Do grande quadro já sabemos: o aquecimento global é uma ameaça séria e imediata para a sobrevivência da humanidade. A ciência prova que nossa Terra está esquentando. Há mudanças que já observamos, como a elevação do nível do mar, secas, enchentes e a extinção de espécies, problemas causados pela ação humana, com suas enormes emissões de gases de efeito estufa.
De acordo com a Sociedade Americana de Meteorologia, existe uma possibilidade de as temperaturas globais subirem entre 3.5 e 7 graus centígrados, muito acima do patamar de dois graus, considerado seguro pelos cientistas. Fazemos pouco para evitar tal situação, e a comunidade planetária está fracassando ao tentar criar um regime de cooperação internacional contra a mudança do clima.
[g1_quote author_description_format=”%link%” align=”left” size=”s” style=”solid” template=”01″]Lagos de menos de um metro quadrado respondem por cerca de 40% de todas as emissões de metano de águas em terra
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Veja o que já enviamosQuase 20 países são responsáveis por 70% das emissões no planeta. Os esforços para combater o aquecimento, porém, precisam ser globais, por causa das consequências devastadoras para todos. O fato de as nações desenvolvidas serem responsáveis por grande parte do problema não significa que elas devam ser as únicas que necessitam cortar emissões.
A maior parte do aquecimento vem da queima de combustíveis fósseis, que respondem por mais de 70% das emissões globais de gases de efeito estufa. Na grande conta, o restante vem do desmatamento, da indústria de alimentação de animais e da agricultura. Há campanhas em todo o planeta pela diminuição do consumo de carne, mas deixemos isso para um próximo post.
O desacordo entre nações desenvolvidas e em desenvolvimento existe em torno de interpretações do princípio de “responsabilidades comuns, porém diferenciadas”. Outro impedimento é a falta de consenso sobre a natureza e magnitude da ameaça de um mundo sob a mudança climática.
Este é o quadro macro. Mas o micro merece também grande atenção, e o que acontece nesta esfera parece não estar sendo levado em consideração por legisladores, formadores de opinião e mesmo ONGs mais visíveis e com amplos fundos para contribuir. E, ainda, pelos relatórios do Painel Intergovernamental da Mudança do Clima, da ONU.
Aqui entram em cena os pequenos lagos. Pequenos mesmo, naturais ou não, e incluem mesmo um tanque ou fonte em seu quintal ou em jardins urbanos, e há uma imensa quantidade deles. O aumento de temperatura acelera a mudança do clima ao reduzir a quantidade de CO2 (dióxido de carbono) neles armazenados e fazendo crescer o metano que liberam.
Cientistas esquentaram artificialmente alguns destes lagos em 4 a 5 graus centígrados, em um período de 7 anos, para estudar os impactos das emissões e as taxas de metabolismo. As mudanças observadas após o primeiro ano se tornaram “amplificadas” a partir deste ponto, segundo o trabalho feito por estudiosos das universidades de Exeter e Queen Mary, em Londres.
Depois dos 7 anos, a capacidade de um laguinho absorver CO2 tinha caído pela metade, e o metano liberado quase dobrou. Grandes e pequenos lagos cobrem cerca de 4% da superfície terrestre (excluindo áreas cobertas por gelo), mas são desproporcionalmente grandes fontes de liberação de CO2 e metano na atmosfera.
Lagos de menos de um metro quadrado respondem por cerca de 40% de todas as emissões de metano de águas em terra. “O impacto comparativo do metano na mudança do clima é 25 vezes maior que aquele do carbono em um período de 100 anos”, diz Yvon-Durocher.
“Dada a contribuição substancial de pequenos lagos para estas emissões, é vital entender como podem responder à mudança do clima”, diz Gabriel Yvon-Durocher, do Instituto de Ambiente e Sustentabilidade de Exeter. “Nossas descobertas mostram que o aquecimento pode alterar fundamentalmente o equilíbrio de carbono de pequenos lagos no correr de anos, reduzindo sua capacidade de absorver CO2 e aumentando suas emissões de metano”, afirma o cientista, um dos autores do estudo.
É importante compreender e prever mudanças do clima, e por isso se torna necessário entender muitos feedbacks positivos (alterações em cascata) que afetam o armazenamento de carbono e as emissões, assim como os processos de aquecimento e resfriamento.
Não ficou muito claro se esses laguinhos, onde foi observada a redução de CO2, são apenas os que tem água parada, ou os que tem um chafariz (o que aumenta muito a evaporação e, portanto, vão precisar de reposição dessa água), ou os que tem água corrente (por exemplo, os que tiverem o fornecimento de água corrente e um “ralo” que leve esta água de volta para um rio). Isso pode fazer muita diferença, não acha?
A matéria é interessante pelo aspecto inusitado do problema, mas um pouco vaga na medida em que reproduz os termos da pesquisa científica sem esclarecer os aspectos envolvidos na captação do CO2 e na produção de metano, deixando o leitor sem dados para entender o processo e, consequentemente, o impacto do tema.
A matéria deixa em frágil a interpretação de que lagos artificiais são prejudiciais e não especifica os termos da pesquisa original, pois um estudo de 7 anos – a meu ver – deve ter sido muito controlado e específico, algo que é incabível para generalizar para todos climas e microclimas do planeta. Ou seja, os resultados da pesquisa em Londres se aplica somente às características de lá.