Mostra de arte de rua e vídeo reforçam campanha por mulher negra no STF

Em 132 anos, Supremo nunca teve uma ministra negra - apenas três mulheres brancas; Rosa Weber se aposenta no fim do mês e movimento pressiona Lula por indicação

Por #Colabora | ODS 10ODS 5 • Publicada em 13 de setembro de 2023 - 12:46 • Atualizada em 21 de novembro de 2023 - 16:59

Colagem das obras da Mostra ‘Juízas Negras Para Ontem’ ‘na Avenida Paulista: campanha por indicação de mulher negra para o STF (Foto: Divulgação)

Metade das capitais brasileiras amanheceram nesta quarta (13/09) com obras de arte de rua sobre a importância de ter uma mulher negra como ministra no Supremo Tribunal Federal. É a Mostra “Juízas Negras Para Ontem”, que convidou 24 artistas negros a produzirem cartazes que foram distribuídos pelas cidades, transformando as ruas em espaço de exposição democrático, aberto e acessível a todos. As obras também estão disponíveis no site da mostra.

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Há obras expostas nas ruas de Rio, São Paulo, Belo Horizonte, Recife, Salvador, São Luís, Manaus, Curitiba, Porto Velho, Maceió, Teresina, Porto Alegre e Brasília. “Ter uma mulher negra no STF é uma questão de Justiça. Ocupar esse espaço de poder é uma ação de enfrentamento de injustiças históricas e um passo na reparação. Não faz sentido que a suprema corte do Poder Judiciário não tenha representação equivalente ao que é o povo brasileiro. Desde o período colonial, o Brasil mantém a subalternização e excludência de pessoas negras”, afirma Nina Vieira, diretora de arte que fez a curadoria da mostra e integra o Manifesto Crespo, coletivo sobre identidades, gênero e práticas antirracistas.

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Segundo dados do IBGE, 56% dos brasileiros se identificam como pretos e pardos e quase um terço da população é de mulheres negras (28%). “As obras que integram esta Mostra não deixam dúvidas que existe uma demanda pulsante na sociedade por mais igualdade de raça e gênero no STF”, acrescenta Nina Vieira. Nos seus 132 anos, o STF teve apenas três ministros negros e três ministras mulheres – estas, todas brancas. Nunca um presidente nomeou uma mulher negra para o STF. Essa desigualdade de raça e gênero no Supremo reproduz o que se vê no sistema judiciário brasileiro como um todo: apenas 7% dos magistrados de primeira instância e 2% na segunda instância são mulheres negras. A mostra não é uma ação isolada.

Obras da Mostra ‘Juízas Negras Para Ontem’ estão espalhadas pelas capitais brasileiras: campanha pede que Lula indique a primeira ministra negra do Suprema (Foto: Divulgação)
Obras da Mostra ‘Juízas Negras Para Ontem’ estão espalhadas pelas capitais brasileiras: campanha pede que Lula indique a primeira ministra negra do Suprema (Foto: Divulgação)

Todas as obras que integram a mostra “Juízas Negras para Ontem” foram impressas e afixadas nas ruas. A gaúcha Mitti Mendonça, uma das artistas, explica seu processo criativo: “Para a concepção, parti da ideia de ocupar lugares de poder e de decisão, colocando uma mulher negra em uma posição de destaque e em contraponto com uma cadeira vazia, dialogando sobre a importância de termos representantes no STF. A paleta de cores propositalmente remete às da bandeira do Brasil, pois o conjunto estabelece ligação direta com a política, para quem passa na rua já ter essa leitura do que se trata a questão. Além disso, a balança – um dos símbolos da justiça”.

Nas últimas semanas, outras ações de movimentos sociais, celebridades e lideranças políticas também demandaram do presidente Lula essa indicação: a ministra Rosa Weber, hoje presidente do STF se aposenta no fim de setembro. Entidades da luta por direitos da população negra também lançaram a campanha “#PretaMinistra”, com o objetivo de gerar impacto e reflexão sobre a ausência de uma ministra negra no Supremo Tribunal Federal (STF), em Brasília.

Como parte do movimento, um vídeo está sendo espalhado pelas redes sociais e foi exibido em um telão na Times Square, famoso ponto na cidade de Nova York (EUA) no começo da semana. O vídeo, produzido pelo Instituto de Defesa da População Negra (IDPN) e pela Coalizão Negra por Direitos tem narração de Taís Araújo e as personagens são interpretadas pelas atrizes Mariana Nunes e Lua Miranda. Começa com a frase “ela tem um sonho” e, depois, a menina Lua, de seis anos, diz: “Quando eu crescer, quero ser ministra do STF”; no encerramento, a lembrança com uma provocação ao presidente: “Nunca antes na história desse país, uma menina negra conseguiu realizar esse sonho”.

 

#Colabora

Texto produzido pelos jornalistas da redação do #Colabora, um portal de notícias independente que aposta numa visão de sustentabilidade muito além do meio ambiente.

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