O Vale-Cultura, programa do governo federal que dá aos trabalhadores com carteira assinada um crédito de R$ 50 mensais para despesas com cinema, teatro e música, por exemplo, não é aceito pela grande maioria das livrarias, cinemas, teatros e lojas da cidade. Também, pudera. Atualmente, no Rio de Janeiro, apenas 133 empresas são cadastradas no projeto, menos de 1% das 192.065 empresas registradas em 2014 pelo IBGE. O número de beneficiários também é decepcionante: 45.472, ou 1,74% do total de trabalhadores assalariados no município.
[g1_quote author_name=”D.L” author_description=”Estudante” author_description_format=”%link%” align=”left” size=”s” style=”simple” template=”01″]Para quem pretende ir a shows, por exemplo, o valor é muito baixo. Até para ir ao cinema não ajuda tanto, porque a inteira já está custando quase R$30.
[/g1_quote]Em vigor desde 2013, o programa tem 1.301 empresas registradas em todo o país, segundo dados do Ministério da Cultura. Em vez de crescer, no entanto, a adesão vem caindo – de 837, registradas em 2014, para 91, em 2016. A condição para o trabalhador ganhar o vale, carregado com R$ 50 mensais (que podem ser cumulativos), é ter vínculo empregatício formal com empresas que aderiram ao projeto e remuneração de até cinco salários mínimos (R$ 4.400).
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Veja o que já enviamosJá para as empresas, a vantagem é a isenção fiscal. Negócios tributados com base no lucro real podem ter desconto de até 1% no Imposto de Renda. A Vale é uma das empresas que oferecem o Vale-Cultura a empregados. O estudante de Comunicação D.L., de 23 anos, usa o cartão há um ano, embora não trabalhe na empresa. O cartão é de sua irmã, funcionária da Vale. Ele conta só ter usado o benefício, no máximo, quatro vezes, por conta da pequena rede cultural credenciada:
– Esse Vale-Cultura é meio limitado. Eu tenho porque a minha irmã ganhou da empresa dela e não se interessa por cultura. Muitos lugares que parecem óbvios, como a Livraria Travessa, por exemplo, não aceitam o cartão. Quando quero ir ao cinema, preciso confirmar com antecedência se aceita ou não o vale. Não é difícil dizerem que não aceitam e até que desconhecem a sua existência.
D.L também reclama do valor de R$ 50 mensais. Por isso, acumula os saldos para compras mais caras, como jogos de computador:
– Para quem pretende ir a shows, por exemplo, o valor é muito baixo. Até para ir ao cinema não ajuda tanto, porque a inteira já está custando quase R$30. Eu, particularmente, opto pela estratégia de acumular o saldo e comprar um jogo ou algo mais caro que eu esteja querendo.
Os cinemas Estação Net Rio, Cine Joia e Espaço Rio Design são alguns dos que afirmam desconhecer o programa. O cinema do Instituto Moreira Salles, referência em exposições e atividades sobre a cultura brasileira, é outro local que não aceita o cartão. Em relação às livrarias, a Saraiva e a Cultura aceitam; já a Travessa, que tem sete lojas no Rio, aceita apenas os vales com a bandeira Ticket. Para os interessados em música e instrumentos musicais a vida também não é fácil. De 13 lojas procuradas no Rio, seis não aceitam o Vale-Cultura como forma de pagamento. Muitas atendentes sequer sabiam do que se tratava.
Carro-chefe da campanha de Crivella para a cultura
Durante a campanha para prefeito do Rio, Marcelo Crivella (PRB) apresentou o Vale-Cultura como sua principal proposta para a área. Prometeu, inclusive, reestruturar e ampliar o benefício. Porém, por ser um programa do governo federal, cabe ao Ministério da Cultura, e não à Secretaria Municipal de Cultura, qualquer intervenção, ampliação e reestruturação no projeto. Procurada para esclarecer de que forma o novo governo vai ampliar o acesso ao Vale-Cultura, a assessoria do prefeito eleito argumentou que Marcelo Crivella ainda discutirá com o governo federal os papéis que serão desempenhados pelo Ministério da Cultura e pela prefeitura na reestruturação do programa.
Além disso, a equipe do novo prefeito informou que as promessas ainda serão revistas, com o objetivo de cortar custos, e que o prefeito “não quer tomar qualquer decisão sem ouvir as pessoas”. A meta é chegar a 2017 com R$ 300 milhões no Orçamento do município, e aplicar 1% do ISS na cultura, obrigatório por lei. As propostas de campanha do prefeito já não estão mais em seu site oficial.
Faltou tentar entender pq as empresas não aceitam. Certamente há burocracia e demora para receber ou perdem $. Matéria que vê só um lado não é jornalismo, é panfletagem. Descubram pq não interessa a empresa se credenciar aí sim tá o pulo do gato dessa reportagem.