Carlos Augusto Pinto, de São Gonçalo, município do Grande Rio, tem um pequeno comércio de alimentos, como tantos outros no país. Ele é um dos 16 microempreendedores que “estrelam” o documentário “CenaRIO: Sustentabilidade em Ação”, modelo a ser replicado nos 166 países em que atua o Pnud, Programa da ONU para o Desenvolvimento. A razão: Carlos Augusto põe em prática, a cada dia, pequenas e simples lições de sustentabilidade. Ele vende ovos em colmeias ou enrolados em jornais, colocados em sacos plásticos. Mas combina com os clientes de retornarem as colmeias, jornais e sacos plásticos. Eles são descartados apenas depois de utilizados várias vezes. Ele também recicla garrafas plásticas e as vende com temperos caseiros.
[g1_quote author_name=”Layla Saad” author_description=”Vice-Diretora do Centro Rio+” author_description_format=”%link%” align=”left” size=”s” style=”simple” template=”01″]O documentário mostrará ao mundo que a energia, a participação e a empolgação que tanto marcaram a Rio+20 continuam vivas e ativas, representadas por iniciativas inspiradoras – afirma Layla Saad, vice-diretora do Centro Mundial para o Desenvolvimento Sustentável do PNUD, o Centro RIO+.
[/g1_quote]O Centro RIO+, da ONU, se orgulha de mostrar o trabalho dos 16 microempreendores como um legado da Rio+20, ocorrida há quatro anos para elaborar a agenda global de preservação dos recursos naturais – a Agenda 2030. São iniciativas simples, mas com potencial para impactar decisivamente a maneira como devemos viver e produzir num mundo em mutação, diante dos desafios das mudanças climáticas que põem em xeque o futuro da humanidade.
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Veja o que já enviamosA cearense Eliete Gomes, 52 anos, é uma feirante. Ela participa do projeto Rio Economia Solidária, que organiza feiras de produtos artesanais no chamado Circuito Carioca. Seus produtos não param na “prateleira”. São blusas e bolsas customizadas a partir de malhas compradas e modeladas pela artesã, com estampas e adornos bordadas com retalhos doados. E aqui surge outra face do trabalho em “CenaRIO”: o empoderamento de trabalhadores que conseguem talvez o resultado mais desejado de uma atividade sustentável: renda para manter a família.
– O documentário mostrará ao mundo que a energia, a participação e a empolgação que tanto marcaram a Rio+20 continuam vivas e ativas, representadas por iniciativas inspiradoras – afirma Layla Saad, vice-diretora do Centro Mundial para o Desenvolvimento Sustentável do PNUD, o Centro RIO+.
Alguns dos protagonistas do documentário foram capacitados pelo Projeto Ressignificando o Futuro, da Escola Nacional de Seguros (ENS), que une inclusão social e empreendedorismo. É o caso da arquiteta Cristina Camargo Barroso e do artesão Julio César de Moraes. Cristina atua em projetos de restauração e preservação de imóveis em Áreas de Proteção do Ambiente Cultural (APACs), principalmente na região do Porto Maravilha. Ela trabalha em mais de 20 projetos de restauração.
Julio Cesar, morador do Vidigal, 56 anos, confecciona bolsas, cintos, pulseiras, brincos e peças em macramê utilizando material reciclado, como garrafas pet e caixas de leite. Morador do Vidigal, ele faz parceria com o filho, Ricardo. A sustentabilidade é a base do negócio, que já tem clientes em outros estados. Os microempreendedores receberam informações sobre como transformar suas habilidades em um negócio, com noções de técnicas de gestão.
Munidos de celulares, 30 estudantes da ENS pesquisaram iniciativas e negócios criativos que fazem a diferença e que possibilitaram a elaboração do documentário. Eles participaram de um projeto piloto para criar um modelo de engajamento de jovens, a ser exportado para 166 países. No decorrer de um semestre, denominado Semestre do Desenvolvimento Sustentável, alunos da ENS percorreram o Rio e a Baixada Fluminense para divulgar a agenda da ONU para o desenvolvimento.
Alguns fizeram do desafio o trabalho de conclusão do curso. É o caso de Gabriela Notz, do 8º período do Curso de Administração e Seguros da ENS, que acompanhou de perto as atividades da Casa de Cláudia, uma organização religiosa com décadas de atuação em São João de Meriti, Baixada Fluminense. Cláudia Mattos, da Casa, explicou que, em dado momento, a instituição verificou que as pessoas que costumava ajudar, todas abaixo da linha de pobreza, sempre voltavam. E concluiu que era preciso criar um programa para ensinar uma ocupação à chefe da família (99% são mulheres), de forma que ela pudesse tornar sua família sustentável. Nasceu o programa Fé no Futuro. Hoje, a instituição tem oficinas de cabelereiro, culinária e artesanato, onde as pessoas aprendem um ofício e praticam a sustentabilidade.
As peças de artesanato, por exemplo, são feitas a partir de reciclagem de material. Para receber o óleo de cozinha novo da cesta básica, os participantes devem levar o óleo usado da cesta anterior. Deixam, assim, de jogá-lo fora em esgotos, valões ou cursos d’água, e com isso adquirem maior consciência ecológica. Segundo Mario Pinto, diretor de ensino superior da ENS, a parceria com a ONU é um exemplo das transformações que podem ser obtidas com poucos recursos.