Frases de protesto contra a exploração de petróleo na Foz do Rio Amazonas foram projetadas na noite de segunda-feira (24/04) e serão novamente exibidas até quarta (26) durante reunião do Parlamento Amazônico, que reúne integrantes do Congresso Nacional brasileiro e parlamentares de outros sete países: Bolívia, Colômbia, Equador, Guiana, Peru, Suriname e Venezuela.
O protesto é liderado pelo Observatório do Marajó e o Instituto Mapinguari, com apoio da Purpose Brasil: a expectativa das organizações é que a necessidade de maior responsabilidade socioambiental na questão da Foz do Amazonas conste no produto final do encontro, a Declaração do Parlamento Amazônico sobre a Cúpula da Amazônia.
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Na semana passada, representantes de 80 organizações da sociedade civil enviaram um documento a ministérios e órgãos do governo federal para que não seja emitida licença de extração de petróleo e gás na foz do Amazonas enquanto não for realizada uma avaliação ambiental estratégica para toda a região e se adotarem as medidas necessárias previstas na legislação.
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Veja o que já enviamosSegundo entendimento das organizações da sociedade civil, esse bloco é a porta de entrada de um projeto mais amplo, que pretende expandir a exploração e produção de petróleo e gás natural em toda a Margem Equatorial Brasileira. “A abertura dessa nova fronteira exploratória é uma ameaça a esses ecossistemas e, também, é incoerente com os compromissos assumidos pelo governo brasileiro perante a população brasileira e a comunidade global”, afirma o documento que reforça ainda o pedido para que sejam adotadas as medidas necessárias para a transição energética justa e inclusiva no Brasil.
Para os organizadores do protesto, o projeto de exploração de petróleo na Foz do Rio Amazonas está na contramão do mundo. “Energia limpa não é oceano morto!” – é uma das inscrições projetadas nos prédios de Belém. “O Brasil precisa ter um compromisso com a proteção da Amazônia e com a transição para energias renováveis”, afirmou Hannah Balieiro, diretora executiva do Instituto Mapinguari.
As projeções de imagens nos prédios da capital paraense reúnem dizeres em português e espanhol: “Petróleo na foz do Amazonas coloca em risco a região! Imagina se o óleo vazar, quantas manchas irão ficar? Avaliação já!” Os organizadores do protesto e outras entidades ambientalistas defendem que a emissão de uma licença não ocorra antes de uma análise aprofundada e multidisciplinar, a fim de avaliar não só os impactos da perfusão exploratória do “novo pré-sal”, mas também o possível efeito para outros estados e também para outros países – por isso, o protesto durante o encontro do Parlamento Amazônico, que tem a conservação da floresta como um dos temas principais.
No documento enviado ao governo brasileiro, as entidades signatárias afirmam que a exploração vai na contramão das ações globais de enfrentamento à crise climática, e contradiz ações tomadas pelo governo Lula para reduzir suas emissões de gases do efeito estufa. Além disso, o texto lembra que a costa amazônica é um território estratégico para a conservação da biodiversidade, abrigando 80% da cobertura de manguezais do Brasil.