Governadores, prefeitos, empresários e representantes de organizações da sociedade civil participaram, nesta quinta (28/01) do lançamento virutal da Aliança pela Ação Climática Brasil (ACA), iniciativa criada para estimular ações conjuntas para superar a crise climática, multiplicar exemplos de sucesso no enfrentamento dos efeitos e alertar para as graves consequências da inação. “Essa aliança entre os governos sub-nacionais, o setor empresarial e as entidades da sociedade civil é fundamental para o Brasil retomar seu protagonismo no debate do clima”, disse a cientista Suzana Kahn, vice-presidente da Coppe-UFRJ e ex-integrante do IPCC
Parte de uma rede de coalizões nacionais que já existe em países como Estados Unidos, Vietnã, México, Argentina, Japão e África do Sul, a ACA Brasil tem ainda como missão fortalecer a agenda subnacional de clima ao conectar e mobilizar atores de todos os setores da sociedade. “A situação do planeta já é dramática e o Brasil é fundamental – por seu tamanho, por sua diversidade, por seu histórico de liderança climática – para as mudanças necessárias. Vocês devem buscar tornar o Brasil um exemplo de desenvolvimento sustentável”, afirmou o chileno Gonzalo Muñoz, High Level Champion para a COP25, encarregado exatamente dos contatos com governos, empresas e terceiro setor.
As alianças pelo clima estão sendo organizadas sob inspiração do movimento americano We are Still In (Nós continuamos dentro) que surgiu em resposta à retirada dos EUA do Acordo de Paris por Trump. Nos Estados Unidos, mais de 3.900 signatários comprometidos com ações climáticas, representando 155 milhões de americanos em 50 Estados e US$ 9,46 trilhões do PIB nacional, engajaram-se no movimento. “A atual emergência climática requer ação contundente de todos os atores da sociedade, de governos a empresas e indivíduos. Muito já está sendo feito no Brasil, mas ainda é necessário muito mais. A ACA Brasil será um espaço importante e necessário de compartilhamento, aprendizagem e ação para reduzir as emissões e os efeitos das mudanças climáticas”, disse Mauricio Voivodic, diretor-executivo do WWF-Brasil, uma das cinco organizações que participam do Conselho Diretor da ACA Brasil – as outras são o Instituto Clima e Sociedade (ICS), o Centro Brasil no Clima, o ICLEI (Governos Locais pela Sustentabilidade) e o CDP.
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Veja o que já enviamosNo lançamento, assinaram a carta-compromisso de criação da Aliança pela Ação Climática quatro governos estaduais, o Distrito Federal, 20 prefeituras – incluindo capitais como Rio, São Paulo, Belo Horizonte, Salvador, Recife e Fortaleza -, oito organizações da sociedade civil, e cinco empresas. “O tema é global e deve ser globalmente enfrentado. Mas cada um deve fazer sua parte localmente para conter as mudanças climáticas e mitigar suas consequências. Aqui no Brasil, com o governo federal que tempos, estados e municípios devem assumir a liderança no enfrentamento da crise do clima”, disse o governador do Espírito Santo, que participou do lançamento virtual.
A ideia é que cada filiado ao Aliança pela Ação Climática apresente compromissos em sintonia com o Acordo de Paris: empresas devem assumir metas de redução de emissões; investidores, de descarbonização de seus porfólios; estado e municípios, de elaborar planos de mitigação e adaptação. “O Magazine Luiza tem um compromisso em reduzir suas emissões, em reduzir e tratar seu lixo e também com a educação ambiental. Mas todos os setores devem avançar mais”, disse Luiza Trajano, presidente do Conselho do Magazine Luiza.
Mestre de cerimônias do lançamento virtual, a bióloga Daniela Lerário, da equipe dos Climate Champions da COP26, leu o texto de apresentação da ACA Brasil. “O objetivo da aliança é complementar o ecossistema existente de ação climática no Brasil, reunindo esses atores para inspirar ações climáticas mais ousadas por meio da colaboração; engajar o público brasileiro sobre a urgência e os benefícios da ação climática embasado em análises sólidas; e apoiar as condições políticas que podem acelerar a transição do Brasil para uma sociedade resiliente para o benefício de todos os brasileiros e todas as brasileiras e de todo o mundo, em consonância com o Acordo de Paris”.
Daniela Lerário acrescentou que o Brasil tem as ferramentas para que liderar uma retomada econômica baseada na natureza. Nós precisamos da atuação de todos para construir uma sociedade mais justa, mais sustentável, mais próspera e menos desigual”, afirmou. Coordenador nacional da Frente de Evangélicos pelo Estado de Direito, o pastor Ariovaldo Ramos lembrou que, para muitos, a fé é a maior referência. “Portanto, nós, produtores de consciência, temos que educar pela fé para a defesa da humanidade e do planeta”, acrescentou no lançamento da Aliança pela Ação Climática Brasil.