“Eu cresci com a história da chacina. Eu tinha 3 anos na época. Cada pessoa e cada canto da favela tem uma história diferente sobre aquilo. Todo mundo em Vigário, mesmo que não tenha vivido, carrega um pouco dessa história. Crescemos ouvindo muitas histórias trágicas. Por isso, a sensação é que a gente vive numa montanha russa. Parece que a gente tá subindo e a qualquer momento a gente não sabe o que pode acontecer. A chacina foi de uma hora pra outra e ninguém esperava. O baile era o que tinha de lazer, independente de quem financiava. O samba na esquina, o palco que botaram lá pra cantar… é um lazer de quem mora aqui. Até uns dez anos atrás era o que Vigário Geral tinha de cultural.
Hoje os jovens tão com um pensamento diferente querendo estudar e ir pra faculdade. Eu já tive oportunidade de sair de Vigário, mas a gente foi vendo outras prioridades, teve meu irmão que casou… então preferimos investir na casa e fazer algo maior. Preferimos ficar e ter uma base legal do que sair e ficar passando sufoco. As pessoas constroem uma vida aqui dentro e não dá pra abandonar tudo de uma hora pra outra”.