Movimento Julho Negro faz ato no Rio

Protesto contra violência do Estado e racismo ocupa Largo da Carioca

Por Flavia Milhorance | ODS 16Sem categoria • Publicada em 27 de julho de 2019 - 17:01 • Atualizada em 27 de julho de 2019 - 17:21

Integrantes de movimentos sociais e parentes de pessoas atingidas pela polícia em ato na Carioca (Foto Flavia Milhorance)
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Integrantes de movimentos sociais e parentes de pessoas atingidas pela polícia em ato na Carioca (Foto Flavia Milhorance)

Integrantes de movimentos sociais de favelas e familiares de pessoas mortas ou atingidas pela polícia realizaram, nesta sexta-feira (26/07), um ato no Largo da Carioca, no Centro do Rio de Janeiro, contra os abusos do Estado. Esta é a quarta edição anual do movimento Julho Negro, uma articulação internacional de combate ao racismo, à militarização e ao genocídio.

Participantes não apenas do Rio, mas de outros estados brasileiros e até de países da América Latina, como Venezuela e México, representaram grupos de defesa dos direitos humanos e fizeram parte das discussões no centro da capital fluminense. Eles cobram reparação da violência estatal contra a população pobre e negra.

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Estou representando um movimento que eu não queria, porque quem quer vestir uma camisa que simboliza a morte do seu filho?

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De Fortaleza, Edna Carla Souza lembrou a morte de seu filho Alef, então com 17 anos, durante a Chacina do Curió. Em 2015, 11 pessoas foram mortas em represália ao assassinato de um PM durante uma tentativa de assalto, segundo as investigações. Quarenta e cinco policiais estiveram envolvidos na ação contra moradores de Curió e outros bairros de baixa renda da capital do Ceará.

“Estou representando um movimento que eu não queria, porque quem quer vestir uma camisa que simboliza a morte do seu filho?”, afirmou a mãe com lágrimas nos olhos. “Os matáveis estão lá na periferia. Os procurados pelo Estado estão lá. E não precisa dever ao Estado não, basta você ser pobre que você já passa a ser procurado pelo Estado”.

Priscila Serra é irmã de um preso recluso no Instituto Penal Antônio Trindade (IPAT), em Manaus, um dos presídios que foi palco de um massacre com 55 mortos este ano. Só no IPAT, 25 pessoas morreram. “Estou há 60 dias sem ter notícia do meu irmão”, contou Serra.

“Os internos sofrem torturas físicas e psicológicas”, denuncia a jovem. “Os policiais colocam fundo musical para agredir os detentos, chamam as mulheres das famílias de ‘depósito de esperma’, há casos de mulheres que descolaram a placenta por conta da revista policial violenta. A humilhação tanto dos detentos quanto dos familiares é constante”.

Flavia Milhorance

Jornalista com mais de dez anos de experiência em reportagem e edição em veículos de imprensa do Brasil e exterior, como BBC Brasil, O Globo, TMT Finance e Mongabay News. Mestre em jornalismo de negócios e finanças pelas Universidade de Aarhus (Dinamarca) e City University, em Londres.

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