingiu o centro de Petrópolis, com mais intensidade nos bairros do Bingen e Quitandinha, e as regiões de Araras e Correias. Naquele 5 de fevereiro, as consequências da tempestade matinal, que provocou inundações e, pelo menos, 20 deslizamentos, foram agravadas por um segundo temporal no fim da tarde. A cidade registrou quase 200 feridos e mais de mil desabrigados. Chuvas igualmente intensas nos verões atingiram Petrópolis em 2001 (67 mortes) e 2002 (50 óbitos)

918 mortes é o número oficial da maior catástrofe climática do país, que ocorreu exatamente na Região Serrana do Rio, onde está Petrópolis, em 2011. Naquela madrugada de 12 de fevereiro, a chuva atingiu principalmente os distritos de Pedro do Rio e Itaipava: a Cidade Imperial registrou 71 mortos, menos do que Nova Friburgo (429) e Teresópolis (392)

Bombeiros e voluntários buscam por soterrados no alto do Morro das Oficinas: Defesa Civil registrou 269 deslizamentos de terra durante o temporal (Foto: Rogério Santana/Governo RJ)

259 milímetros de chuva em seis horas foram registrados pelo Cemaden (Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais) em Petrópolis. Para comparação, a precipitação média de todo o mês de fevereiro é de 240mm

Bombeiros trabalham em operação de resgate em Petrópolis: centro da cidade, atingido pela tempestade, tem 15 mil pessoas morando em áreas de risco (Foto: Carl de Souza / AFP)

234 locais na Cidade Imperial foram considerados de risco alto ou muito alto para deslizamentos, enchentes e inundações (18% do território), pelo Plano Municipal de Redução de Riscos (PMRR), elaborado em 2017

27 mil famílias moravam nessas áreas de risco também de acordo com o PMRR: 15 mil apenas no 1º Distrito (Centro). Entres os locais de risco, estavam áreas dos morros do Alto da Independência e das Oficinas, ambos atingidos pelos deslizamentos de terça-feira e onde equipes de resgate seguem na busca por soterrados

Bombeiros em meio a casas destruídas em morro de Petrópolis: ocupação desordenada das encostas com crescimento da população (Foto: Rogério Santana / Governo RJ)

269 deslizamentos de terra foram registrados pela Defesa Civil de Petrópolis no temporal de 15 de fevereiro de 2022: o município calcula que entre 80 e 100 residências tenham sido inteiramente destruídas.

72,5% foi o crescimento da população de Petrópolis entre 1970 (178 mil, números do Censo) e 2021 (307 mil, cálculo do IBGE); a ocupação desordenada das encostas foi acelerada a partir da segunda metade da década de 70

Oscar Valporto

Oscar Valporto é carioca e jornalista – carioca de mar e bar, de samba e futebol; jornalista, desde 1981, no Jornal do Brasil, O Globo, O Dia, no Governo do Rio, no Viva Rio, no Comitê Olímpico Brasileiro. Voltou ao Rio, em 2016, após oito anos no Correio* (Salvador, Bahia), onde foi editor executivo e editor-chefe. Contribui com o #Colabora desde sua fundação e, desde 2019, é um dos editores do site onde também pública as crônicas #RioéRua, sobre suas andanças pela cidade

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