Eternamente sustentável

Mais de 100 bilhões de humanos já passaram pela Terra e mesmo depois de mortos continuam impactando o planeta

Por José Eduardo Mendonça | Economia VerdeODS 14 • Publicada em 24 de abril de 2016 - 09:18 • Atualizada em 2 de setembro de 2017 - 15:43

A Spíritree é uma urna biodegradável que se transforma em memorial vivo na forma de uma árvore
A Spíritree é uma urna biodegradável que se transforma em memorial vivo na forma de uma árvore
A Spíritree é uma urna biodegradável que se transforma em memorial vivo na forma de uma árvore

Você que está aí lendo continua respirando, como outros cerca de 7.4 bilhões de seus companheiros na Terra. Mas dezenas de milhões deles irão morrer a cada ano. O Bureau de Referência de População estimou que 107 bilhões de humanos já andaram por aqui. Na verdade, para cada um de nós, hoje quinze outras pessoas se encontram a sete palmos. Como disso não se pode fugir, não podemos fazer nada.

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Duas toneladas de material, como madeira e cimento, são usadas para enterrar um corpo. Madeira, como se sabe, nem sempre de cultura renovável, e cimento cuja produção libera enorme quantidade de gases de efeito estufa na atmosfera. São necessários cerca de quatro litros de líquido de embalsamar para cada 25 quilos de peso. Multiplique tudo isto por milhões.

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Isto no que diz respeito à morte. Mas onde todos estes corpos vão parar, o que levam com eles e o que isto significa para a saúde do planeta? Alguns deles serão cremados, e muitos vão ser enterrados, junto com toneladas de aço, madeira e o fluído de embalsamar (formaldeído), que é tóxico (e encontrável, por exemplo, em cada peça de roupa nova que você tira da loja).

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Duas toneladas de material, como madeira e cimento, são usadas para enterrar um corpo. Madeira, como se sabe, nem sempre de cultura renovável, e cimento cuja produção libera enorme quantidade de gases de efeito estufa na atmosfera. São necessários cerca de quatro litros de líquido de embalsamar para cada 25 quilos de peso. Multiplique tudo isto por milhões.

Ser enterrado de forma tradicional é a forma que ainda impera em grande parte dos países do mundo, em um ritual que vem de muito tempo no passado, e, portanto, costume que não vai desaparecer de uma hora para outra. Mas escolher ser cremado também tem impactos, como a quantidade de energia necessária para fazer com que um corpo vire cinzas.

Com o tempo, todos estes materiais orgânicos e inorgânicos irão se decompor e penetrar na água sob o solo. Existem alternativas.

Parece mórbido falar de enterro “verde”, mas como se sabe o termo é usado quando se trata de opções para salvar a Terra e suas espécies. Por exemplo: as lápides podem ser de pedra ou madeira encontrada localmente, não precisa construir um túmulo e o líquido de embalsamar pode ser feito de plantas.

O empresário de Porto Rico José Vasquez criou a Spíritree, uma urna biodegradável que se transforma em memorial vivo na forma de uma árvore. A peça, de duas partes, é composta embaixo de uma concha orgânica e uma cobertura de cerâmica quimicamente inerte. Na parte de baixo dela ficam os restos cremados, dentro de uma concavidade. A parte superior protege as cinzas da dispersão.

Ao ser plantada com a Spíritree, a pequena planta se alimenta da concha e com o tempo a parte de cerâmica é quebrada por seu crescimento. Junta-se muita gente e teremos uma floresta de mortos.

Há outras maneiras. Você pode escolher ser jogado no mar, ou mesmo ir para o espaço, se for muito rico, encomendando um foguete recauchutado da SpaceX, do excêntrico biliardário americano Elon Musk, o mesmo gênio dono da Tesla, a primeira montadora do mundo exclusivamente de carros elétricos (da qual falarei aqui em breve).

José Eduardo Mendonça

Jornalista com passagens por publicações como Exame, Gazeta Mercantil, Folha de S. Paulo. Criador da revista Bizz e do suplemento Folha Informática. Foi pioneiro ao fazer, para o Jornal da Tarde, em 1976, uma série de reportagens sobre energia limpa. Nos últimos anos vem se dedicando aos temas ligados à sustentabilidade.

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