Eram chamadas de Mãezinhas.
Mas não era um jeito carinhoso de falar, eram mães-meninas.
Leu essa? OAB sobre PL do estupro: inconstitucional e ilegal
Meninas de rua, meninas pobres ou meninas rejeitadas pelas famílias eram encaminhadas para uma espécie de abrigo (Funabem – anos 80) onde ficavam no Hospital até o parto e, quando a família não ficava com a criança, o bebê era encaminhado ao Juizado de Menores para adoção.
Gostando do conteúdo? Nossas notícias também podem chegar no seu e-mail.
Veja o que já enviamosCondenadas a manter a gravidez até o fim e constrangidas a entregar o filho para adoção, o destino destas meninas lhes era imposto a qualquer custo embora o aborto nos casos de menores de 14 anos é legal no Brasil desde 1940.
Três histórias
– A mãe joga o bebê do segundo andar do hospital. Os funcionários, receosos com a iminente chegada da imprensa bolavam explicações: uns diziam que a menina confundiu o bebê com uma boneca, outros que era depressão pós-parto ou falta de vigilância da equipe…
A mãe tinha 11 anos.
– Uma tarde quando os funcionários do Juizado chegaram, as mãezinhas revoltadas se puseram a quebrar tudo para impedir que seus filhos fossem arrebatados. Não impediram.
– Outra menina, cuja gravidez ninguém soube em que condições ocorreu, um dia me disse: ’tia, eu não vou saber cuidar dele, eu sou ainda uma criança’. Esta garota, simplesmente não queria ser mãe. Claramente não podia ser mãe. E poderia não ter tido o bebê.
São três histórias de desrespeito, de violência, de desamparo e de abandono.
E tudo em nome da proteção da vida