Lixo zero, um guia rápido e prático

Tentando aderir à filosofia zero waste? Blogueira ensina o passo a passo

Por Bibiana Maia | LixoODS 14 • Publicada em 2 de junho de 2017 - 17:19 • Atualizada em 2 de junho de 2018 - 22:53

Comprar a granel e levar os próprios potes: lixo zero (Foto Caroline Seidel /dpa/AFP
Comprar a granel e levar os próprios potes: lixo zero (Foto Caroline Seidel /dpa/AFP
Comprar a granel e levar os próprios potes: lixo zero (Foto Caroline Seidel /dpa/AFP

Você já parou para pensar na quantidade de lixo que produz em um dia, uma semana ou um mês? Parece muita coisa, certo? Mas saiba que boa parte dos resíduos não são necessariamente lixo. “Quando esvaziamos uma garrafa de bebida, ela não se torna lixo, ainda é garrafa, uma embalagem. Passa a ser lixo quando é emporcalhada, colocada num saco com macarrão, por exemplo, o que muitas vezes inviabiliza o tratamento. A lei brasileira diz que  há três tipos de resíduos: orgânicos, recicláveis e rejeitos, que são o lixo. Se não misturarmos tudo, a garrafa não é lixo”, ensina Rodrigo Sabatini, diretor do Instituto Lixo Zero Brasil.

Embalagens só viram lixo se não forem descartadas corretamente (Foto AFP /
GARO/PHANIE)

A realidade no Brasil, infelizmente, está muito longe da filosofia lixo zero, que depende de a maior parte dos resíduos ser enviada para  compostagem, reuso e reciclagem. Aqui, mais da metade dos resíduos (58,7%) segue para aterros sanitários, segundo relatório da Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública, divulgado no ano passado.

Algumas cidades pelo mundo já aplicam o conceito de lixo zero como meta, como São Francisco, nos Estados Unidos, onde 82% do lixo vai para reciclagem ou compostagem. No Japão, Kamikatsu já atingiu níveis de 90%. Na Itália, mais de 200 cidades assumiram o compromisso. No Brasil, Rodrigo diz que Florianópolis é uma das mais avançadas. Lá supermercados, universidades e outros estabelecimentos já entenderam a importância da filosofia e ajudam a pressionar o governo. 

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Ok, mas como colocar em prática?

A meta deve ser encaminhar os resíduos e não, simplesmente, descartá-los. É o que faz a estudante de Biologia Marinha Sânida de Souza Oliveira, de 32 anos. A inspiração dela nasceu em 2005, quando assistiu a uma reportagem sobre uma americana que produziu, durante dois anos, resíduos que cabiam em um pote. 

“Eu achei maravilhoso, mas pensei que seria utopia. Só depois, na faculdade, que passei a estudar a questão do lixo e do microplástico, e as imagens de animais marinhos, como tartarugas e tubarões, que morrem por causa disso, me deixaram chocada, então resolvi mudar”, conta ela, que busca não produzir  lixo há um ano: “É um passo de cada vez. Se evitar copo descartável, já é algo”.

Sânida separa todo o lixo e entrega o reciclável num ecoponto perto de casa. O orgânico passa pela composteira e vira adubo para a hortinha vertical, que tem pimenta, alecrim, manjericão, e até tomate, couve e alface. A estudante gasta menos dinheiro, porque além disso faz produtos caseiros para higiene e limpeza. E ela te ensina a fazer o mesmo:

Mude a gestão de seu próprio lixo

  • Separe o lixo em três partes: reciclável, orgânicos que vão para a compostagem, e orgânicos que precisam ir para o aterro sanitário.
  • Está em dúvida sobre o que não é reciclável? A Comlurb explica em uma cartilha.
  • Não sabe o que vai para a compostagem e para o aterro? A Recicloteca ensina.
  • Lave o material reciclável e coloque em um saco plástico transparente ou translúcido (azul e verde). Não é preciso tirar tampas ou rótulos.
  • Cheque se a empresa responsável pela coleta de resíduos da sua cidade faz coleta seletiva. Caso não exista na sua região, busque por cooperativas e ecopontos nos sites do Cempre, na Rota da Reciclagem ou no E-Cycle.
  • A compostagem pode ser realizada em casas e apartamentos. É possível comprar a partir de R$ 190 ou construir a sua.
  • Existem também composteiras coletivas em praças e parques. Procure a associação do seu bairro para saber se há alguma perto de você.
Levar suas próprias embalagens para fazer compras é um dos passos para o lixo zero

Diminua a geração de resíduos

  • Carregue com você um kit com garfo, faca e colher, além de um copo retrátil para não usar descartáveis na rua. Caso use, leve para casa.
  • Use ecobags ao fazer compras.
  • Prefira produtos que venham em embalagens de vidro, em vez de plástico e isopor, ou sem embalagem.
  • Compre em feiras e a granel. 
  • Na hora da compra, armazene alimentos comprados na feira e a granel em sacos de tule ou papel, em vez de plástico.
  • Use esponja vegetal.
  • No lugar do absorvente prefira o coletor menstrual
  • Use ducha em lugar de papel higiênico

Adote receitas caseiras para limpeza e higiene pessoal

  • Bicarbonato de sódio e a mesma proporção de vinagre é uma mistura que vale tanto para lavar o cabelo como limpar a casa
  • Misture óleo de coco com bicarbonato de sódio para substituir o desodorante
  • Use sabão de coco em barra para lavar a louça
  • Para lavar as roupas, combine 100g de sabão de coco ralado e triturado no liquidificador com 100g de bicarbonato de sódio

Quem quiser aprender mais dicas de como fazer mudanças na rotina é só acompanhar o Instagram da Sânida ou participar do grupo Um ano sem lixo.

Bibiana Maia

Jornalista formada pela PUC-Rio com MBA em Gestão de Negócios Sustentáveis pela UFF. Trabalhou no Fundo Brasileiro para a Biodiversidade (Funbio) e nos jornais O Globo, Extra e Expresso. Atualmente é freelancer e colabora com reportagens para jornais e sites.

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4 comentários “Lixo zero, um guia rápido e prático

  1. Jaqueline disse:

    Bom dia! Sou Jaqueline e perguntei em mercados e padarias de minha cidade, se podia levar minha embalagem de casa, para as compras que fizesse de pão, chimia, grãos. A resposta em ambos os estabelecimentos foi que se a fiscalização batesse, levariam uma multa por não fornecerem embalagem determinada pelas normas do governo para o cliente. Então, escrevi a algumas empresas, como a Nestlê, perguntando se poderiam recolher seus potes. A nestlê elogiou minha proposta mas disse que não tinham nenhum programa nesse sentido. Então, deveria descartar no lixo seletivo. A empresa Dillin, que vende chimias caseiras e, as condiciona em vidros, nem resposta me deu quando escrevi perguntando se tem como recolheres seus potes.

  2. Tomás Guisasola Gorham disse:

    As recomendações são boas, mas eu acrescentaria dois detalhes relacionados à água:

    1. usar água “suja” ao invés de água limpa para limpar as embalagens; deixe a embalagem na pia e use a água que sobra (depois de lavar as mãos ou qualquer outra coisa) para ir lavando a embalagem.

    2. eu reciclo o papel higiênico: uso cestinhas de papel de jornal no lugar do saco plástico nas lixeiras dos banheiros e depois enterro a cestinha com o papel usado (as meninas da casa já estão se acostumando a jogar absorventes na outra lixeira), depois de duas semanas não dá para diferenciar da terra.

  3. Pingback: O Tinder da reciclagem – Bem Blogado

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