Eles chegam para desconstruir o ambiente, desarrumar a cena e afetar pessoas que repetem, diariamente, o gesto, o passo, a rota de casa para o trabalho e do trabalho para a casa. Ei, você, que segue distraído, olhando o nada, que tal despertar para a Asa Branca, que sai do som da clarineta, tamborilar os dedos na pasta velha de guerra, acompanhando o Tico Tico no Fubá que ecoa de uma flauta de prata, admirar o rapaz jeitoso que ensaia a dança do passinho, o bailarino em sua pirueta ou se deixar levar pela voz alegre da moça que diz poesia?
Poesia numa hora dessas? O governador do Rio de Janeiro, Luiz Fernando Pezão, aprova. Ele sancionou lei liberando apresentações artísticas dentro do metrô, dos trens e das barcas. As concessionárias reprovam. Alegam questões de segurança e riscos operacionais. Como a lei ainda precisa ser regulamentada pela Secretaria de Transportes, a polêmica traz insegurança para os artistas, que volta e meia são postos pra fora das composições pelos seguranças das empresas. A população que vai e vem todos os dias não fica indiferente. A maioria apoia, aplaude, adora.