Pesquisa da Rural usa gás ozônio para preservar milho

Em parceria com a Embrapa, pesquisadores usam gás para retirar fungos e aumentar vida útil dos grãos

Por Carolina Moura | ODS 2 • Publicada em 6 de junho de 2019 - 08:00 • Atualizada em 8 de junho de 2019 - 15:59

Grãos de milho separados para teste: pesquisadores da Embrapa usaram gás de ozônio para eliminar fungas (Foto: Divulgação/Embrapa)
Grãos de milho separados para teste: pesquisadores da Embrapa usaram gás de ozônio para eliminar fungos (Foto: Divulgação/Embrapa)

O milho, produzido em abundância – quase 100 milhões de toneladas – no Brasil, estraga muitas vezes por causa da presença de fungos e micotoxinas que, ingeridas, podem prejudicar o fígado. Com esta preocupação, pesquisadores da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), em parceria com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), desenvolveram uma pesquisa para evitar que o milho estrague com facilidade.

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Para que o grão seja conservado é utilizado o gás ozônio, explica Otniel Freitas, professor do programa de Pós-Graduação em Ciência e Tecnologia de Alimentos da Rural e pesquisador da Embrapa. “O ozônio é um gás projetado com a quebra do oxigênio. É uma molécula natural. A gente consegue sintetizar no próprio laboratório e aplicá-lo para desinfetar os grãos de milho”, afirma Freitas.

Os pesquisadores escolheram o milho por ser um cereal bastante suscetível à contaminação por fungos. “Alguns desses fungos são produtores de micotoxinas que causam problemas no fígado. Então, o objetivo da gente é tratar o milho para diminuir a quantidade de fungos que produzem essas substâncias nocivas nos alimentos”, acrescenta.

O projeto de pesquisa começou em 2015 e está em andamento. “O processo consiste nos seguintes passos: a gente pega o milho, prepara um silo, que é onde o grão fica armazenado, e coloca o gás ozônio lá dentro. Depois, avaliamos a qualidade microbiológica. Já conseguimos provar que a utilização desse gás reduziu significativamente a contagem de fungos presentes e bactérias”, relata Freitas.

O pesquisador explica outras vantagens do uso do ozônio. “Alguns sanitizantes, que são desinfetantes alimentícios, como o cloro por exemplo, são utilizados de forma aquosa, e o milho é um grão seco, que não pode ser submetido a uma hidratação porque depois teria que passar pela água e pela secagem. O custo seria maior”, argumenta. “O gás ozônio tem capacidade de oxidação grande, protege e limpa o milho, deixando-o livre de fungos e bactérias”, conclui.

A ozonização gasosa apresentou reduções de até 57% nos níveis de aflatoxinas (B1, B2, G1 e G2) e redução na contagem de fungos totais no grão. A tecnologia, segundo os pesquisadores, é simples, fácil de ser aplicada, derivada de conhecimento acumulado em anos de pesquisa e pode ser utilizada na descontaminação de outros grãos (como arroz), ou mesmo de algumas sementes oleaginosas como castanhas, aumentando a vida útil dos alimentos.

 

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Carolina Moura

Jornalista com interesse em Direitos Humanos, Segurança Pública e Cultura. Já passou pela Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj), Jornal O DIA e TV Bandeirantes. Como freelancer já colaborou com reportagens para Folha de São Paulo, Al Jazeera, Ponte Jornalismo, Agência Pública e The Intercept Brasil.

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