São Paulo tem recorde de queimadas e fumaça encobre Brasília e cidades do Sudeste e Centro-Oeste

Fumaça de queimadas no interior paulista chega a Brasília e cobre Congresso: São Paulo tem recorde de incêndios (Foto: Marcelo Camargo / Agência Brasil)

Interior paulista tem 48 cidades em situação de emergência e em alerta máximo contra incêndios e polícia investiga ação criminosa

Por #Colabora | ODS 13 • Publicada em 25 de agosto de 2024 - 15:32 • Atualizada em 4 de setembro de 2024 - 10:41

Fumaça de queimadas no interior paulista chega a Brasília e cobre Congresso: São Paulo tem recorde de incêndios (Foto: Marcelo Camargo / Agência Brasil)

Brasília amanheceu neste domingo coberta por fumaça de queimadas, fenômeno registrado em outras capitais do Centro-Oeste, como Goiânia, e do Sudeste, como Belo Horizonte, além de outras cidades do interior de Goiás e de Minas Gerais. Análise de imagens de satélite indicam que a densa fumaça, que encobriu prédios oficiais como o do Congresso Nacional, foi intensificada pelas queimadas de São Paulo. No interior paulista, 48 cidades estão em estado de emergência e sob alerta máximo de incêndio.

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O estado registrou número recorde de focos de incêndio em 2024, na pior situação tanto para um único mês quanto para o período de janeiro a agosto, desde que os dados começaram a ser computados pelo Programa Queimadas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), em 1998. Os primeiros 23 dias de agosto somaram 3.175 ocorrências de queimadas, quase o dobro do que foi registrado ao longo dos 12 meses do ano passado no Estado (1.666). Anteriormente, a quantidade mais expressiva para um mês tinha ocorrido em 2010, com 2.444 focos. Até agora em 2024, o registro alcançou 4.973 casos, o que também é a maior soma do período desde o início da série histórica.

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No sábado (24/08), o governo de São Paulo criou um gabinete de crise para combater os incêndios pelo interior do estado, onde chegaram a ser notificados 1.886 pontos de incêndio; no domingo, a chuva ajudou o Corpo de Bombeiros a reduzir o número de focos ativos. A fumaça vem se espalhado por diversas áreas do estado desde a sexta-feira (23/08). A umidade relativa do ar abaixo dos 20% e o calor intenso facilitaram a propagação do fogo. Segundo o governo de São Paulo, dois funcionários de uma usina em Urupês morreram tentando combater um incêndio. O estado teve casas evacuadas e rodovias bloqueadas, além de problemas no fornecimento de energia elétrica e de água

Em Brasília, contribuiu para o fenômeno a seca na capital, onde não chove há mais de 120 dias. A falta de chuvas é comum nesta época do ano na região central do país. A baixa umidade também facilita o surgimento de queimadas e contribui para que as partículas de fumaça pairem no ar. Segundo alerta do Instituto Nacional de Meteorologia, a umidade na capital do país deve cair abaixo de 20% durante a tarde deste domingo, aumentando os riscos de incêndios florestais e de problemas à saúde da população. Alguns voos partindo ou chegando dos estados de São Paulo, Minas Gerais e Goiás foram cancelados.

Fumaça de incêndio perto da Rodovia Castelo Branco, em São Paulo: Polícia Federal vai investigar queimadas no estado (Foto: Paulo Pinto / Agência Brasil)
Fumaça de incêndio perto da Rodovia Castelo Branco, em São Paulo: Polícia Federal vai investigar queimadas no estado (Foto: Paulo Pinto / Agência Brasil)

O governo federal acionou a Polícia Federal para investigar a possível origem criminosa das queimadas que se espalharam pelo estado de São Paulo. A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, que esteve na sede do Centro Nacional de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais (Prevfogo), em Brasília, disse que o governo trabalha com a suspeita de uma ação criminosa similar ao “dia do fogo”, numa referência ao 10 de agosto de 2019, quando uma ação orquestrada de criminosos ateou fogo em mais de 470 propriedades rurais. “Há uma forte suspeita de que está acontecendo de novo”, afirmou.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva encontrou Marina na sala de situação montada há dois meses no Prevfogo para acompanhar a situação dos focos de incêndio. “Nesse momento é uma verdadeira guerra contra o fogo e a criminalidade”, disse a ministra. “Tem uma situação atípica. Você começa a ter em uma semana, praticamente em dois dias, vários municípios queimando ao mesmo tempo. Isso não faz parte de nossa experiência de combate ao fogo”, acrescentou.

Também compareceram ao local o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, o presidente do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Rodrigo Agostinho, e o diretor-geral da PF, Andrei Rodrigues. “Em São Paulo, não é natural, em hipótese alguma, que em dois dias tenha diversas frentes de incêndio envolvendo concomitantemente vários municípios”, reiterou Marina sobre as suspeitas de ação criminosa. “É preciso parar de atear fogo”, apelou. “O fogo não é estadual nem municipal, é um fogo que prejudica o Brasil”.

A ministra informou que a Polícia Federal abriu dois inquéritos para investigar os incêndios em São Paulo mas destacou que são mais de 30 investigações da PF no país para apurar as queimadas: a maior concentração está na Amazônia e no Pantanal. O governo de São Paulo já confirmou a prisão de duas pessoas suspeitas de atuar em incêndios criminosos no interior: um foi preso na região de São José do Rio Preto no sábado e outro foi detido neste domingo em Batatais.

#Colabora

Texto produzido pelos jornalistas da redação do #Colabora, um portal de notícias independente que aposta numa visão de sustentabilidade muito além do meio ambiente.

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