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Paris 2024: 10 iniciativas para tornar os Jogos Olímpicos mais sustentáveis
A Vila Olímpica de Paris 2024 com os painéis solares no alto dos prédios: apostas para fazer os Jogos mais sustentáveis da história recente (Foto: Divulgação / Paris 2024)
Organizadores apostam em transporte público, energia renovável, poucas construções, materiais especiais, reuso e reciclagem para cortar emissões de carbono pela metade
Por
Oscar Valporto
| ODS 11
• Publicada em 24 de julho de 2024 - 09:21
• Atualizada em 6 de agosto de 2024 - 10:05
A Vila Olímpica de Paris 2024 com os painéis solares no alto dos prédios: apostas para fazer os Jogos mais sustentáveis da história recente (Foto: Divulgação / Paris 2024)
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O mergulho da prefeita Anne Hidalgo no Rio Sena para mostrar que as águas estão livres da poluição foi a cena mais midiática da ambição francesa de tornar os Jogos Olímpicos de Paris 2024 os mais sustentáveis – ou verdes, como costuma citar o presidente francês Emmanuel Macron – da história. Paris 2024 estabeleceu como meta reduzir para metade a pegada de carbono dos Jogos Olímpicos, em comparação com a média de Londres 2012 e Rio 2016 (as competições de Tóquio 2020, disputadas em 2021, não tiveram espectadores). Para isso, foram realizadas iniciativas para reduzir as emissões na preparação e na disputa dos Jogos Olímpicos como também para compensar as inevitáveis emissões em um evento com 10.500 atletas e que pode atrair à França mais de 15 milhões de pessoas, de acordo com as estimativas do governo.
Às vésperas da abertura dos Jogos Olímpicos, o #Colabora fez uma lista de 10 lances de Paris 2024 que podem levar o evento ao pódio da sustentabilidade.
1. Poucas construções – A fim de limitar as emissões de carbono associadas à construção de novas arenas esportivas, 95% da infraestrutura a ser utilizada nos Jogos de Paris 2024 já existe ou é temporária. Teremos competições equestres no Palácio de Versalhes e tênis e competições de luta em Roland Garros; as partidas de basquete, vôlei e futebol serão em ginásios já conhecidos. As estruturas temporárias – que incluem uma arena de vôlei de praia aos pés da Torre Eiffel – estão sendo erguidas com material reciclável ou reusável.
2. Construções de baixo carbono – Esquadrias de madeira, concreto de baixo carbono e materiais reciclados em particular foram usados na construção da Vila Olímpica; de acordo com os organizadores, houve uma redução de 47% no impacto do carbono em comparação com projetos de construção convencionais. Concebidos para se adaptarem às mudanças de temperatura, a maioria dos edifícios da Vila Olímpica terão um sistema de refrigeração à base de água e de aquecimento a partir de uma rede geotérmica. Os 40 blocos de apartamentos não têm aparelhos de ar condicionado instalados: os responsáveis garantem que, com os materiais usados e os espaços verdes nos próprios prédios e nas áreas comuns, a temperatura nos apartamentos estará cinco graus a menos do que do lado de fora (algumas delegações estão providenciando aparelhos portáteis por temor do calor do verão parisiense). Após os Jogos, o complexo de edifícios se tornará um bairro para 6 mil moradores, alimentado por energia solar e geotérmica. Também é alimentado por energia fotovoltaica a única arena construída para os Jogos de Paris 2024: o Centro Aquático terá energia fornecida por 4.680 metros quadrados de painéis solares instalados no telhado. Madeira e concreto de baixo carbono foram usados também na construção, todos os assentos são feitos de resíduos plásticos reciclados.
3. Energia limpa – A maior parte da energia para os Jogos Olímpicos de Paris 2024 será proveniente de fontes renováveis, como energia eólica e solar. Todas as instalações olímpicas estão conectadas à rede elétrica, para limitar o uso de geradores a diesel que normalmente são utilizados nesses eventos. Nas instalações permanentes, as novas fontes renováveis vão beneficiar os eventos após a Olimpíada, reduzindo a pegada de carbono. Com este modelo, os organizadores calculam que as emissões de carbono relacionadas com à energia do Paris 2024 terão redução de 80% em comparação com o modelo tradicional de eventos esportivos.
4. Alimentação natural, embalagens recicláveis – As principais medidas para reduzir pela metade o impacto de carbono dos 13 milhões de refeições e lanches que serão servidos durante os Jogos Olímpicos incluem a duplicação do uso de alimentos à base de plantas (plant-based food) e a redução pela metade da quantidade de plástico descartável em comparação com Londres 2012. Os organizadores de Paris 2024 têm ainda como meta reduzir o desperdício alimentar e recuperar 100% dos produtos não consumidos e reutilizar todos os equipamentos de catering. Outro compromisso de sustentabilidade é ter 80% dos produtos adquiridos localmente, em Paris, ou na França.
5. Transporte para espectadores – Todos os locais de competição podem ser alcançados através do transporte público; em Paris e na região metropolitana da capital francesa, o público também pode ir assistir às competições de bicicleta: são 415 quilômetros de ciclovias – 88km de novas rotas – e dezenas de estacionamentos para bicicletas. Um ano antes do início dos Jogos Olímpicos, Paris também começou a fechar estacionamentos para carros, muitos transformados em áreas verdes.
6. Mobilidade elétrica – Para atender às necessidades das famílias olímpica e paraolímpica (atletas, árbitros e dirigentes), Paris 2024 terá uma frota de mais de 2500 veículos elétricos leves, além de 500 carros, vans e ônibus movidos a hidrogênio. Na semana passada, 120 cientistas e pesquisadores assinaram uma carta aberta apelando aos organizadores dos Jogos Olímpicos de Paris 2024 para trocarem o Mirai, veículo a hidrogênio da Toyota, como veículo oficial (o que leva autoridades e convidados especiais) do evento – por um veículo elétrico da própria patrocinadora. Eles argumentam que, apesar de os carros movidos a hidrogénio emitirem zero carbono na sua circulação, 96% do hidrogênio mundial ainda provém de combustíveis fósseis. Mesmo com a frota eletrificada, os organizadores de Paris 2024 anunciaram que o número de veículos será reduzido em um terço em comparação com a média dos Jogos Olímpicos anteriores.
7. Equipamentos esportivos reutilizáveis – Cerca de 75% dos dois milhões de equipamentos esportivos serão alugados ou, então, fornecidos pelas federações organizadoras das modalidades. Mais de três quartos dos equipamentos eletrônicos para as competições – telas, computadores e impressoras – também são alugados. Pelo menos 70% dos equipamentos de informática utilizados em Paris 2024 também foram alugados e todos serão utilizados após os Jogos Olímpicos em outras finalidades.
8. Pódios sustentáveis – O palco das cerimônias de premiação foi produzido na França com plástico 100% reciclado e madeira plantada no próprio país. Concebido em módulos, os 68 pódios que serão usados pelos vencedores de medalhas nos Jogos Olímpicos e Paralímpicos foram feitos a partir de 18 toneladas de plástico e com madeira inteiramente francesa. No total, foram fabricados 685 módulos, que poderão ser mais compridos (para abrigar equipes como as de futebol) ou mais curtos para os campeões de provas individuais.
9. Florestas, energia renovável e água limpa – Para compensar as emissões inevitáveis, Paris 2024 está financiando quatro ações florestais na França – plantação de uma nova floresta na região metropolitana, e três projetos para repovoar florestas degradadas em Montmorency, Vosges e Aisne – e outras nove ações no exterior: projetos contra o desmatamento e de proteção a florestas na Guatemala e no Quênia; abertura de parques solares no Senegal (20 MW) e no Vietnam (50 MW); e a instalação de milhares de sistemas de acesso mais fácil à água e de sistemas de cozimento mais limpo na Nigéria, na República Democrática do Congo, no Quénia e em Ruanda.
10. E a despoluição do Rio Sena (que não é pouca coisa) – O projeto custou 1,4 bilhão de euros e obra principal para a limpeza do rio que atravessa Paris foi a construção do Bassin D’Austerlitz, um gigantesco tanque (50 metros de largura e 30 metros de profundidade) pode armazenar cerca de 50 milhões de litros de água — equivalente a 20 piscinas olímpicas – que vai armazenar água da chuva e e evitar que o Sena receba despejo de esgoto. O sistema parisiense de saneamento, com mais de dois séculos, escoava águas residuais domésticas e água pluviais para os mesmos túneis subterrâneos antes de encaminhá-las às estações de tratamento. Sempre que chovia muito, água não tratada poluía o rio. Com a obra, as autoridades acreditam que o grande público possa mergulhar no Sena a partir de 2025 – como farão os atletas da maratona aquática e do triatlo nos Jogos Olímpicos de Paris 2024.
Oscar Valporto é carioca e jornalista – carioca de mar e bar, de samba e futebol; jornalista, desde 1981, no Jornal do Brasil, O Globo, O Dia, no Governo do Rio, no Viva Rio, no Comitê Olímpico Brasileiro. Voltou ao Rio, em 2016, após oito anos no Correio* (Salvador, Bahia), onde foi editor executivo e editor-chefe. Contribui com o #Colabora desde sua fundação e, desde 2019, é um dos editores do site onde também pública as crônicas #RioéRua, sobre suas andanças pela cidade
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