Todo ano a história se repete: chega o verão, e Búzios, na Região dos Lagos do Rio de Janeiro, é invadida por uma multidão de turistas. As praias se enchem de visitantes, as vias ficam paralisadas em intermináveis engarrafamentos, o pequeno centro entope de gente. A cidade incha, deixando evidente seus limites de infraestrutura. Falta água, falta luz, sobra lixo e o esgoto transborda. Terrenos baldios são cercados e áreas verdes invadidas para dar lugar a estacionamentos temporários que cobram taxa única de até R$40. Além dos carros e ônibus que superlotam a cidade, navios roubam a cena e se impõem como cartão postal. O maior deles com capacidade para mais de 3.200 passageiros. Somente em janeiro, serão mais de 20 cruzeiros a fazer escala no balneário. Durante o tempo em que permanecem atracados, esses edifícios flutuantes transformam a paisagem de Búzios, criam uma relação de escalas desproporcionais em que o homem e a natureza se tornam elementos mínimos dessa convivência.