Quer dançar nas Olimpíadas?

Viaduto de Madureira reunirá voluntários que queiram participar da abertura dos Jogos

Por Claudio Nogueira | ODS 9 • Publicada em 2 de março de 2016 - 08:00 • Atualizada em 3 de março de 2016 - 11:05

Voluntários ensaiam num galpão no Centro do Rio para a cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos
Voluntários ensaiam para a cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos
Voluntários ensaiam para a cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos

Reduto dos bailes de charme e de partidas de basquete de rua, entre outras manifestações esportivas e culturais, o Viaduto de Madureira servirá de caminho para dançarinos que desejem participar como voluntários das cerimônias de abertura e encerramento dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos. No próximo sábado, dia 5 de março, a partir das 18h, sob o viaduto, a equipe de coreografia dos Jogos fará uma audição (série de testes) especial com quem já frequenta os bailes, para descobrir quem dança bem e pode se integrar ao elenco das cerimônias.

Este caça-talentos em Madureira, que deverá atrair jovens do subúrbio do Rio e da Baixada Fluminense, se insere dentro da filosofia dos organizadores das cerimônias. Ao todo, serão 12 mil pessoas, incluindo não só as que têm habilidade artística, mas também cidadãos comuns. Esse contingente será dividido entre os quatro eventos: abertura e encerramento dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos.

A participação nas audições, ensaios e, principalmente, o fato de atuar nas cerimônias dos Jogos têm feito muito feliz a família de Verônica Fonseca, que não é bailarina e trabalha com transporte escolar. Ela e os filhos, Matheus Fonseca, de 24 anos, e Gabriella Fonseca, de 16, vêm ensaiando há mais de quatro meses no Centro Integrado de Atenção à Pessoa com Deficiência Física (CIAD) Mestre Candeia, na Avenida Presidente Vargas, no Centro. Veronica tomou conhecimento das audições por meio de uma vizinha, Diana, que trabalha nos preparativos para as cerimônias.

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– Estamos muito animados, aguardando a convocação para ensaiar de novo, provavelmente em março – disse Veronica.

Indagada sobre o que vai representar para sua família dançar nas cerimônias dos Jogos, ela não escondeu a emoção.

– Estamos em êxtase, e só de falar sobre o assunto já fico arrepiada. Vai ser fantástico participar com meus filhos de um evento deste tamanho, em especial com o Matheus, que tem uma doença degenerativa, é cadeirante e tem um desfibrilador no peito. É a felicidade!

Já para a bailarina clássica Agatha Cordeiro, de 17 anos, que desde pequena cultivou os passos da dança, será ótimo estar junto com quem quer doar sua alegria ao megaevento mesmo sem jamais ter tido uma educação formal nessa área.

– Se as pessoas se apresentaram como voluntárias é porque estão dispostas a se divertir. Não tenho qualquer problema em dançar com quem não teve um contato direto e formal com a dança. É até algo muito positivo – declarou ela, que tomou conhecimento das audições no segundo semestre do ano passado, na academia que frequenta.

Por já ser bailarina, Agatha terá mais facilidade em aprender as coreografias a serem utilizadas nas apresentações. Porém, mais do que isso, a jovem acredita que vai viver uma experiência válida pelo resto da vida:

– É uma realização tomar parte de um evento tão importante, para que o Brasil mostre que tem bons profissionais e pode superar a crise. Será um marco para a nossa história.

Em depoimento ao site oficial, divulgado ainda em setembro, quando da convocação de voluntários para as audições, Deborah Colker, diretora de movimento das cerimônias, observara que a dança tem tudo a ver com a cultura brasileira.

– O Brasil é conhecido como um país que dança, de Norte a Sul, Leste a Oeste. Funk, forró, baião. É samba! A gente vai dançar tudo e de tudo – anunciava. – É a vontade de dançar, de transformar tudo em movimento. Adoro fazer movimento e preciso de 12 mil pessoas para produzir dança e movimento. A gente vai fazer o maior espetáculo da Terra que vai ser visto por bilhões e bilhões de pessoas. A gente vai criar algo muito especial no Brasil, no Rio de Janeiro, aqui, da gente, para a gente mostrar pro mundo, pro planeta, quem a gente é.

Neste sentido, segundo os profissionais que vem cuidando dos ensaios, mesmo que a pessoa jamais tenha feito dança, ela se tornará parte importante no evento, ao experimentar algo novo em sua vida e ao demonstrar sua alegria. Homens, mulheres, jovens, pessoas da terceira idade e portadores de deficiência vêm sendo convidados.

Num cenário de vários ritmos, haverá espaço também para patinadores e skatistas – que têm tido seus testes em separado – se misturarem aos dançarinos.

– Foi uma audição que abraçava todo mundo: quem sabia muito e quem estava aprendendo – afirmou a patinadora Luana Dantas ao site dos Jogos.

Também em vídeo exibido pelo site oficial, o voluntário Antônio Gabriel talvez tenha resumido bem o espírito festivo dessas apresentações:

– Vamos transformar as Olimpíadas num carnaval fora de época.

Claudio Nogueira

É jornalista, tendo iniciado carreira em 1986 no Globo, onde trabalhou até o começo de 2016. Desde março do mesmo ano, é produtor de reportagens do Sportv. Cobriu, entre outros eventos, quatro Olimpíadas, a Copa do Mundo-2014 e cinco Jogos Pan-Americanos. Como escritor, publicou, entre outras obras: “Futebol Brasil Memória”; “Dez Toques sobre Jornalismo”; “Vamos todos cantar de coração - os 100 anos do Futebol do Vascão”; e ”Esporte Paralímpico - Tornar possível o Impossível”

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