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Para a juventude periférica celebrar a vida e disputar a cidade

Escuta Festival reúne arte e ativismo para valorizar a cultura e a diversidade das periferias

ODS 10 • Publicada em 14 de fevereiro de 2025 - 09:31 • Atualizada em 14 de fevereiro de 2025 - 09:32

Será que todos os jovens da cidade têm a mesma oportunidade de vivenciá-la, de se expressar através da arte e da cultura? E se a arte pudesse florescer onde a vida pulsa com mais intensidade, nas margens da cidade, nas periferias onde a juventude anseia por representatividade e por espaços de expressão?

Questionando isso e atuando – tudo ao mesmo tempo -, o Escuta Festival emerge como um catalisador de encontros, memórias e ancestralidade, oferecendo uma plataforma para que corpos dissidentes e rebeldes celebrem a vida e disputem a cidade. O festival, em sua quinta edição, adota o tema “Corpo utopia”, convidando o público a refletir sobre a ‘’possibilidade de uma nova cidade, moldada pelos corpos que nela habitam e criam’’.

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Osmar Paulino, curador do festival, ressalta que “a maior parte da cidade é margem”. Ele destaca a importância de ‘’valorizar o conhecimento e as experiências de vida dos moradores das periferias’’, em vez de tentar reinventar a roda. O objetivo é trazer à tona a potência desses corpos que constroem a cidade, celebrando-os de forma crítica.

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Erika Tambke, também curadora do Escuta Festival 2025, complementa essa visão ao afirmar que “a arte é tanto expressão do que vivemos como uma experiência das nossas expressões de todo dia”. Para Erika, o festival busca trazer fragmentos das sensações e experiências da metrópole, ‘’promovendo a conexão entre os corpos e a cidade’’.

Escuta Festival: arte e ativismo para valorizar a cultura e a diversidade das periferias (Divulgação)
Escuta Festival: arte e ativismo para valorizar a cultura e a diversidade das periferias (Divulgação)

O festival se propõe a ser um espaço de troca e construção coletiva, onde a cultura popular das periferias se manifesta em sua diversidade. A ideia de “trocação”, mencionada por Jorge Freire, supervisor de Educação e Territórios do Instituto Moreira Salles (IMS, organizador do festival), representa o **encontro entre corpos que celebram a vida e a luta pela cidade**. Essa troca se materializa em diversas atividades, como paineis de debate, oficinas, apresentações musicais e performances, criando um “grande caldeirão” de experiências.

O MUHCAB (Museu da História e da Cultura Afro-Brasileira) foi escolhido como palco desta edição, por ser um lugar de resistência, história e memória da cultura afro-brasileira. Osmar Paulino enfatiza que o espaço do festival também está carregado de ancestralidade, permitindo aos participantes ‘’conectar-se com a história daqueles que pisaram naquele solo antes deles’’. Erika Tambke destaca a feliz união entre o festival e o museu, que compartilham premissas e propósitos.

O Escuta Festival oferece uma programação diversificada, com atividades para todas as idades e interesses. As crianças têm um espaço dedicado, o “Escutinha”, com vivências sensoriais, atividades de artes visuais, musicalidade e contação de histórias. Adultos e jovens podem participar de oficinas, performances, shows e rodas de samba, celebrando a cultura e a identidade negra.

Ao trazer o protagonismo da cultura periférica para o centro da cidade, esta plataforma se torna mais um espaço fundamental na promoção da diversidade e na valorização dos saberes e fazeres dos jovens que constroem a cidade. O evento se torna uma possibilidade de celebração da vida, de resistência e de construção de um futuro mais justo e igualitário para todos, numa cidade que em uma mesma semana, viu ir às chamas o trabalho de todo um ano para o Carnaval e com o coração nas mãos, teve a sua veia principal (Avenida Brasil), parada por conta de tensões entre civis armados e a Polícia.

É preciso seguir admitindo que existe vida, como diz a canção. O Escuta é a prova viva.

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