A apenas cinco semanas da COP26, líderes mundiais se reuniram durante a Assembleia Geral da ONU para, mais uma vez, discutirem o financiamento da luta contra a crise climática.
Depois de uma mesa redonda com as nações ricas, os estados-ilha e países africanos, entre outros, o secretário-geral das Nações Unidas, Antonio Guterres, disse ter ouvido “declarações encorajadoras” sobre uma meta de financiamento de US$ 100 bilhões anuais – definida em 2009 e jamais alcançada – para energia limpa e adaptação às mudanças climáticas.
Leu essa? Por que as fontes de financiamento climático estão secando?
Um dos pontos em discussão é se os países responderão a repetidos apelos de Gueterres para aumentar as somas pífias oferecidas a países pobres para que se adaptem aos impactos da mudança no clima – ou, pelo menos, metade dos fundos prometidos a eles.
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Veja o que já enviamosAmbientalistas dizem que nações em desenvolvimento precisam de mais dinheiro, alegando que os US$ 100 bilhões por ano prometidos são ainda “enormemente inadequados”.
Os governos têm ainda a tarefa de finalizar um acordo para salvaguardar plantas, animais e ecossistemas do planeta – em uma conferência da ONU sobre a biodiversidade a ser concluída em maio do ano que vem em Kunming, na China.
Um rascunho de um pacto, publicado em julho, inclui a promessa de proteger pelo menos 30% da terra e dos oceanos do planeta até 2030, mas, mais uma vez, esta tarefa, quando se trata de ajuda a países de natureza rica, tem o financiamento como desafio. O texto fala na eliminação de financiamentos danosos à biodiversidade, como os subsídios à produção de combustíveis fósseis e à agricultura intensiva.
A melhora da conservação e manejo das áreas naturais, como parques, oceanos e florestas, é crucial para a salvaguarda dos ecossistemas dos quais os homens dependem.
Funcionários de governos disseram em um fórum de financiamento da ONU, em 2020, que seriam necessários US$ 700 bilhões extras por ano na próxima década.
Segundo um relatório da ONU publicado em maio, o gasto global com a natureza foi de US$ 133 bilhões, com 86% da soma vinda de financiamentos púbicos.
Os países em desenvolvimento na África, na Ásia e na América Latina precisariam de US$ 240 milhões por ano para cumprirem suas metas de proteção da biodiversidade e pediram que os países ricos desembolsem US$ 80 milhões a mais por ano.
Cerca de um milhão de espécies de animais e de plantas estão em risco de extinção devido à busca insaciável de crescimento econômico, segundo um relatório de 2019 sobre os impactos devastadores da civilização moderna sobre o mundo natural.
Caso os pontos de não retorno ambientais sejam atingidos e os países não invistam na produção e restauração da natureza, a economia global teria perdas anuais de US$ 2,7 trilhões, de acordo com o Banco Mundial.
“A realidade é que todo financiamento, de todas as fontes, doméstica, privada e pública, terá de ser maciçamente aumentado”, disse Florian Titze, um conselheiro de biodiversidade da WWF-Alemanha. “Todos os financiamentos terão de ser duplicados”.
Florestas estão sendo derrubadas com frequência para produzir commodities como carne – caso do Brasil – destruindo a biodiversidade e ameaçando as metas do clima, uma vez que as árvores absorvem cerca de um terço das emissões produzidas no mundo.
Segundo um recente relatório da ONU, 87% do apoio global a produtores agrícolas – ou cerca de US$ 470 bilhões por ano – distorcem os preços dos alimentos e têm impacto ambiental negativo e efeitos sociais, muitas vezes favorecendo os grandes negócios em detrimento da agricultura familiar.
Os 46 países mais pobres receberam entre 2014 e 2018 apenas US$ 5,9 milhões no total para adaptação, um nível que cobriria menos de 3% dos fundos necessários nesta década, diz um estudo de julho do International Institute for Environment and Development.