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Mestres das Periferias e o debate sobre a cidade do Rio

Coletivos e iniciativas culturais têm papel crucial na construção de um município mais democrático e sustentável

ODS 10ODS 11 • Publicada em 4 de julho de 2025 - 09:03 • Atualizada em 4 de julho de 2025 - 09:38

A recente divulgação e formação dos vencedores do edital Mestres das Periferias, conduzida pela Universidade Internacional das Periferias (Uniperiferias), instituição nascida na Favela da Maré, acende os holofotes sobre um debate fundamental para o futuro do Rio de Janeiro: o papel crucial dos coletivos e iniciativas culturais das periferias na construção de uma cidade mais democrática e sustentável.

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O edital, que em 2025 direcionou sua chamada para artistas e coletivos culturais da Região Metropolitana do Rio, reforça a ideia de que a cultura periférica não é apenas resistência, mas também um motor de desenvolvimento e inovação. Assim, grupos puderam pleitear financiamento, através de uma chamada, impulsionando o que já fazem. Esgotam-se as nuances e linguagens: música, dança, teatro e rodas de conversa, como exemplos e provas vivas de que as periferias são berços de talento e criatividade.

Evento com vencedores do edital Mestres da Periferia: coletivos e iniciativas culturais das periferias têm papel crucial na construção de uma cidade mais democrática e sustentável (Foto: UNIperiferias)
Evento com vencedores do edital Mestres da Periferia: coletivos e iniciativas culturais das periferias têm papel crucial na construção de uma cidade mais democrática e sustentável (Foto: UNIperiferias)

Cabe ressaltar: nos últimos 15 anos, o Rio de Janeiro testemunhou uma efervescência sem precedentes de coletivos e movimentos culturais nas periferias, que redefiniram não apenas a atuação de grupos sociais, mas a própria forma como a juventude se percebe e interage com a cidade. Essa mudança de paradigma é um reflexo direto do acesso ampliado à educação superior para jovens oriundos das favelas e comunidades, que agora não só ocupam as universidades, mas também retornam aos seus territórios com uma nova bagagem de conhecimento e um ímpeto renovado para a transformação social.

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É representativo que justamente essa juventude, que cresceu imersa nas realidades e desafios de suas comunidades, encontre na universidade ferramentas para formular pensamento crítico, analisar as estruturas sociais e desenvolver projetos inovadores. Ao invés de se desvincular de suas origens, muitos desses estudantes utilizam o conhecimento adquirido para fortalecer as pautas de seus territórios. E, a partir disso, influenciar, pela micropolítica, a metrópole, o estado e – por quê não? – o país.

Há quase exatos 15 meses da disputa eleitoral que girará em torno de quem será o novo governador, urge discutirmos, sobretudo, como fica a cidade. E mais que isso: debatê-la.

Ao reconhecer e investir nesses coletivos, adicionamos um tempero a mais nesse caldo: o do que o Rio de Janeiro valorize sua diversidade, que promova a inclusão e que entenda que as soluções para os desafios urbanos muitas vezes nascem nas comunidades que mais os sentem.

É só mais um lembrete de que o futuro do Rio passa, inegavelmente, pelas mãos e mentes daqueles que historicamente foram marginalizados. É tempo de ouvir, apoiar e aprender com eles, os mestres das periferias.

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