(Por Richard Brooks*) – Apesar de ainda não produzir o carro, a Faraday Future está fazendo furor com um modelo que alguns já chamam de “o matador de Tesla” – um carro elétrico cujo desenho futurista lembra o célebre Batmóvel. Não há dúvida de que o FFZero1 concept car (este é seu nome) atrai olhares como um ímã, como demonstrou em sua estreia no Consumer Electronics Show, em Las Vegas. Mas ele é apenas um entre uma série de novidades nessa área, como o Detroit Electric SP:01, o Fisker Force 1 ou o táxi londrino TX5.
O que eles têm em comum: motores parcial ou totalmente elétricos e investimento chinês.
[g1_quote author_description_format=”%link%” align=”left” size=”s” style=”simple” template=”01″]Mas, como o FFZero1 demonstra, há algo mais: a estratégia de queimar etapas faz com que as empresas chinesas explorem novas tecnologias para passar à frente das competidoras ocidentais em campos ainda em aberto.
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Veja o que já enviamosA China superou os EUA como maior produtor mundial de automóveis em 2009 e mantém a posição. Em 2015, alcançou vendas de 1,8 milhão de unidades, contra 1,4 milhão dos EUA. A explicação é a necessidade de abastecer seu formidável mercado interno. A indústria chinesa ainda tem problemas de qualidade e confiabilidade para concorrer no mercado externo. A saída tem sido usar seu poder financeiro para comprar marcas ocidentais conhecidas, que funcionam como fornecedoras de tecnologia. O exemplo mais óbvio é a compra da sueca Volvo pela Geely (global.geely.com). A compra parcial da Peugeot pela Donfeng segue a mesma lógica.
Mas, como o FFZero1 demonstra, há algo mais: a estratégia de queimar etapas faz com que as empresas chinesas explorem novas tecnologias para passar à frente das competidoras ocidentais em campos ainda em aberto.
O carro elétrico Denza, da BYD (BYD Autos’s Denza car), construído em colaboração com a alemã Daimler AG, compete em preço e desempenho com qualquer outro atualmente no mercado. Pegue um táxi em Bruxelas e, se o carro for elétrico, provavelmente será um Denza.
Isto se deve em parte ao contínuo esforço do governo de Pequim. Seu Plano de Desenvolvimento da Indústria de Veículos Econômicos Movidos a Energias Alterativas, de 2012, busca reduzir a dependência dos países do Oriente Médio, enfrentar o problema da poluição ambiental, fomentar o mercado interno e obter a liderança tecnológica.
Mas o investimento em supercarros elétricos é mais um produto de conexões globais e de empresários com a mente no futuro. Alan Lam, ex-diretor executivo da Lotus Cars, reviveu a marca Detroit Electric ao juntar acesso ao mercado e à tecnologia americana, design britânico e investimento chinês.
O bilionário investidor Jia Yueting quer desafiar a americana Tesla com seu prestigioso, e até agora apenas protótipo, carro esporte FFZero1, o Batmóvel. Sua Faraday Future traz o conhecimento americano em estocagem de energia, carros autônomos e conectividade, mas mira na China como um de seus mercados-chave.
Não é só o dinheiro chinês que estimula a onda de novas companhias e lançamento de modelos elétricos, mas a consciência dos benefícios que podem advir do aproveitamento de novas tecnologias, design, cadeias de suprimento e mercados-alvo. É esta combinação de novos atores e novas atitudes que estimula as novas iniciativas. A boa notícia é que, com as conexões adequadas, há oportunidades para todos.
*Richard Brooks é pesquisador do Centre for Business in Society, da Universidade de Coventry, Inglaterra.
Artigo original: https://theconversation.com/electric-batmobile-reveals-how-chinese-have-supercar-market-in-their-sights-52914
Tradução: Trajano de Moraes