A exemplo do muro erguido em Berlim em 1961, no auge da Guerra Fria, uma barreira de metal que acompanha boa parte do traçado da recém-inaugurada Orla Prefeito Luiz Paulo Conde dividiu a região da Praça 15 em setores leste e oeste e provocou a ira de muitos donos dos cerca de 80 bares e restaurantes que ficam na Rua do Ouvidor e no seu entorno.
[g1_quote author_name=”Carlos Eduardo dos Santos” author_description=”Dono do Bar Mercadores” author_description_format=”%link%” align=”left” size=”s” style=”simple” template=”01″]Sofremos com a poeira, o barulho e outros transtornos causados pela obra e, agora, ficamos isolados da festa graças a esse muro de Berlim.
[/g1_quote]Confinados no setor oeste, os comerciantes acabaram separados da movimentação dos milhares de cariocas e turistas que percorrem os cerca de 1.500 metros da nova grande atração da cidade, obra que reconciliou o Centro do Rio com o mar e que liga as praças 15 e Mauá.
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Veja o que já enviamosO paredão impede que os visitantes da Orla possam, no meio do caminho, dar uma parada para comer e beber nos bares e restaurantes que ficam numa das áreas mais antigas e charmosas do Rio.
“Sofremos com a poeira, o barulho e outros transtornos causados pela obra e, agora, ficamos isolados da festa graças a esse muro de Berlim“, reclama Carlos Eduardo dos Santos, proprietário do Bar Mercadores, na esquina das ruas do Mercado e do Ouvidor.
Segundo ele, a prefeitura prometera que o muro, instalado no início das obras de demolição da Perimetral, seria retirado antes da Olimpíada. Mas diz que o compromisso foi esquecido e que o paredão ficará por lá até o fim da Paralimpíada: “Poderíamos ter faturado mais”, lamenta.
Santos conta que pediu ajuda ao subprefeito do Centro e Centro Histórico, Luiz Claudio Vasques, que, por sua vez, levou o pedido de retirada da grade ao prefeito Eduardo Paes. Mas a reivindicação não foi aceita.
Dono da Toca do Baiacú, bar que promove o Samba do Peixe na Rua do Ouvidor, Marco Antonio Targino Ferreira, engrossa as queixas. Assim como Santos, atribui a decisão da prefeitura a interesses comerciais, já que na Orla, no lado leste da barreira, há quiosques e food trucks licenciados que vendem comidas e bebidas.
[g1_quote author_name=”Ramon Dominguez” author_description=”Dono do Rio Minho” author_description_format=”%link%” align=”left” size=”s” style=”simple” template=”01″]Depois da Paralimpíada nós iremos à forra, isso aqui ficou muito bonito, será ótimo para todos.
[/g1_quote]A prefeitura diz que decidiu limitar os pontos de acesso por questões de segurança já que, assim, conseguiria controlar melhor o fluxo de visitantes. Mas os comerciantes questionam esta explicação. “Aquilo virou um ‘corredor polonês’, se houver um tumulto não há como dispersar a multidão, a menos que as pessoas pulem no mar”, critica Ferreira.
Durante a Olimpíada, havia tantas pessoas por lá que, em dias de maior visitação, foi estabelecido o sistema de mão única: pedestres só podiam percorrer os cerca de 1.500 metros do caminho no sentido Praça 15-Praça Mauá.
Mas nem todos os comerciantes da área têm queixas. Dono do Belmonte, do Cais e do Gengibre – todos na região da Ouvidor -, Antônio Rodrigues diz que não tem do que reclamar. Segundo ele, o muro não impediu que seus estabelecimentos recebesse um grande público durante os eventos.
“Está muito melhor. Não tem ambulante, a segurança melhorou, recebemos muitos clientes”, declara.
Dono do Rio Minho, restaurante fundado há 132 anos e que fica bem ao lado do muro, o espanhol Ramon Dominguez, prefere uma solução diplomática. Lamenta que a barreira não tenha sido retirada antes da Olimpíada, o que teria permitido um aumento na ocupação de suas mesas, mas, ao mesmo tempo, elogia a obra que fica logo ali, no lado leste.
“Depois da Paralimpíada nós iremos à forra, isso aqui ficou muito bonito, será ótimo para todos”, comemora.