Batendo bola com o futuro

StreetWorldFootball-Foto de Divulgação

Streetfootballworld - SFW

Por Wilson Aquino | Mapa das ONGsODS 10 • Publicada em 5 de setembro de 2016 - 08:00 • Atualizada em 3 de setembro de 2017 - 01:21

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Futebol no Brasil é um dos caminhos para a ascensão social

O futebol é o mais popular dos esportes no mundo. Mas, bater uma bolinha é muito mais do que uma brincadeira ou atividade física. No campo, quadra, areia ou qualquer pedaço de chão, jovens aprendem a respeitar regras e a trabalhar em equipe.  Através do futebol é possível fazer amigos. Quantos times montados na adolescência, às vezes, permanecem unidos mesmo quando as pernas não suportam mais a correria?

No Brasil, no entanto, o futebol também é encarado como caminho para a ascensão social. Muitos jovens de periferias e comunidades carentes sonham em se profissionalizar para ganhar fama e dinheiro. O futebol tem esse poder de transformar destinos. Mas é possível mudar o mundo através desse esporte?

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Para nós, futebol e direitos humanos são conceitos inseparáveis

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Uma entidade nascida na Alemanha, em 2002, e que se disseminou por boa parte do planeta, acredita nesse potencial do futebol. A Streetfootballworld  (SFW) joga com a possibilidade de usar o esporte para disseminar conhecimentos em várias áreas, como gênero, enfrentamento ao racismo, meio ambiente, cultura de paz e trabalho. “Para nós, futebol e direitos humanos são conceitos inseparáveis. Entendemos que a prática do futebol (e do esporte, como um todo) é um direito humano fundamental de todos e de todas nós, garantido por lei, inerente à dignidade da pessoa humana. Além disso, a comunidade utiliza o próprio futebol para promover os direitos humanos, como os direitos das crianças e dos adolescentes ao desenvolvimento, à saúde, à educação e ao trabalho”, explica o diretor de Comunicação da ONG, Victor Oliveira.

A Organização foi criada a partir de um trágico acontecimento que chocou o mundo da bola: o assassinato do jogador da seleção colombiana Andrés Escobar nas rua de Medellin, Colômbia, cuja morte estava ligada a um gol contra marcado por ele na Copa do Mundo de 1994. O incidente marcou o alemão Jürgen Griesbeck, que passou a se questionar como um jogo baseado na justiça e no espírito de equipe, poderia gerar tamanha violência – e como a paixão proporcionada por esse esporte poderia ser usada para promover boas ações.

Tendo isso em mente, ele desenvolveu na Colômbia o Projeto ‘Fútbol por la Paz’, que fazia uso do futebol para combater a violência nas ruas daquela cidade. O projeto começou reunindo gangues rivais em um mesmo jogo, sendo que o primeiro tempo era dedicado ao acordo de regras, o segundo ao jogo em si, e o terceiro ao diálogo entre os participantes para discutirem se as regras foram, de fato, cumpridas, atribuindo pontos às mesmas. Não havia árbitro, mas sim, um mediador.

Mulheres em campo

Futebol feminino é uma forma de promover a equidade de gênero

Com o tempo, as mulheres foram convidadas a participar dos jogos, em grupos mistos, o que demonstrou ser um fator importantíssimo para diminuir a violência dentro do próprio jogo e para promover a equidade de gênero na atividade. O objetivo era criar uma plataforma para o campo da transformação social por meio do futebol e reunir organizações que utilizassem o jogol como ferramenta para capacitar jovens em todo o mundo.

O projeto chegou ao Brasil em 2010. Começou pelo Rio de Janeiro e, desde então, tem se espalhado por todo o País, através de seminários, campanhas e workshops organizados para multiplicadores, educadores e professores . Atualmente, atende 3.490 beneficiários diretos e 150 mil indiretos. “Funcionamos em uma lógica de rede. Fortalecemos outras organizações no Brasil todo, como parte do nosso projeto”, conta Oliveira. Segundo ele, a rede no Brasil se chama Comunidade de Aprendizagem de Futebol para o Desenvolvimento. “Ela representa a mais ampla rede nacional de organizações que trabalham com o futebol para o desenvolvimento, reunindo cerca de 30 instituições de todas as regiões do país, que se conectam regularmente – por meios virtuais e presenciais – para cooperar, compartilhar informações e buscar oportunidades para o trabalho em conjunto”.

A SFW não faz qualquer exigência, que não seja o uso do futebol como ferramenta de desenvolvimento social, e nem condiciona o ingresso de jovens ao projeto a nenhum tipo de pré-requisito, como estar na escola, por exemplo. Mas, confere autonomia aos projetos agregados. “As organizações de nossa rede tem seus próprios critérios. Com isso, cada uma tem liberdade para fazer suas regras, de acordo com a cultura local e peculiaridades de cada caso”, esclarece o diretor de comunicação da SFW. O projeto não objetiva revelar craques, mas se surgir um fora de série cada organização que integra a rede tem liberdade para conduzir o caso de acordo com seus princípios.

Marta é madrinha da ONG

A  SFW é reconhecida internacionalmente por seu trabalho pioneiro na transformação social por meio do futebol, recebendo o Prêmio FIFA Fair Play (2006), o Laureus Sport for Good Award (2006), o Global Sports Award for Philanthropy and Cooperation through Sport (2010), o UEFA Monaco Charity Award (2011) e o European Citizen’s Award (2013). Além disso, o fundador e CEO Jürgen Griesbeck teve seu desempenho reconhecido pela Ashoka, Synergos, bem como pela Schwab Foundation, que o nomeou Empreendedor Social Europeu do ano de 2011. No Brasil, a SFW tem a craque e medalhista olímpica do futebol feminino Marta como madrinha.

Bola pra frente, porque o jogo é jogado.

Wilson Aquino

Wilson Aquino é repórter e autor do livro Verão da Lata (editora Leya)

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