Dos 5.571 municípios brasileiros, 504 têm seus diários oficiais monitorados pela plataforma Diários do Clima em relação aos atos ambientais. A proposta é facilitar aos jornalistas o acesso às informações dispersas e de difícil acesso. A pauta ambiental ganhou importância neste ano da COP no Brasil, e isso pesou, segundo a organização do Prêmio Mosca, na sua escolha como campeão do Troféu Rastilho 2025.
O Prêmio Livre.jor de Jornalismo-Mosca reconhece reportagens de jornalistas profissionais e universitários baseadas em dados, além da categoria específica – o Troféu Rastilho – para projetos da sociedade civil que ampliam o acesso à informações de interesse público.
O Diários do Clima foi criado por uma coalizão formada por seis organizações especializadas em temas sociais, ambientais e de transparência de dados: #Colabora, Eco Nordeste, Envolverde, InfoAmazonia, ((o))eco e Open Knowledge Brasil (OKBR). O projeto começou a ser desenvolvido em agosto de 2021, com apoio da Google News Initiative e o motor de busca usa como fonte de dados o Querido Diário, plataforma de código aberto da OKBR.
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Veja o que já enviamos“Após a coleta, os dados são processados por um motor de busca e categorização automática, que identifica termos e expressões relacionados a temas ambientais, como licenciamento, saneamento, resíduos sólidos, mudanças climáticas e biodiversidade. Cada publicação é organizada e indexada conforme localidade, data e subtema, possibilitando filtros refinados de busca”, explicaram as organizações, na inscrição do Prêmio Mosca.
A organização do prêmio conferiu e constatou que funciona mesmo: “depois de um rápido cadastro, e um pouco de treino para entender como a busca funciona, a ferramenta se torna bastante útil”, escreveram na divulgação da premiação.
Ao automatizar a coleta e a categorização de dados de políticas ambientais locais, a plataforma preenche uma lacuna crítica de transparência e fiscalização, especialmente em municípios com pouca cobertura jornalística, amplia o alcance do jornalismo de dados e oferece suporte técnico a repórteres e veículos regionais, o que permite que histórias relevantes sejam descobertas antes que impactos ambientais se consolidem. Assim, o Diários do Clima não apenas monitora, mas estimula a ação.
Segundo a organização da premiação, o que desempatou mesmo, foi a coalizão indicar na inscrição reportagens feitas com o uso da plataforma. Sede da COP em 2025, Belém sofre com falta de investimento em saneamento básico; Trabalhadores da cadeia da reciclagem seguem excluídos das políticas públicas em João Pessoa; e Teresina cria comissão para discutir justiça climática e racismo ambiental foram três registros realizados por mídias da coalizão que demonstram o potencial dos Diários do Clima.
“O prêmio representa um reconhecimento relevante a um produto desenvolvido de forma colaborativa pelas nossas organizações. Em um contexto no qual é essencial que a sociedade esteja bem informada e atenta às políticas públicas que afetam o meio ambiente e a vida de todos, o jornalismo tem a responsabilidade de incorporar tecnologia e análise de dados para ampliar a transparência das decisões locais. Nosso objetivo é avançar para que a plataforma possa, no futuro, monitorar todos os municípios e estados brasileiros”, destaca Flávia Campuzano, jornalista e diretora de novos negócios do #Colabora.
Casa do Jornalismo Socioambiental
A colaboração de organizações na coalizão que coordena o Diários do Clima deu origem ao projeto da Casa do Jornalismo Socioambiental na COP 30, um espaço que reuniu jornalistas destas e de outras organizações convidadas para a realização da cobertura conjunta da Conferência do Clima, em novembro de 2025, em Belém.
Outros finalistas
Ficha de militares envolvidos na morte de Rubens Paiva por meio de pedidos via Lei de Acesso à Informação, a Fiquem Sabendo conseguiu extratos das fichas funcionais dos oficiais do Exército Brasileiro mencionados no relatório da Comissão Nacional da Verdade que revelou promoções e elogios após o crime.
Radar Antigênero – Criado pela Gênero e Número em parceria com a Novelo Data, o Radar Antigênero monitora e analisa vídeos no YouTube que disseminam narrativas antigênero com o uso da inteligência artificial para rastrear discursos de ódio e desinformação.
