Inteligência Agroclimática para reduzir as emissões de gases de efeito estufa

CEBDS lança projeto para aumentar, de modo sustentável, a produtividade e a renda agrária e a resiliência dos agricultores às mudanças climáticas

Por Oscar Valporto | ODS 13 • Publicada em 27 de junho de 2019 - 19:32 • Atualizada em 27 de junho de 2019 - 19:42

O agricultor Euid Moura aplica fertilizando localizadamente em sua lavoura: Agricultura de Precisão para reduzir a emissão de gases de efeito estufa (Reprodução)

Um vídeo de quatro minutos, apresentado nesta quinta no Seminário de Alimentos Resilientes em São Paulo e distribuído a partir de segunda, marca o lançamento do projeto Inteligência Agroclimática (IAC), iniciativa do Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS), com o objetivo principal de buscar o aproveitamento da terra com o menor impacto ambiental possível, com base na valorização de novas tecnologias, como agricultura de precisão, melhora de manejo do cultivo e melhoria de material genético. “No Brasil, o setor agropecuário é responsável por 70% das emissões de gases de efeito estufa (GEE). E é nesse contexto que estamos trazendo para cá a Inteligência Agroclimática”, explica Felipe Cunha, coordenador do programa de IAC do CEBDS.

O projeto Inteligência Agroclimática integra a plataforma Low Carbon Technologies Partnership Initiative (LCTPi), liderada pelo World Business Council for Sustainable Development (WBCSD). A meta global do IAC é aumentar em 50% a disponibilidade de alimento, com maior produtividade e menor perda, reduzindo em 50% as emissões de gases de efeito estufa até 2030. Atualmente, mais de 20 multinacionais integram o projeto – inclusive a Bayer. “O Brasil tem quase 25% de sua área degradada. Se conseguirmos melhorar, recuperar, reflorestar essa área será um ganho para todos porque é uma área enorme que, neste momento, não serve para nada”, afirma Danielly Crocco, gerente de Sustentabilidade da América do Sul da Bayer.

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O vídeo – o primeiro de uma série – foi gravado no município de Fazenda do Taboão, no Tocantins, no Cerrado brasileiro, um dos alvos da Inteligência Agroclimática  que mira os maiores produtores agropecuaristas do mundo. O objetivo é contribuir para que o país aumente, de modo sustentável, a produtividade e a renda agrária; aumente a resiliência dos agricultores às mudanças climáticas; e reduza as emissões de gases de efeito estufa. O foco do vídeo é o programa Fazenda Inteligente. “A ideia é mudar o sistema de lavoura tradicional para sistemas integrados com o objetivo de diversificar a produção, aumentar a produtividade e aumentar a receita”, explica Hannah Simmons, gerente do Programa Fazenda Inteligente, parceria com o Climate Smart Group.  Outra maneira de reduzir a emissão de gases é a Agricultura de Precisão. “É preciso reduzir o uso de fertilizantes na lavoura. Para isso, existe a Agricultura de Precisão: são tecnologias para determinar a quantidade certa e necessária de fertilizantes a ser aplicada, no momento certo e no local certo”, acrescenta Hannah Simmons.

O agricultor Euid Moura aplica fertilizando localizadamente em sua lavoura: Agricultura de Precisão para reduzir a emissão de gases de efeito estufa (Reprodução)
O agricultor Euid Moura aplica fertilizando localizadamente em sua lavoura: Agricultura de Precisão para reduzir a emissão de gases de efeito estufa (Reprodução)

O vídeo aborda também a Integração Lavoura Pecuária Floresta (ILPF), já desenvolvida em fazendas do Brasil que inclui a produção de vários cultivos agrícolas e a produção de soja sustentável e manejo integrado de gado. A Inteligência Agroclimática já monitora essas diversas técnicas de ILPF e busca dar amplitude a elas – segundo o IBGE, cerca de 15 milhões de hectares utilizam técnicas. Transformar uma fazenda tradicional numa fazenda integrada faz com que seja possível ter uma série de lavouras numa mesma área. “Eu tenho açaí e coloquei banana no sistema. Produzia inhame, mas agora tiramos abóbora, milho, batata doce, mandioca”, conta, no vídeo, o agricultor Euid Moura. A variedade na produção garante mais resiliência às mudanças climáticas porque, quando uma lavoura é afetada pela seca ou chuva, a outra pode se manter pois os ciclos são diferentes.

O programa IAC prevê a difusão de conhecimento, hoje um dos principais entraves para a aplicação de tecnologias para agricultura de baixo carbono. O CEBDS lançará esse ano um documento com as principais técnicas e trabalha para viabilizar um aplicativo de monitoramento e apresentação de técnicas que permitam aumentar a produtividade, diminuindo as emissões. Está também em andamento o projeto de orientações para o setor agropecuário relatar, segundo as normas da TCFD, o impacto do risco climático nas atividades do setor.

No Brasil, o foco do projeto Inteligência Ambiental será desenvolver a resiliência dos agricultores, dar escala em investimentos em agricultura familiar/comunitária, monitorar e medir projetos de Agricultura de Baixo Carbono e apoiar conservação e uso sustentável da terra. Além do Fazenda Inteligente, o IAC tem outros projetos: o Good Growth Partnership/Coalizão Matopiba, com o objetivo de um modelo de negócios inovadores a partir da Inteligência Agroclimática (IAC) em propriedades com cenários, características e contextos diferentes e em equilíbrio com a restauração ecológica, na região de Matopiba (área de Cerrado no Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia); Plataforma de Bioquerosene e Renováveis da Zona da Mata: produção de biocombustíveis, diesel verde e bioquerosene de aviação na Zona da Mata Mineira, a partir de restauração florestal com Macaúba;   Modelo Conceitual Financeiro: criação de um modelo financeiro com linha de crédito para Agricultura de Baixo Carbono e IAC liderada por bancos privados/públicos e capilarizado através de grandes empresas e suas cadeias de suprimento; e CSA Toolbox, aplicativo para smartphone, guia de boas práticas em como incluir inteligência agroclimática na fazenda e criar acesso a informação sobre crédito e financiamento para Agricultura de Baixo Carbono.

Oscar Valporto

Oscar Valporto é carioca e jornalista – carioca de mar e bar, de samba e futebol; jornalista, desde 1981, no Jornal do Brasil, O Globo, O Dia, no Governo do Rio, no Viva Rio, no Comitê Olímpico Brasileiro. Voltou ao Rio, em 2016, após oito anos no Correio* (Salvador, Bahia), onde foi editor executivo e editor-chefe. Contribui com o #Colabora desde sua fundação e, desde 2019, é um dos editores do site onde também pública as crônicas #RioéRua, sobre suas andanças pela cidade

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