Multidões tomaram as ruas nas capitais e em outras grandes cidades do Brasil neste domingo (14/12) para protestar contra a aprovação do chamado PL da Dosimetria, o projeto de lei que pretende diminuir o cálculo das penas (dosimetria) de condenados pelos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023 e beneficiar o ex-presidente Jair Bolsonaro. As manifestações também incluíram críticas ao Congresso Nacional pela aprovação do PL da Devastação e do Marco Temporal
Em Brasília, centenas de pessoas se reuniram em frente ao Museu da República e se dirigiram ao Congresso, onde gritaram palavras de ordem e ergueram cartazes com os dizeres “Sem anistia para golpista”. Também houve criticas ao presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), principal alvo, ao lado do condenado ex-presidente Jair Bolsonaro, cumprindo pena na Polícia Federal, dos protestos em todo o país.
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Em São Paulo, milhares de manifestantes ocuparam a Avenida Paulista, na região central da capital, para protestar contra a aprovação do Projeto de Lei (PL) da Dosimetria, pela Câmara dos Deputados. No ato, estavam presentes representantes de centrais sindicais de trabalhadores, movimentos sociais e estudantis e de partidos políticos. “A convocação desse ato foi motivada pela votação que aconteceu na Câmara dos Deputados essa semana do PL da Dosimetria. Nós entendemos que é uma anistia e que os crimes que foram cometidos contra a democracia são muito graves e não podem ser perdoados, até porque a impunidade faz com que venham outras tentativas de golpe depois”, disse a militante Juliana Donato, da Frente Povo Sem Medo.
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Veja o que já enviamosOs manifestantes entoaram, em coro, diversas vezes “sem anistia” durante o protesto, além de carregarem cartazes com mensagens como “Congresso inimigo do povo”, com destaque de crítica contra o presidente da Câmara Hugo Motta. Há ainda quem se vestiu de verde e amarelo para protestar também contra a anistia dos golpistas e contra os retrocessos promovidos pelo Congresso.
No Rio de Janeiro, milhares de pessoas ocupam as ruas próximas ao Posto 5, em Copacabana, na zona sul, em ato liderado pelo cantor e compositor Caetano Veloso, que teve a participação de artistas como Gilberto Gil, Chico Buarque, Paulinho da Viola, Duda Beat, Lenine, Xamã, Sophie Charlotte, Leila Pinheiro, Zélia Duncan, Baco Exu do Blues, Emicida, Tony Bellotto, Fernanda Abreu, Fafá de Belém e Tony Belotto, apresentados pelo ator e humorista Paulo Vieira.
Outros artistas estavam misturados aos manifestantes. “A gente veio aqui depois de uma semana infernal, de desrespeito às leis, aos povos indígenas, e ao povo brasileiro com um PL da Dosimetria, que na verdade, é aceitação do golpismo. São muitas bombas”, disse a atriz Camila Pitanga, que participou ao lado do pai, Antônio Pitanga, e de Luís Miranda, Marcos Caruso, Emanuelle Araújo, Heloísa Perissé, Mariana Xavier, Cissa Guimarães e dezenas de artistas.
Mesmo sem subir ao carro de som, a cantora Teresa Cristina fez questão de estar presente ao ato. “Passamos uma semana muito difícil. Como que pode colocar em votação um projeto de anistia maquiada 1h da manhã? Nunca vi o Congresso Nacional reunido de madrugada, na surdina, na calada da noite, para botar algum tipo de benefício ao trabalhador”, protestou.
O deputado federal Glauber Braga, que teve seu mandato suspenso após ser ameaçado de cassação, também esteve na manifestação em Copacabana e agradeceu o apoio popular. “Nosso mandato não ficará sem gabinete porque o gabinete será a praça pública e a rua, mobilizando a luta contra a anistia dos golpistas”, disse o parlamentar do Psol/RJ, que também pregou o fim do orçamento secreto.
Em Salvador, os manifestantes se concentraram no Morro do Cristo, na Avenida Oceânica, de onde centenas de pessoas seguiram em direção ao Farol da Barra levando faixas e cartazes contra a aprovação do PL e cobrando pena máxima aos condenados do 8/01. Em Belo Horizonte, uma passeata seguiu da Praça Raul Soares, no Centro da capital mineira, com destino à Praça Sete, com manifestantes levando cartazes com frases como “sem anistia” e “não à impunidade”. Em Boa Vista, Roraima, e Porto Velho, Rondônia, os protestos focaram na aprovação do Marco Temporal pelo Senado.
