Dia de celebrar a ciência

Eventos no Rio, em São Paulo e outras capitais festejam dias nacionais da ciência e do pesquisador e protestam contra cortes

Por Barbara Lopes | ODS 11ODS 4 • Publicada em 8 de julho de 2019 - 08:00 • Atualizada em 8 de julho de 2019 - 15:49

Professor do Núcleo de Estudos e Pesquisas em Animais Selvagens da UENF mostra trabalho da universidade a crianças: divulgação científica na Quinta da Boa Vista (Foto: Barbara Lopes)
Professor do Núcleo de Estudos e Pesquisas em Animais Selvagens da UENF mostra trabalho da universidade a crianças: divulgação científica na Quinta da Boa Vista (Foto: Barbara Lopes)

Dia 8 de julho é o Dia Nacional da Ciência e o Dia Nacional do Pesquisador e, para celebrar, a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) promoveu no Rio de Janeiro o Domingo com Ciência na Quinta, evento com mais de 150 experimentos e exposições de diferentes áreas e instituições que buscou ainda divulgar a ciência e protestar contra os cortes no setor e na educação. A mistura de celebração e protesto não ficou restrita ao Rio de Janeiro: em São Paulo, a Marcha pela Ciência ocupou trecho da Avenida Paulista no domingo (06/07) onde se ouviram os gritos de “Ciência é investimento, balbúrdia é o governo” e “Vem, vem pra rua vem pela ciência”. Em Belo Horizonte, o Dia Nacional da Ciência foi celebrado no sábado no Centro de Referência da Juventude. Em Recife, também no domingo, a comemoração foi na Praça da Várzea.

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Na Quinta da Boa Vista, música, teatro, dança, piquenique, roda de conversa e, claro, muita ciência, deixaram especial o domingo das centenas de pessoas que passaram pelo lugar. O espetáculo Quanta Energia, apresentou às crianças os Cientistas Malucos da MadScience, que ensinaram sobre Nicola Tesla e a energia elétrica. Os amigos do Museu Nacional – instalado no Palácio São Cristóvão, na própria Quinta – marcaram presença. Pesquisadores e estudantes do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) levaram para o evento diversas barracas com pesquisas e programas, como o Método Wolbachia, para mosquitos Aedes aegypt, o programa “Você sabe o que é malária?” e a 10ª edição da Olimpíada Brasileira de Saúde e Meio Ambiente.

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A UERJ Ciência levou para o evento experimentos com pêndulos e outros instrumentos da mecânica clássica. O Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas deixou crianças encantadas com experiências com imãs, espelhos esféricos e nitrogênio líquido. O Instituto de Física da PUC Rio também marcou presença no evento com experimentos de indução, imagem real, imagens múltiplas, canhão de Gauss, Ludião e cama de faquir.

A Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) Solos explicou como o plantio direto é mais econômico e sustentável do que o tradicional, que ocasiona maior perda de minerais, culminando na erosão no solo. Para o pesquisador Claudio Capeche, os agricultores estão cada vez mais aderindo a essa forma menos agressiva de lidar com o solo. “A ideia é de que as pessoas se sensibilizem cada vez mais”, afirma. Outra medida sustentável apresentada é a Tinta de Terra, que é feita a partir da mistura de duas partes de terra, uma parte de cola branca e água para misturar. Dependendo do tipo de terra, a cor da tinta fica diferente e o benefício de ser atóxica, permite que as crianças a utilizem com segurança.

O experimento do Casnav (Centro de Análises de Sistemas Navais), da Marinha do Brasil foi um dos mais concorridos: Óculos de realidade virtual que simulam a queda de um paraquedas. A Universidade Estadual do Norte Fluminense (UENF) também levou para o evento, experimentos como a Xiloteca, um local para o armazenamento de coleções botânicas de madeira, o programa para o aleitamento materno “Leite Alimento que faz crescer”, a medicina veterinária e as zoonoses também tiveram lugar de destaque no evento como o Núcleo de estudos e Pesquisas em Animais Selvagens (NEPAS) que realiza a reabilitação da fauna, o ensino, pesquisa e extensão.

A UFRJ foi representada por sua Associação dos Docentes da UFRJ e por projetos como o do Instituto de Nutrição com o projeto Pegada Hídrica das Refeições, que busca ampliar a sustentabilidade na produção de refeições mostrando o impacto hídrico causado pelos alimentos consumidos pela população. Outro projeto apresentado foi o da Escola de Química, com o Laboratório de Ecologia e Processos Microbianos que apresentou bactérias e fungos comuns ao nosso meio ambiente.

As apresentações artísticas e o piquenique aconteceram durante todo o evento e por todos os lados haviam pais satisfeitos e crianças entusiasmadas por adquirirem mais conhecimento de forma fácil e divertida. Os pesquisadores se mantiveram na árdua tarefa de serem explicativos para que todos entendessem seus trabalhos e o evento conseguiu unir e integrar diferentes públicos e trazer, ainda mais, a ciência para perto de todos.

Presidente da SBPC, que completa 71 anos neste dia 8 de julho, o físico Ildeu Moreira explicou que o evento tem exatamente o objetivo de divulgar a ciência e aproximá-la do público. “Estamos aqui para mostrar que a ciência é bonita, é divertida e é importante para todo mundo. Neste momento difícil que o país enfrenta, com cortes na educação e na ciência, é ainda mais fundamental valorizarmos o conhecimento”, afirmou o presidente da SBPC, que participou do evento ao lado do diretor do Museu Nacional, Alexander Kellner.

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52/100 A série #100diasdebalbúrdiafederal pretende mostrar, durante esse período, a importância das instituições federais e de sua produção acadêmica para o desenvolvimento do Brasil

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Barbara Lopes

Formada em Letras/Literaturas pela Universidade Federal Fluminense, carioca que não vai à praia, mas vive na floresta e na selva da cidade. Cursando graduação em Jornalismo na UFRJ. Acredita que a leitura e o diálogo transformam o mundo.

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