Incêndios florestais na Grécia obrigam milhares de pessoas a deixarem suas casas

País do Mediterrâneo teve os meses de junho e julho mais quentes da história com a crise climática e enfrenta onda de calor e seca extrema

Por #Colabora | ODS 13 • Publicada em 13 de agosto de 2024 - 10:35 • Atualizada em 20 de agosto de 2024 - 09:40

Voluntários ajudam a combater incêndios na periferia de Atenas: milhares de pessoas evacuadas pela ameaça do fogo (Foto: Aris Oikonomou / AFP)

Depois de a Grécia registrar temperaturas recordes em junho e julho (os mais quentes da história), incêndios florestais se espalharam pelo país. Milhares de moradores foram evacuados de suas casas enquanto grandes incêndios florestais atingem os subúrbios de Atenas, com algumas chamas saltando até 25 metros de altura.  Casas, sítios e outras propriedades em cidades próximas, como Varnavas, bem como partes do nordeste da capital grega estão em chamas, incluindo uma escola. Pelo menos, uma morte foi registrada.

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Desde o fim de semana, aeronaves estão sendo usadas para tentar extinguir as chamas e apoiar a operação terrestre de combate ao fogo. Moradores reclamaram da falta de caminhões do Corpo de Bombeiros e do efetivo insuficiente para enfrentar o avanço dos incêndios. Nesta terça, começaram a chegar bombeiros e outros especialistas em combate a queimadas da Romênia, da Sérvia, da Itália e da Turquia.

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Em cenas sem precedentes, as pessoas em Atenas têm usado máscaras para se proteger da fumaça sufocante. Uma corrente humana de bombeiros, voluntários, policiais e cidadãos tem tentado de tudo para tentar apagar incêndios. De acordo com o serviço de meteorologia, as condições climáticas (seca extrema, altas temperaturas e vento) devem continuar até o próximo fim de semana.

O incêndio começou no domingo (11/08) perto do Lago Marathon, cerca de 35 quilômetros a nordeste de Atenas, atravessou o Monte Pendeli e atingiu os subúrbios ao norte da capital. Queimou várias casas e empresas nos subúrbios da cidade e em comunidades perto do lago. O porta-voz do Corpo de Bombeiros, coronel Vassileios Vathrakogiannis, disse à AP nesta madrugada que os bombeiros não estavam mais lutando contra uma única frente, mas contra “muitos focos de incêndios ativos”, principalmente em torno de Marathon e Pendeli. A área de Marathon foi o local de uma famosa batalha entre gregos e persas em 490 a.C, que deu origem à prova olímpica da Maratona – o percurso de 42km repetiria a corrida de um soldado para informar a vitória dos gregos. A região abriga um museu e um sítio arqueológico, mas não houve relatos de danos causados pelo fogo.

O ministro da Crise Climática e Proteção Civil, Vassilis Kikilias, diss, em entrevista coletiva nesta segunda-feira (12/08), que a Grécia enfrentava “um incêndio excepcionalmente perigoso, que estamos combatendo há mais de 20 horas em circunstâncias dramáticas”. O ministro explicou que algumas áreas queimando no Monte Pendeli eram particularmente difíceis de alcançar e que o incêndio florestal se alastrou rapidamente por florestas de pinheiros deixadas secas por repetidas ondas de calor neste verão. “Junho e julho foram os meses mais quentes já registrados na Grécia, que também registrou seu inverno mais quente de todos os tempos”, lembrou Kikilas, acrescentando que um início precoce da temporada de incêndios este ano sobrecarregou a força de combate a incêndios da Grécia.

Bombeiro enfrenta incêndio em escola na vila Nea Penteli, perto de Atenas: fogo se alastra com altas temperaturas, seca extrema e ventos (Foto: Costas Baltas / Anadolu / AFP)
Bombeiro enfrenta incêndio em escola na vila Nea Penteli, perto de Atenas: fogo se alastra com altas temperaturas, seca extrema e ventos (Foto: Costas Baltas / Anadolu / AFP)

Países mediterrâneos esquentando rapidamente

Não há dúvida de que o país mediterrâneo está na linha de frente das mudanças climáticas causadas pelo homem na Europa. No ano passado, foi escaldado por uma onda de calor recorde que durou 16 dias, contribuindo para o maior incêndio florestal da UE, já que uma área duas vezes maior que Atenas virou fumaça entre julho e agosto. Pelo menos 28 pessoas morreram e dezenas ficaram feridas. “O Mediterrâneo é um ponto crítico da crise climática”, afirmou Kostas Lagouvardos, diretor de pesquisa do Observatório Nacional de Atenas (NOA) à Euronews.

A Europa é o continente que mais aquece no mundo, com temperaturas aqui subindo quase o dobro da média global. Isso é apoiado por um relatório recente da Organização Meteorológica Mundial da ONU e da agência climática Copernicus, da União Europeia, Lagouvardos acrescenta que a parte oriental do Mediterrâneo está esquentando particularmente rápido. Nos últimos 30 a 40 anos, a pesquisa do NOA mostra que o aumento geral da temperatura na Grécia excede 1,5 °C – um salto muito alto para um período de tempo tão curto. O sul da Itália, Chipre, Türkiye e países do norte da África também são gravemente impactados pelo aumento do calor.

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Para avaliar melhor como o clima de seu país está mudando, Lagouvardos fundou e coordena uma rede de centenas de estações meteorológicas de superfície automatizadas em toda a Grécia. Elas ajudam a fornecer alertas de calor mais localizados e a rastrear tendências em quais partes do país estão esquentando mais rápido. Não é o sul da Grécia, na verdade, mas as partes do noroeste do país – removidas do mar – que têm uma tendência de aquecimento maior nos últimos 30 anos, diz ele.

O NOA também está monitorando eventos climáticos extremos – que o observatório classifica como aqueles que causam impactos sociais e econômicos significativos. De 2000 a 2009, houve 60 desses eventos, com um salto de 50% – para 90 eventos – entre 2010 e 2019.

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Texto produzido pelos jornalistas da redação do #Colabora, um portal de notícias independente que aposta numa visão de sustentabilidade muito além do meio ambiente.

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