Marcas devem priorizar as pessoas e o planeta

Shein e outras marcas de fast fashion, que despejam milhares de produtos diariamente numa forma de Colonialismo de Resíduos, não terão espaço numa sociedade de consumidores-cidadãos

Por Yamê Reis | ArtigoODS 12 • Publicada em 15 de setembro de 2023 - 09:07 • Atualizada em 21 de novembro de 2023 - 16:58

Ato na Europa exige que empresas coloquem o planeta acima do lucro: consumidores vão começar a boicotar marcas e produtos que não cumprirem seu papel no combate à crise climática (Foto: Markus Spiske / Unsplash)

À medida que o tempo avança, consumidores passam a buscar produtos e marcas que mostrem sua origem e a forma como são feitos. É preciso mostrar transparência nas informações e disponibilizá-las aos clientes através de relatórios, de uma comunicação clara no website , nas embalagens e também nos pontos de venda. Afinal, diante de tantas marcas e produtos disponíveis no mercado, como podemos diferenciá-los e saber onde colocar o nosso dinheiro?

Consumir é um ato de cidadania, de responsabilidade, seja com sua saúde, a da sua família, mas também um cuidado com aqueles que produzem em condições dignas de trabalho e salário. Quem precisa de mais uma roupa baratinha, de mais um shampoo em embalagem plástica ou de um alimento ultraprocessado?

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Nos dias de hoje, falar de emergência climática não é mais uma novidade. Consumidores vão começar a boicotar marcas e produtos que não cumprirem seu papel no combate à crise climática, seja compensando suas emissões, substituindo energia de combustíveis fósseis por energia renovável, eliminando o uso de plásticos nas embalagens, etc. Cresce no mundo todo o número de influenciadores dizendo o que não devemos comprar, e os anúncios “anticonsumo” também devem aumentar. Para dar conta desse movimento, as equipes de marketing precisam mergulhar no tema para que sejam capazes de comunicar com clareza sobre os benefícios dos produtos também sob o olhar de sua contribuição social e ambiental.

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Na União Europeia, onde a regulação sobre produção e consumo tem avançado com medidas legais, a Publicidade começa a sofrer restrições quando apresenta um viés consumista, contribui com a crise climática, ou promove a má informação e o greenwashing. Em 2021, um estudo feito pelos órgãos de defesa do consumidor do Reino Unido e da Holanda, que avaliou 500 plataformas comerciais, apontou que 4 em cada 10 sites usavam táticas de greenwashing. Preocupadas com esse índice, autoridades comerciais e governamentais estão definindo políticas e diretrizes para proteger o público e fomentar a transparência na indústria. Nesse contexto, é essencial que as empresas repensem suas estratégias melhorando práticas de governança, ampliando a diversidade na escolha de seus colaboradores e melhorando a comunicação e transparência com seus clientes.

Acompanhar as estratégias de sustentabilidade definidas pela empresa envolve medir e quantificar os impactos ao longo do tempo: redução de gasto energético, redução de desperdício, reciclagem de resíduos, tudo isso deve fazer parte de uma prestação de contas interna e externa a empresa. E junto disso, evoluir na redução da desigualdade e na equidade de gênero, são fatores essenciais que vem capturando a atenção dos consumidores.

O que se espera de empresas alinhadas com a Agenda 2030 da ONU é um olhar sincero para sua governança, buscando um equilíbrio entre lucro e impacto socioambiental. O Sistema B, por exemplo, busca criar uma rede de empresas melhores para um mundo melhor, e para isso criou uma metodologia que ajuda os negócios nessa jornada de evolução constante.

O mundo está cheio de marcas e produtos, e prosperarão aquelas que tiverem um propósito de melhorar a vida das pessoas e do planeta. Marcas como a Shein e outras de fast fashion, que despejam milhares de produtos diariamente no Sul global na forma mais brutal de Colonialismo de Resíduos, não terão mais espaço para crescer numa sociedade de consumidores-cidadãos.

Yamê Reis

Yamê Reis é socióloga, fundadora do Rio Ethical Fashion e coordenadora de Design de Moda no IED Rio. Em sua carreira, liderou projetos com impacto no mercado brasileiro de moda em empresas como Cantão, Totem e Le Lis Blanc. Em 2017, fundou a Moda Verde, que atua nas áreas de Educação, Direção Criativa e projetos especiais para Moda Sustentável. É autora de 'O Agronegócio do Algodão: Meio Ambiente e Sustentabilidade'

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