LEIA MAIS: Descobridores do Zika no Brasil enfrentam escassez de financiamento
LEIA MAIS: Novo olhar na evolução de crianças com microcefalia
Gostando do conteúdo? Nossas notícias também podem chegar no seu e-mail.
Veja o que já enviamosPouco depois da epidemia de Zika, nos anos de 2015 e 2016, descobriu-se que, mais do que sintomas incômodos, o vírus também poderia gerar complicações graves como a microcefalia em bebês – uma má formação congênita que afeta o tamanho da caixa craniana e o desenvolvimento cerebral – quando a mãe era afetada durante a gestação. A encefalite, inflamação no cérebro, e a encefalomielite, inflamação do cérebro e da medula espinhal, também podem ser desencadeadas por causa do vírus, assim como a Síndrome de Guillain Barré, doença autoimune em que o próprio sistema imunológico do paciente passa a reagir contra os nervos periféricos causando dor e fraqueza muscular.
Leia todas as reportagens da série #100diasdebalbúrdiafederal
Mas o Zika vírus vai além: pode acarretar também problemas motores, de memória e confusão mental. Problemas graves, porém pouco difundidos. A primeira autora do trabalho, Fernanda Barros, doutoranda em Ciências Morfológicas do Instituto de Ciências Biomédicas (ICB), da UFRJ, explica que a análise foi realizada através de infecção in vitro de um tecido cerebral humano adulto, além disso, foi inoculado o Zika vírus diretamente no cérebro de camundongos. “Os problemas de memória nos camundongos duraram até um mês, sendo que o pico da replicação do vírus era de seis dias. Então, em um mês havia uma carga viral muito baixa e eles continuavam com problemas de memória. Devemos pensar que o camundongo vive bem menos que a gente; tudo é mais acelerado já que vivem cerca de 2 anos. Então 1 mês na vida de um camundongo é muita coisa”, explica a pesquisadora.
De acordo com os pesquisadores, há medicamentos que podem ajudar os pacientes, impedindo a ativação da micróglia e, assim, evitando os problemas neurológicos causados pelo Zika vírus como o anti-inflamatório Infliximabe – um anticorpo monoclonal (biofármaco) usado para tratamentos de doenças como artrite reumatoide, doença de Crohn – que bloqueia o TNF-alfa (Fatores de Necrose Tumoral Alfa), um mediador pró inflamatório; e o antibiótico Cloridrato de Minociclina. Os dois tratamentos, de formas independentes, tiveram resultados positivos, impedindo que os animais infectados tivessem prejuízos de memória. Entretanto, segunda a pesquisadora, ainda são necessários mais testes pré-clínicos para confirmar os resultados e iniciar a terapia em humanos infectados. “Essa é uma questão igualmente severa e importante, mas que foi negligenciada. A microcefalia em bebês foi bastante noticiada, as disfunções neurológicas em adultos, não. Esse trabalho chama atenção para isso, precisamos investigar melhor o que acontece com o adulto”, afirma Fernanda Barros.
[g1_quote author_description_format=”%link%” align=”none” size=”s” style=”solid” template=”01″]A série #100diasdebalbúrdiafederal terminou, mas o #Colabora vai continuar publicando reportagens para deixar sempre bem claro que pesquisa não é balbúrdia.
[/g1_quote]