A decisão do fundador do Facebook, Mark Zuckerberg, e de sua mulher, a médica Priscilla Chan, de doar 99% de suas ações na empresa, o equivalente hoje a US$ 45 bilhões, os coloca no topo entre os maiores filantropos do mundo. A ação remete ao compromisso feito por Warren Buffett, em 2006, de doar ações da Berkshire Hathaway, então avaliadas em US$ 43,6 bilhões. De acordo com o ranking do site The Chronicle of Philanthropy, os 50 maiores filantropos dos Estados Unidos doam, por ano, U$S 10, 2 bilhões. Em 2014, o casal não aparecia na lista dos dez primeiros, mas a encabeçava em 2013, com US$ 992,2 milhões.
O casal já havia assinado o Giving Pledge, um compromisso criado por Bill Gates e a mulher dele, Melinda, em que empresários bilionários fazem a promessa de doar mais de 50% de suas fortunas, em vida ou por testamento, para a filantropia. Zuckerberg e Chan são alguns dos mais jovens a terem assinado o compromisso. O Brasil entrou na lista recentemente com Elie e Susy Horn, donos da Cyrela, apesar de haver 54 brasileiros bilionários, segundo a última lista da Forbes.
Embora o extermínio da fome ou da miséria no mundo não seja o principal destino das doações do ranking do The Chronicle, uma boa medida para os valores é a estimativa da ONU de que para acabar com a pobreza em países em desenvolvimento seria necessário investir entre US$ 3,3 trilhões e US$ 4,5 trilhões ao ano, quantias muito superiores aos cerca de US$ 1,4 trilhões atualmente dedicados a esse fim.
Doações em vida
Assim como Buffet, a doação de Zuckerberg e Chan será feita em etapas. “Entregaremos 99% de nossas ações do Facebook, que valem atualmente 45 bilhões de dólares, durante o curso de nossas vidas para nos unirmos aos outros na luta para melhorar este mundo para as próximas gerações”, ele escreveu, no Facebook.
Para tal, foi criada a empresa Chan Zuckerberg Initiative, que doará dinheiro para organizações sem fins lucrativos, direitos humanos e fará investimentos cujos lucros serão usados para financiar o trabalho, informou o último relatório do Facebook, publicado em 1 de dezembro, no US Securities an Exchanche Comission. Segundo o The Chronicle, ao abrir a empresa, Zuckerberg vai reter o controle sobre 4 milhões de shares de ações Classe A e 419 shares de ações Classe B. Ele não venderá ou abrirá mão de mais de US$ 1 bilhão em ações do Facebook por ano nos próximos três anos, ainda de acordo com o relatório.
O anúncio da megadoação foi feito juntamente com o nascimento da filha do casal. O empresário publicou em sua página na rede a “Carta a nossa filha Max“. “Agora que você inicia a próxima geração da família Chan Zuckerberg, nós também iniciamos a Chan Zuckerberg Initiative para nos unirmos a outras pessoas no mundo que trabalham para promover a igualdade para todas as crianças das próximas gerações”, ele escreve em um trecho. “Seguirei sendo presidente do Facebook por muitos e muitos anos, mas estes temas são muito importantes para serem deixados para depois”, ele continua. A carta indica que as causas mais caras ao casal são pesquisas médicas para prevenir doenças, apoio ao empreendedorismo, aumentar o acesso à educação e empoderar as pessoas a usarem seus talentos e melhorarem a sociedade.
Ainda segundo o The Chronicle, os empresários da área de tecnologia são os que mais doam nos Estados Unidos, inclusive quando ainda estão construindo seus negócios. O maior exemplo é Bill Gates e sua mulher, Melinda, que encabeçaram o ranking de doadores em 2014 e em vários outros anos. O trabalho deles é feito por meio da Bill & Melinda Gates Foundation. Ainda segundo outro ranking, feito pela Business Insider, em parceria com a consultoria Wealth-X, Bill seria o homem que mais doou sua fortuna para caridade, com um total de US$ 27 bilhões.
Na COP21, Gates anuncia a Missão Inovação
Nesta segunda-feira, na abertura da COP21, Gates apresentou, com os presidentes Barack Obama e François Hollande, a Missão inovação. O projeto, que reúne 20 países, incluindo Brasil, Arábia Saudita, Índia, China, Indonésia, México e Chile, tem como objetivo duplicar os investimentos em tecnologias limpas nos próximos cinco anos.
“O Missão Inovação responde à urgência da mudança climática, à oportunidade que representa a inovação tecnológica, e ao imperativo internacional de enfrentar esse problema de forma mundial”, explicou a Casa Branca em comunicado.
Gates lidera a parte privada do projeto, que também conta com a participação de Zuckerberg, George Soros, totalizando 28 líderes de multinacionais.
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Veja o que já enviamos*Com AFP