Eles estão espalhados por toda a cidade e contam a história de uma ocupação. Cercado por montanhas majestosas, o Rio de Janeiro precisou driblar a natureza para se espraiar e se expandir. É cidade de experimentações. Os túneis vêm desta necessidade de chegar mais rápido do lado de lá. São dezenas de janelas que se abrem e fecham prometendo surpresas. E sempre nos surpreendemos. Os túneis são elos da cidade, integram e agregam lendas, rezas, afetos. Os históricos nos reportam para a nação escravagista. Bom pra pensar.
Clique aqui para conferir outros vídeos com fotogalerias de Custodio Coimbra
Gostando do conteúdo? Nossas notícias também podem chegar no seu e-mail.
Veja o que já enviamosDo ponto de vista da arquitetura e do planejamento urbano, toma que lá vem história: os mais antigos remontam ao Brasil Colônia, ao país agrário das fazendas de café e cana de açúcar, da criação de gado e da produção de leite. Depois veio a locomotiva, que demandou túneis para se expandir. Até o final dos anos de 1.800, os túneis eram escavados pelo braço escravo. Com a abolição da escravatura, eles foram substituídos pelos imigrantes. Tem sangue europeu a série de 13 túneis construídos pela Companhia Estrada de Ferro D. Pedro II. Na época o maior do mundo, o 12 Bis mantém nos dias de hoje o título de maior do Brasil, aproximando as cidades de Engenheiro Paulo de Frontin e Mendes, no Rio de Janeiro.
Tem muita gente que tem horror a túnel. Sente palpitações, suores, pânico. Mas a grande maioria dos cariocas ou não se importa, ou até gosta. Traço cultural. A mobilidade no Rio é refém dos túneis. No ensaio de Custodio Coimbra para o Colabora, nos deparamos com um outro olhar para eles. Os túneis se transformam em majestosas obras de arte urbana. Questão de café, açúcar e afeto.