Gente que cuida de bicho e bicho que cuida de gente. Um dos lemas da Associação Centro de Convivência Humano Animal (Humanimal) mostra que não há como separar o cuidado com as pessoas do tratamento digno com os animais que vivem ao nosso lado. Essa ONG, com sede em São Bernardo do Campo (SP), região do ABC Paulista, foi criada, em 2008, por um trio de mulheres apaixonado por bichos: as psicanalistas Sueli dos Santos Miyamoto e Simone Stahlsschmidt, e a aposentada Maria Sabatini.
“Temos uma proposta diferente. Gostamos dos animais e das pessoas. Sonhamos com uma sociedade harmônica e, para isso, é preciso mudar o pensamento das pessoas. Uma pessoa feliz não chuta cachorro, não maltrata crianças, não abandona idosos”, opina Sueli Miyamoto.
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Veja o que já enviamosA ideia de criar uma ONG nasceu no dia em que Simone encontrou uma cadela pit bull atropelada e chamou Sueli para ajudar a levar o animal para o veterinário. “Não tínhamos onde deixá-la durante o pós-operatório, então a levamos para o nosso consultório. Ali começou a nossa conscientização de que havia outras formas de vida que precisavam de cuidado. A cadelinha continua conosco, é nossa mascote”, conta Sueli. A associação tem caráter de utilidade pública municipal e participa do Conselho Gestor de Saúde da cidade, propondo políticas públicas relacionadas à defesa dos animais. “Participamos de todos os tipos de ações que possam ser ligadas à causa, como passeatas, manifestações, grupos de debates, palestras, ‘cãominhadas’ (passeios com cachorros de caráter terapêutico, com crianças especiais) ”, lembra.
[g1_quote author_name=”Sueli Miyamoto” author_description=”presidente da ONG Humanimal” author_description_format=”%link%” align=”left” size=”s” style=”simple” template=”01″]Gostamos dos animais e das pessoas. Sonhamos com uma sociedade harmônica e, para isso, é preciso mudar o pensamento das pessoas. Uma pessoa feliz não chuta cachorro, não maltrata crianças, não abandona idosos
[/g1_quote]Antes de fundarem a Humanimal, elas acompanhavam histórias de pessoas que, individualmente, cuidavam de vários bichos abandonados em suas casas. Algumas tinham mais de 50 animais. Quando estes cuidadores morriam, era um grande problema arranjar abrigos para os cachorros e os gatos. A ideia de criar a ONG foi justamente para realizar um projeto com futuro, uma ação coletiva.
Casa de Passagem
O local onde ficam os animais se chama Casa de Passagem. Lá vivem, atualmente, 54 cachorros. A Humanimal já chegou a abrigar mais de 100 bichos. “Ter este tipo de abrigo grande é como enxugar gelo. Os voluntários vão no abrigo ajudar no mutirão de limpeza. Mas o nosso objetivo, no futuro, é acabar com o abrigo e trabalhar com lares temporários. Ou seja, ajudar as pessoas a cuidarem dos cachorros e gatos em suas casas, em células menores. “Nossa ideia é oferecer ajuda a estas pessoas para conseguir ração, medicamentos, veterinários mais em conta, lares temporários para os animais que elas recolhem e ajudar na divulgar as ações de adoção. Assim, podemos ampliar o trabalho e ajudar mais animais em perigo”, diz Sueli.
Sueli conta que os cuidadores não precisam apenas desse auxílio prático, mas, muitas vezes, de ajuda emocional e psicológica. “Tem gente que tem muitos animais em casa e acaba não doando, porque acredita que só ela sabe cuidar. Esse comportamento pode mudar com tratamento psicológico, e nosso objetivo é também oferecer este tipo de ajuda aos que protegem os animais”, explicou a psicanalista.
Após as adoções, a Humanimal continua dando apoio aos donos. O contato é permanente. “Não queremos nos livrar dos bichos, mas doá-los para que eles vivam bem e não sejam jogados na rua. Por isso, fazemos este acompanhamento”, explica. Sueli lamenta que a proporção entre adoção e abandono seja tão desfavorável. Para cada animal animal adotado, cinco são abandonados. A ONG é sustentada, principalmente, pela realização de bingos beneficentes. São quatro por ano. Cada um deles arrecada, em média, R$ 5 mil.
A ideia de conscientizar as pessoas sobre a importância de tratar bem os animais sempre esteve presente, desde a criação da associação. Um ano depois de formada, a ONG registrou na prefeitura o projeto Parque da Humanimal. “Há famílias que, por várias razões, não podem ter um bicho. Então, tivemos a ideia de propor um local onde as crianças pudessem interagir com os bichos já treinados. Seria um parque educacional e sustentável, com restaurante vegano. Animais são ótimas ferramentas para desenvolver afeto em crianças e adultos”, explica a psicanalista. A ideia ainda não saiu do papel, mas Sueli continua alimentando esse sonho.