Tinta orgânica: mantenha ao alcance das crianças

Jovens designers cariocas criam produto só com ingredientes vegetais, para colorir e se lambuzar, sem riscos para a saúde e o meio ambiente

Por Telma Alvarenga | Economia VerdeODS 15 • Publicada em 8 de dezembro de 2017 - 06:00 • Atualizada em 13 de dezembro de 2017 - 12:01

Tinta para colorir e se lambuzar: ingredientes vegetais. Foto: Divulgação
Tinta para colorir e se lambuzar, sem medo: feita com ingredientes vegetais . Foto: Divulgação

Uma tinta que as crianças podem passar na pele, se lambuzar e até experimentar (só um pouquinho!), para ver que gosto tem… já imaginou? Ela existe. Feita de ingredientes vegetais, como beterraba, cacau, açafrão, além de atóxica ela ainda é produzida sem causar danos ao meio ambiente, pois não são utilizados produtos químicos, como acontece no processo de tradicional de fabricação. Batizada de Mancha, a tinta 100% orgânica foi idealizada por três jovens designers cariocas, sócios da Zebu , Mídias Sustentáveis.  “Já são sete anos de pesquisas sobre corantes e pigmentos vegetais”, conta Pedro Ivo Chagas Costa, um dos sócios da startup, abrigada na incubadora de empresas da Coppe/UFRJ. Por enquanto, o produto só foi usado experimentalmente, em projetos da Zebu e em oficinas especiais para a garotada. Mas a empresa se prepara para dar um grande passo rumo à comercialização.

[g1_quote author_name=”Pedro Ivo Chagas Costa” author_description=”Designer, um dos idealizadores da Mancha” author_description_format=”%link%” align=”left” size=”s” style=”simple” template=”01″]

Podemos garantir que a tinta não tem nenhum componente que não seja de origem vegetal. Portanto, pode ficar sobre a pele e até ser ingerida em, pequena quantidade, sem qualquer preocupação

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Para viabilizar testes laboratoriais e expandir os negócios, foi lançada uma campanha de financiamento coletivo, que vai até o próximo dia 9 (sábado, à meia-noite). “Queremos fazer os testes de laboratório para comprovar todos os benefícios e possibilidades das tintas. Hoje, podemos garantir que ela não tem nenhum componente que não seja de origem vegetal. Portanto, pode ficar sobre a pele e até ser ingerida em, pequena quantidade, sem qualquer preocupação”, diz Pedro Ivo.

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Veja o que já enviamos

Daí, o alerta da campanha: “Mantenha ao alcance das crianças”. Os aglutinantes e conservantes também são de origem vegetal, Por isso, as tintas devem ser guardadas na geladeira, após abertas. “Funciona como uma geleia, e temos que seguir o conselho da vovó de não colocar o dedo nem a colher dentro do pote, após leva-la à boca, para não azedar”.

Campanha da Mancha: crowdfunding para viabilizar testes laboratoriais

O que os idealizadores da mancha querem é que o produto também seja um instrumento de educação, para ensinar, brincando, conceitos de preservação ambiental. “A Mancha se destaca pelo resgate de técnicas que são dos nossos ancestrais, em forma de produtos que trazem conhecimento para crianças, de 0 a 100 anos. É um meio de repensarmos nossas relações com os produtos que consumimos, produzidos industrialmente, e de mostrar como eles podem ser feitos de forma menos nociva, tanto para o individuo quanto para o planeta”.

Apesar de ter como foco inicial o universo da educação infantil, a Mancha também pretende que suas tintas sejam utilizadas em outros setores, como os de  alimentos, cosméticos e têxtil. Os jovens designers usaram suas tintas, por exemplo, para colorir embalagens de uma edição especial do Brownie do Luiz, marca popular no Rio. Para uma marca de azeite, desenvolveram uma gôndola pintada com tinta à base de azeitona.

O primeiro kit está sendo disponibilizado, pela plataforma do crowdfunding (para os que contribuírem com R$ 120), nas cores amarela (do açafrão), vermelha (do urucum) e marrom (do cacau). “Em breve, conseguiremos fazer o verde, de erva mate,  e o roxo, da jussara”, conta Pedro. Se a meta – de R$ 50 mil – for batida, e eles puderem viabilizar os testes laboratoriais e aumentar a produção, a ideia é disponibilizar o produto em escolas e partir para vendas online, em feiras e lojas que trabalhem com o mesmo conceito de unir sustentabilidade e arte.  “Entendemos a Mancha com uma grande entidade colaborativa. Cada pessoa que entra em contato com as tintas, cada pessoa que espalha a ideia de um mundo mais colorido e menos poluído faz parte do projeto, diz Pedro Ivo. “Ou seja, tem muita gente envolvida. Até então, no crowdfunding, temos 220 manchadores de plantão”.

Telma Alvarenga

Jornalista formada pela PUC-Rio. Tem passagens pela revista Veja, Veja Rio, Jornal do Brasil, O Globo, Correio (BA) e Projeto #Colabora, desempenhando funções de editora, colunista e repórter. Professora no curso de Comunicação Social da Faculdade Social da Bahia em 2010, está finalizando seu mestrado no Programa de Pós-graduação em Literatura, Cultura e Contemporaneidade da PUC-Rio

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