Nelson Mandela, ou Madiba como era carinhosamente chamado, se tornou um mito ainda em vida. Contra a vontade dele, que pedia insistentemente para ser visto como “um homem que falha”, “alguém que errou e erra todos os dias” e “um fracasso como pai”.
Parte dessa aura sagrada foi construída enquanto Mandela, como um dom Quixote, combatia o regime racista e segregacionista do apartheid sul-africano de dentro da penitenciária de Robben, ilha-prisão em frente à Cidade do Cabo e hoje transformada em museu.
[g1_quote author_name=”Nelson Mandela” author_description_format=”%link%” align=”left” size=”s” style=”simple” template=”01″]Durante a minha vida, dediquei-me a esta luta do povo africano. Eu lutei contra a dominação branca e lutei contra a dominação negra. Eu apreciei o ideal de uma sociedade democrática e livre na qual todas as pessoas vivam juntas em harmonia e com oportunidades iguais. É um ideal pelo qual espero viver e alcançar. Mas, se necessário, é um ideal para o qual estou preparado para morrer
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Veja o que já enviamosA outra parte foi construída principalmente pela imprensa mundial, que testemunhou nas ações do líder negro sul-africano uma entrega ao dever, ao amor ao próximo e à ética como nunca vista antes em um preso político que, pouco tempo depois de sair do cárcere se tornou chefe de Estado ou de governo do próprio país. Raros foram os líderes que seguiram esse caminho antes dele, como Kwame Nkrumah e Jomo Kenyatta, por exemplo, respectivamente os primeiros líderes do Gana e do Quênia independentes.
Homenagens (leia também 15 canções contra o apartheid) e prêmios não faltaram para celebrar Mandela como um dos líderes mais carismáticos, influentes e amados dos dois últimos séculos. Desde o prêmio Nobel da Paz, recebido em 1994, até uma partícula nuclear batizada como “partícula de Mandela”, em 1973, por cientistas da Universidade de Leeds, e uma nova espécie de pica-pau pré-histórico, encontrado na Califórnia, que ganhou o nome de Australopicus nelsonmandelai. Neste 18 de julho de 2018, centenário do nascimento de Madiba, listamos alguns dos motivos que fizeram – e ainda fazem – dele “o cara”.
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Ganhou o nome de “encrenqueiro” assim que nasceu e foi o primeiro da família a frequentar a escola
Madiba nasceu na pequena aldeia de Qunu e seu nome de nascença era Rolihlahla, que em xosa (grupo étnico do qual Mandela fazia parte), significa encrenqueiro, desordeiro ou aquele que puxa o galho da árvore até quebrar. No primeiro dia de aula na escola missionária britânica, como os professores não conseguiam pronunciar seu nome, o “rebatizaram” de “Nelson” em referência ao famoso almirante Nelson, herói britânico das Guerras Napoleônicas.
Dada a biografia de Mandela, o nome Rolihlahla não poderia ter sido mais premonitório, um vaticínio da mãe Nongaphi Fanny Nosekeni (morta em 1968) e do pai Nkosi Mphakanyiswa Gadla Henry, falecido em 1930, quando Mandela tinha 12 anos.
Liderou a primeira greve de estudantes do Colégio Missionário de Fort Hare e reivindicava que o diretor e professores tratassem melhor e com mais respeitos seus alunos negros.
Em 1941 Mandela e o primo Justice fugiram de casa e da aldeia onde moravam para escapar do casamento com mulheres escolhidas por arranjos familiares. Casou-se em 1944 com a mulher que escolheu, Evelyn Ntoko Mase, e se divorciou dela em 1958. Os sul-africanos comumente chamam Mandela de “mkhulu” (vovô), além de Madiba.
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Fundou, com o amigo Oliver Tambo, o primeiro escritório de advocacia administrado por negros na África do Sul
Mandela estudou Direito na Universidade de Witwatersrand, em Joanesburgo e o escritório, aberto em 1952, Ficava no mesmo prédio da sede do Congresso Nacional Africano, o partido político anti-apartheid do qual já faziam parte. O Mandela e Tambo Advogados fornecia, a preços simbólicos, aconselhamento legal à população negra que comumente era vítima de abusos de autoridades. “Percebi rapidamente o que a firma Mandela e Tambo significava para as pessoas comuns: era um lugar onde eles poderiam vir e encontrar um ouvinte atento e um aliado competente; um lugar onde eles não seriam enganados e trapaceados; um lugar onde eles poderiam se sentir orgulhosos por serem representados por homens de sua própria cor”, escreveu Mandela na autobiografia “Longo Caminho para a Liberdade”, publicado no Brasil em 1994.
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Era pugilista e corredor amador
Com 1,94 metro, Mandela começou a praticar o boxe e as corridas de longa distância na universidade. Não gostava da violência do esporte, mas usava os treinamentos como válvula de escape para a tensão e o estresse em tempos de apartheid e também porque ficava intrigado com o “balé” de ataques e defesas dançado entre os adversários. “Eu estava interessado na ciência do boxe. Em como mover o corpo para se proteger, como elaborar um plano eficaz para atacar e recuar e como se movimentar durante a luta para conseguir vencer”, revelou ele na autobiografia. Além disso, para Mandela, o boxe era um esporte que igualava brancos e negros, já que no ringue a idade, a cor, a classe social e a nacionalidade eram irrelevantes. Na Casa Mandela, museu aberto na residência de Madiba no bairro do Soweto, onde ele morou com a primeira esposa no fim da década de 1940, está exposto um dos cinturões de campeão mundial de boxe conquistado por “Sugar” Ray Leonard, com o qual ele presenteou Mandela.
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Foi um pacifista, mas ajudou a fundar um grupo guerrilheiro
Desde o início dos anos 1950, Mandela era filiado ao Congresso Nacional Africano, que seria fechado e proscrito pelo regime segregacionista sul-africano em 1960, acusado de fomentar atividade terroristas e de desobediência civil que levaram ao Massacre de Sharpeville. As décadas de opressão, o tratamento desumano dado aos povos negros e asiáticos e a falta de qualquer possibilidade de diálogo com o governo do apartheid fizeram com que Mandela e um grupo de jovens do CNA, entre eles Walter Sisulu, fundasse um braço armado do partido, o Umkhonto we Sizwe (ou Lança da Nação). O grupo se dedicou a campanhas de sabotagem contra o governo sul-africano com relativo sucesso. Foram descobertos e presos em 1963 em um dos quartéis-generais do grupo, no bairro de Rivônia, subúrbio de Joanesburgo. Madiba havia sido preso meses antes, em agosto de 1962.
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Foi um mestre dos disfarces
Quando foi preso, Mandela estava disfarçado de motorista particular. Antes havia se disfarçado de jardineiro, pesquisador e de chef de cozinha para escapar da polícia sul-africana. Por conta dessa destreza, foi apelidado pela imprensa de Pimpilena Negro, em referência ao livro Pimpinela Escarlate, escrito pela autora britânica Baronesa Orczy, lançado em 1903. A obra narra as aventuras do mestre dos disfarces, Percy Blakeney, um nobre inglês que salvou franceses durante a fase do Terror da Revolução Francesa despistando as autoridades. “Eu me tornei uma criatura da noite. Me escondia durante o dia e saía para fazer meu trabalho quando escurecia”, revela Mandela na autobriografia “Longo Caminho Para a Liberdade”.
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Fez a própria defesa no Julgamento de Rivônia
Mandela e mais nove réus foram levados a julgamento acusados de sabotagem contra o governo, práticas terroristas e comunistas. O governo pedia pena de morte e os trabalhos da corte foram acompanhadas por jornalistas e observadores sul-africanos, ingleses e norte-americanos. Mandela fez a própria defesa, ajudado pela escritora Nadine Gordimer e pelo jornalista (e atual biógrafo de Madiba) Anthony Sampson, no discurso que ficou conhecido como “Eu estou preparado para morrer”. Ironicamente, o discurso convenceu o júri a poupá-lo. As penas de morte foram comutadas para prisão perpétua para oito dos acusados. Dois fugiram. Em seu discurso, Mandela admitiu ter ajudado a formar o Umkhonto we Sizwe e que desempenhou papel importante até ser preso em agosto de 1962.
Em seu discurso, Mandela deixou claro as diretrizes morais e éticas que seguiu até morrer em 2013.
“Acreditamos que a África do Sul pertence a todas as pessoas que vivem nela e não a um grupo, seja preto ou branco. Nós não queríamos uma guerra inter-racial e tentamos evitá-la no último minuto. (…) Acima de tudo, queremos direitos políticos iguais, porque sem eles nossas deficiências serão permanentes. Eu sei que isso soa revolucionário para os brancos neste país, porque a maioria dos eleitores serão africanos. Isso faz o homem branco temer a democracia. Mas esse medo não pode ficar no caminho da única solução que garantirá a harmonia racial e a liberdade para todos. (…) Durante a minha vida, dediquei-me a esta luta do povo africano. Eu lutei contra a dominação branca e lutei contra a dominação negra. Eu apreciei o ideal de uma sociedade democrática e livre na qual todas as pessoas vivam juntas em harmonia e com oportunidades iguais. É um ideal pelo qual espero viver e alcançar. Mas, se necessário, é um ideal para o qual estou preparado para morrer.”
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Cuidou do próximo durante os 27 anos em que passou preso
O prisioneiro número 46664 organizou uma greve de fome para ajudar a melhorar as condições dos presidiários sul-africanos. A ilha Robben havia sido uma colônia para leprosos e um asilo para loucos. Era um lugar de exílio, castigo e isolamento. Um lugar onde as pessoas eram enviadas para serem esquecidas. Mas Mandela se esforçou para combater o sentimento de esquecimento. Ajudou a organizar compras recorrentes de livros para abastecer a biblioteca da prisão e organizou clubes de leitura. Livros de jardinagem e horticultura ensinaram novas ocupações aos presos, que passaram a criar e cuidar do paisagismo da ilha Robben. Também criaram uma horta comunitária na qual colhiam os alimentos que melhoraram a dieta dos presos e que também eram distribuídos para as famílias dos oficiais. Madiba continuou estudando Direito e passou a dar assistência e aconselhamento jurídicos aos prisioneiros, como fazia na época da “Mandela e Tambo Advogados”, e também aos funcionários da prisão e seus familiares. A ilha Robben foi apelidada de “Universidade Nelson Mandela”.
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Só saiu da cadeia quando teve garantias de que o regime do apartheid seria derrubado de vez
O governo sul-africano bem que tentou dobrar Mandela. Em 1985 o presidente Pieter W. Botha, o Grande Crocodilo, ofereceu a liberdade em troca de uma declaração pública de Mandela condenando a luta armada contra o regime segregacionista e exortando os combatentes a se desarmarem e se entregarem. Mandela se manteve fiel aos ideais que havia defendido em Rivônia e declarou, dez anos depois: “Que liberdade era aquela que estava sendo oferecida a mim enquanto o povo continuava a ter seus direitos básicos negados? Só homens livres poderiam negociar. Eu não era um homem livre. Se aceitasse esses termos, teria a liberdade, mas continuaria sendo um homem encarcerado.”
Em 1990, o sucessor de Botha, Frederik W. de Klerk, libertou Mandela com o compromisso de manter o diálogo aberto e evitar a violência. Ao sair, Madiba se mostrou agradecido pela decisão do governo, mas deixou bem claro que ainda era pouco. Em um discurso feito em frente à prefeitura da Cidade do Cabo, reiterou que o governo deveria suspender o estado de emergência, libertar os demais presos políticos, que os sul-africanos negros e brancos se unissem para acabar de vez com o regime do apartheid e que a comunidade internacional mantivesse as sanções sobre o país. “Agora é a hora de intensificar a luta em todas as frentes”, disse ele à multidão. “Relaxar os esforços agora seria um erro que gerações vindouras não conseguirão perdoar.”
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Dois anos depois de ter sido libertado, fez uma ponta no filme ‘Malcolm X’, de Spike Lee
No filme de 1992, Mandela fez uma participação especial como o professor de um escola em Soweto que recita para seus alunos trecho de um dos discursos mais famosos do ativista pelos direitos civis. “Nós declaramos nosso direito a sermos homens, a sermos seres humanos nesta terra. A nos ser dado o direito de viver nesta sociedade, nesta terra, neste dia em que temos a intenção de impor nossa existência. Por qualquer meio necessário”.
Mandela se recusou a gravar a última frase do discurso “por qualquer meio necessário” por ser contrário ao uso da violência. O diretor Spike Lee editou a cena com o próprio Malcolm X citando a frase final.
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Foi o primeiro presidente negro eleito na África do Sul e governou para todas as cores
Antes das primeiras eleições realmente livres de 1994, temia-se que a África do Sul mergulhasse em uma violenta guerra civil entre as populações negra e branca. Mas após a eleição de Mandela, com 62,65% dos votos válidos, o que se seguiu foi uma prova de que ele seria o presidente de absolutamente todos, do que ele passou a chamar de nação arco-íris.
O jornalista Anthony Sampson, biógrafo oficial de Mandela, lembra que na reta final do primeiro mandato, Madiba deu por completa a missão de evitar que o país entrasse num ciclo vicioso de vinganças e ressentimento e abriu espaços para a sua sucessão. Não quis exercer um segundo mandato. “Ao fim desses quatro primeiros anos, três milhões de pessoas estavam passaram a ter acesso a linhas telefônicas e a água potável, 1,5 milhão de crianças foram inseridas no sistema educacional formal, 500 clínicas de saúde de base e primeiro atendimento foram reformadas ou construídas, dois milhões de pessoas estavam conectados à rede elétrica e 750 mil casas populares foram construídas para abrigar cerca de três milhões de pessoas”, conclui Sampson.
A posse de Mandela reuniu o maior número de chefes de Estado desde o funeral de JFK em 1963.
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Buscou o perdão e a reconciliação em vez da vingança e do conflito
Meses depois de assumir a presidência, Mandela estabeleceu a Comissão da Verdade e Reconciliação. Um instrumento pacífico e comunal de resolução de conflitos que é parte da cultura de praticamente todas as sociedades africanas. A diferença aqui é que essa Comissão foi amparada pelo arcabouço jurídico sul-africano como uma corte formal. O objetivo foi esclarecer crimes cometidos durante o regime do apartheid e fazer dessas comissões lugares de reconciliação entre algozes e vítimas. Em grande parte, a iniciativa foi bem-sucedida. Com isso, Mandela provou que era possível recriar uma nova África do Sul, desmantelando a instituição do apartheid por dentro. Mandela também foi responsável por estabelecer a Comissão para a Igualdade de Gênero, com o objetivo de criar uma “sociedade livre de opressão de gênero e de todas as formas de desigualdade”.
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Usou o esporte como instrumento para unir os povos sul-africanos
Mandela via a reconciliação nacional como uma das tarefas mais importantes de sua presidência. E usou o rúgbi como instrumento primordial nesse esforço. O livro e o filme “Invictus”, resume bem como Madiba se esforçou para trazer para a África do Sul a Copa do Mundo de Rugby de 1995. Havia uma divisão aparente nos esportes: o rúgbi era para a elite branca e o futebol para as populações negras. Mesmo desprezados pela maioria da população, os Springboks (seleção nacional de rúgbi) tiveram o apoio irrestrito do presidente, que encorajou todo o país a apoiar seus atletas. Na final, contra o poderoso time da Nova Zelândia, Mandela apareceu vestindo a camisa do capitão dos Springboks, François Pienaar, levando a maioria branca da torcida ao delírio. Após a conquista do mundial, Pienaar declarou aos jornalistas: “Ganhamos porque não tínhamos apenas 62 mil torcedores apoiando o time aqui no estádio, mas 43 milhões de sul-africanos torcendo por nós no país todo”.
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Reconheceu a própria incapacidade de combater a Aids de maneira eficaz
Anos depois de ter deixado a presidência, Mandela admitiu publicamente não ter feito o suficiente para diminuir o percentual de casos de HIV/AIDS no país, um dos com maior percentual de infectados em todo o mundo. Por isso ele criou em 2002 a ONG 46664 (identificação de como prisioneiro na ilha Robben), com a missão de promover e financiar campanhas de prevenção e conscientização. Quando um dos filhos, Makgatho Mandela de 53 anos, morreu em 2005 de uma doença oportunista por causa da debilidade causada pela Aids, Mandela usou a tragédia pessoal para desmistificar a ideia de que a doença era exclusiva de homossexuais e que a prevenção era feita usando álcool, sabão ou promovendo uma dieta rica em legumes.
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Dividiu o Nobel da Paz com o presidente que o libertou
Mandela recebeu mais prêmios e honrarias do que qualquer outro governante. Foram mais de 695, incluindo títulos honorários de mais de 50 universidades em todo o mundo. Em 2001, se tornou a primeira pessoa viva a receber o título de cidadão canadense honorário e a última pessoa a receber o Prêmio Lênin da Paz.
Em 1993, Mandela dividiu o prêmio Nobel da Paz com o então presidente da África do Sul, Frederik de Klerk. Em seu discurso, Mandela reiterou os objetivos que o levaram à prisão e que o levariam também à presidência do país, cerca de um ao depois. “Estamos aqui hoje como nada mais do que um representante dos milhões de nosso povo que se atreveu a se levantar contra um sistema social cuja essência é a guerra, a violência, o racismo, a opressão, a repressão e o empobrecimento de todo um povo. Eu também estou aqui hoje como representante de milhões de pessoas em todo o mundo, o movimento anti-apartheid, os governos e organizações que se juntaram a nós, não para lutar contra a África do Sul como país ou qualquer dos seus povos, mas para se opor um sistema desumano e pedir o fim rápido do crime do sistema do apartheid contra a humanidade. (…) Que os esforços de todos nós provem que Martin Luther King Jr. estava correto quando disse que a humanidade não pode mais ser tragicamente ligada à meia-noite sem estrelas do racismo e da guerra. Que os esforços de todos nós provem que ele não era um mero sonhador quando falou da beleza da verdadeira fraternidade e paz sendo mais preciosa que diamantes, prata ou ouro. Deixe uma nova era amanhecer! Obrigado.”
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Único líder que ganhou um dia em sua homenagem
Em novembro de 2009, as Nações Unidas declararam que o Dia Internacional de Nelson Mandela (Mandela Day) seria comemorado todos os anos no dia 18 de julho (aniversário dele). O objetivo do dia é honrar o legado de Madiba e promover o serviço comunitário em todo o planeta.
“Ele foi o único ser humano do planeta a ter total apoio na ONU – reconhecidamente uma câmara de debates globais com as mais divergentes visões, diferenças e conflitos. Lá não há consenso a respeito de Jesus Cristo ou do profeta Maomé, mas os líderes concordaram em fazer do dia 18 de julho o Dia de Mandela, a ser celebrado por toda a humanidade”, declarou Tokyo Sexwale, integrante do Movimento de Consciência Negra da África do Sul e do Congresso Nacional Africano durante os anos de 1960 e 70. Sexwale passou 13 anos preso na ilha Robben e foi libertado junto com Nelson Mandela em 1990.