Sobre baratas e canos

Nos subterrâneos da política, entre a direita oligofrênica e a esquerda kamikaze

Por Leo Aversa | ODS 8 • Publicada em 5 de setembro de 2017 - 09:02 • Atualizada em 5 de setembro de 2017 - 13:47

Instalação do artista Hiwa K. na exposição “Quando estávamos exalando imagens” , em Kassel, na Alemanha. Foto Swen Pförtner
Instalação do artista Hiwa K. na exposição "Quando estávamos exalando imagens" , em Kassel, na Alemanha. Foto Swen Pförtner
Instalação do artista Hiwa K. na exposição “Quando estávamos exalando imagens” , em Kassel, na Alemanha. Foto Swen Pförtner

Em 2014 a classe média rachou na eleição: metade com Dilma, metade com Aécio. Em 2017, quando ficou provado que as duas metades estavam do lado errado, virou barata tonta. E basta uma leve folheada num livro de história para saber o que faz a barata quando fica tonta: vai procurar proteção no bueiro.

Se no bueiro a barata tonta for por um cano da direita, que criaturas pode encontrar?

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Enquanto a barata tonta fica entrando pelo cano, lá em cima, os da riqueza e os da pobreza continuam na mesma

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A direita oligofrênica, por exemplo, essa que sustenta Bolsonaro e cia e que aposta na raiva da classe média, especialmente do homem branco. Segundo as revistas e os jornais é ele que domina tudo, tem toda a riqueza, só vai na boa, só se dá bem. Então, se existem homens brancos que não estão nadando em dinheiro, isso é pura injustiça, culpa de alguém. Tiraram o que era seu direito divino. E isso, nem Deus e muito menos um governo decente podem permitir. E para onde foi o dinheiro dele? Para governos comunistas e bolivarianos que sustentam os vagabundos que não querem trabalhar, ajudam gente que vem de lugares estranhos e distantes e dão condições para que negros, gays e todas as outras minorias passem à sua frente nas oportunidades. Um absurdo, é óbvio. Aí o que acontece? O homem branco, classe média, fica com raiva e quer acabar com isso. Como? Votando num Bolsonaro da vida, que empurra a ideia de que voltarão os bons e velhos tempos, onde se amarrava cachorro com linguiça, havia ordem e progresso e as pessoas sabiam o seu lugar. E nesse mundo idílico de ontem era o homem branco sem dinheiro que dava as cartas? Não, mas quem vive de memória é museu.

E se a barata for para o cano da esquerda, pode dar de cara com o quê?

Com a esquerda kamikaze, que abandonou o comunismo da Albânia e agora é uma galinha sem cabeça desorientada por justiceiros sociais, os xerifes das redes. Qual a aposta desses justiceiros? A culpa do homem branco. O mundo, o universo, é uma porcaria por conta dele, pregam ferozmente os justiceiros. Foi ele que inventou a injustiça, a maldade, a ganância. Antes, o mundo era um imenso jardim do Éden onde as diversas raças conviviam em paz e as minorias eram respeitadas e valorizadas. O homem branco destruiu essa harmonia e jogou a todos (os outros) na pobreza. Então o homem branco deve pagar caro, muito caro, por oprimir o povo. Deve sofrer, ser torturado, crucificado, empalado. Até faria algum sentido não fosse o próprio justiceiro um homem branco, assim como a imensa maioria dos seus fiéis seguidores. Então temos a estranha situação onde um homem branco xinga de homem branco um monte de homens brancos e todos passam a se ofender mutuamente, num frenesi de autoimolação. Alguma saída? Alguma solução? Não, mas quem vive de solução é químico.

E aquele homem branco, o que domina tudo, apoia a direita oligofrênica? Não, ele não é maluco, não quer acabar com a civilização que domina. E o povo oprimido apoia a esquerda kamikaze? Não, ele não é maluco, não vai apoiar quem diz ser a fonte de todos os problemas.

Enquanto a barata tonta fica entrando pelo cano, lá em cima, os da riqueza e os da pobreza continuam na mesma.

Sempre foi assim, assim será.

Leo Aversa

Leo Aversa fotografa profissionalmente desde 1988, tendo ganho alguns prêmios e perdido vários outros. É formado em jornalismo pela ECO/UFRJ mas não faz ideia de onde guardou o diploma. Sua especialidade em fotografia é o retrato, onde pode exercer seu particular talento como domador de leões e encantador de serpentes, mas também gosta de fotografar viagens, especialmente lugares exóticos e perigosos como Somália, Coreia do Norte e Beto Carrero World. É tricolor, hipocondríaco e pai do Martín.

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Um comentário em “Sobre baratas e canos

  1. natalia disse:

    Texto péssimo, além de raso faz uma falsa simetria, não aponta caminhos, não tras reflexões. Parece aquele papo de elevador “nossa política no Brasil está complicado né? Acho que amanhã faz sol…”

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