Túneis do Rio de Janeiro: majestosas obras de arte urbana

A mobilidade no Rio é refém dos túneis. No ensaio de Custodio Coimbra para o Colabora, nos deparamos com um outro olhar para eles.

Por Custodio Coimbra | ODS 11 • Publicada em 27 de fevereiro de 2020 - 13:50 • Atualizada em 7 de abril de 2020 - 17:08

Eles estão espalhados por toda a cidade e contam a história de uma ocupação. Cercado por montanhas majestosas, o Rio de Janeiro precisou driblar a natureza para se espraiar e se expandir. É cidade de experimentações. Os túneis vêm desta necessidade de chegar mais rápido do lado de lá. São dezenas de janelas que se abrem e fecham prometendo surpresas. E sempre nos surpreendemos. Os túneis são elos da cidade, integram e agregam lendas, rezas, afetos. Os históricos nos reportam para a nação escravagista. Bom pra pensar.

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Do ponto de vista da arquitetura e do planejamento urbano, toma que lá vem história: os mais antigos remontam ao Brasil Colônia, ao país agrário das fazendas de café e cana de açúcar, da criação de gado e da produção de leite. Depois veio a locomotiva, que demandou túneis para se expandir. Até o final dos anos de 1.800, os túneis eram escavados pelo braço escravo. Com a abolição da escravatura, eles foram substituídos pelos imigrantes. Tem sangue europeu a série de 13 túneis construídos pela Companhia Estrada de Ferro D. Pedro II. Na época o maior do mundo, o 12 Bis mantém nos dias de hoje o título de maior do Brasil, aproximando as cidades de Engenheiro Paulo de Frontin e Mendes, no Rio de Janeiro.

Tem muita gente que tem horror a túnel. Sente palpitações, suores, pânico. Mas a grande maioria dos cariocas ou não se importa, ou até gosta. Traço cultural. A mobilidade no Rio é refém dos túneis. No ensaio de Custodio Coimbra para o Colabora, nos deparamos com um outro olhar para eles. Os túneis se transformam em majestosas obras de arte urbana. Questão de café, açúcar e afeto.

Custodio Coimbra

Fotógrafo de imprensa há 36 anos, Custodio Coimbra, 61 anos, passou pelos principais jornais do Rio e há 25 anos trabalha no jornal O Globo. Nascido no Rio de Janeiro, é hoje um artista requisitado entre colecionadores do mercado de fotografia de arte. Além de fotos divulgadas em jornais e revistas mundo afora, participou de dezenas de mostras coletivas no Brasil e no exterior. Tem sua obra identificada com a história e a paisagem do Rio de Janeiro.

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