Trump, uma tragédia para o meio ambiente

Candidato republicano acredita que mudança climática é uma invenção dos chineses

Por José Eduardo Mendonça | ArtigoODS 13 • Publicada em 24 de março de 2016 - 08:00 • Atualizada em 24 de março de 2016 - 12:04

Para Trump, a Agência Ambiental Americana “causa danos, em vez de evitá-los, o que leva a fraudes e abusos tremendos”
Para Trump, a Agência Ambiental Americana "causa danos, em vez de evitá-los, o que leva a fraudes e abusos tremendos"
Para Trump, a Agência Ambiental Americana “causa danos, em vez de evitá-los, o que leva a fraudes e abusos tremendos”

Para o Partido Republicano americano, o aquecimento global sequer existe. Uma farsa, dizem seus membros, defensores da continuação da queima de combustíveis fósseis e alheios a suas consequências. O pré-candidato à presidência dos EUA, fanfarrão, ex-apresentador de reality show e biliardário do ramo de imóveis, vai mais longe – segundo ele, a mudança do clima é uma invenção dos chineses.

Preocupa muito sua possível eleição. No caso ambiental, ameaça jogar por terra tudo que seu país conquistou desde a fundação, por Richard Nixon, da Agencia Ambiental (EPA, sigla em inglês) em 1970 (mesmo ano em que se realizou o primeiro Dia da Terra). A EPA, que tem praticamente status ministerial e orçamento de U$ 8 bilhões, corre o risco de simplesmente desaparecer, uma vez que é “um desperdício de dinheiro”, afirma Trump. “Ela não está fazendo seu trabalho, e torna impossível que nossa nação seja competitiva”, diz. E mais: “Causa danos, em vez de evitá-los, o que leva a fraudes e abusos tremendos”.

O incrível candidato, tornado possível pelo esfacelamento e radicalização de seu partido nas últimas duas décadas, parece não se dar conta de que energia renovável, eficiência energética e medidas de proteção ambiental tornarão as economias mais competitivas, e não o contrário.

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Afinal de contas, os irmãos Koch, de ultradireita, uns dos maiores financiadores da campanha de Trump, possuem refinarias em vários estados, seis mil quilômetros de oleodutos, madeireiras, indústrias de papel e celulose. Suas fortunas conjuntas beiram os U$ 50 bilhões.

Existe alguma oposição à candidatura entre os republicanos. As afirmações de Trump são vistas como evidência de que ele irá se opor firmemente às iniciativas reguladoras. De acordo com oponentes, que o consideram “imprevisível demais”, o pré-candidato evitará políticas específicas tanto quanto possível.

Trump deverá matar a Lei da Energia Limpa, proposta no ano passado pelo presidente Barack Obama e no momento parada no Congresso americano. Ela tem como base a Lei do Ar Limpo, de 1973 e emendada em 1990. As usinas de energia respondem por cerca de 40% das emissões de C02 dos Estados Unidos, ou mais que todos os seus caminhões, carros e aviões juntos.

No final do ano passado, 196 países assinaram um acordo ambicioso do clima na conferência de Paris. Mas ele precisa ainda ser ratificado por nações individuais. Se as metas americanas forem para o espaço, isto poderá ter sérias implicações globais.  “A eleição vai decidir em qual extensão o mundo irá enfrentar a mudança do clima”, diz Bert Wander, diretor de campanhas do grupo Avaaz. Um presidente que nega a mudança do clima seria “um desastre”, avalia.

Sob os republicanos, não existe cenário bom. Os outros pré-candidatos – Marco Rubio, Ted Cruz e mesmo o moderado John Kasich – rezam pela mesma cartilha de Trump.

José Eduardo Mendonça

Jornalista com passagens por publicações como Exame, Gazeta Mercantil, Folha de S. Paulo. Criador da revista Bizz e do suplemento Folha Informática. Foi pioneiro ao fazer, para o Jornal da Tarde, em 1976, uma série de reportagens sobre energia limpa. Nos últimos anos vem se dedicando aos temas ligados à sustentabilidade.

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