“Em tenho uma memória afetiva muito grande pela Praça Catolé do Rocha, aqui em Vigário Geral. Minha tia sempre me trazia. A praça é o nosso único lugar de lazer. Os bons vizinhos são o lado positivo de Vigário. Sou nascida e criada aqui. Normalmente, vivo muito fora de Vigário porque gosto muito de teatro e cinema, coisas que não se encontram aqui. Vou pro Centro e pra Gávea. A única coisa cultural daqui é o AfroReggae, mas não tenho costume de frequentar lá. Tem dois meses que estou desempregada, coisas da vida, mas normalmente trabalho com limpeza. Eu sou cozinheira de profissão, gosto de trabalhar com cozinha industrial, mas estão pedindo só homens. Por isso, parti para a limpeza.
No dia da chacina, eu estava em casa, tinha acabado de chegar do trabalho. Tem coisas que não valem a pena lembrar, quem dirá comentar. Se a gente ficar preso naquilo, a gente não vive. Hoje existe muita depressão porque as pessoas preferem ficar presas nessas coisas. Aconteceu sim e foi triste sim. Eu procuro não me prender a isso porque a vida continua. Gosto de me prender a memórias boas”.