Rio ganha o seu mapa solar

Potencial de geração de energia fotovoltaica na cidade é maior que o consumo residencial

Por Paula Autran e Reneé Rocha | ODS 7 • Publicada em 29 de agosto de 2016 - 08:00 • Atualizada em 29 de agosto de 2016 - 12:10

A área do porto do Rio, onde está o Museu do Amanhã, tem um dos melhores índices de incidência solar da cidade. Foto de Vanderlei Almeida/AFP
A área do porto do Rio, onde está o Museu do Amanhã, tem um dos melhores índices de incidência de sol da cidade. Foto de Vanderlei Almeida/AFP
A área do porto do Rio, onde está o Museu do Amanhã, tem um dos melhores índices de incidência solar da cidade. Foto de Vanderlei Almeida/AFP

Que o Rio é uma cidade solar, parece que ninguém duvida. Mas não só os cariocas que são cheios de energia. Os telhados da cidade também apresentam um excelente potencial energético. É o que se vê ao abrir o Mapa Solar do município do Rio de Janeiro, aplicativo lançado sexta-feira no Pavilhão OliAle, a casa olímpica da Alemanha nas areias do Leblon. O estudo, inédito no país, mapeou 1,5 milhão de telhados da capital e mostra que o potencial de geração fotovoltaica no Rio é maior que o consumo residencial da capital. Ele foi viabilizado a partir de um projeto de cooperação entre a Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Energia, Indústria e Serviços do Governo do Estado do Rio de Janeiro (Sedeis); a Empresa de Pesquisa Energética (EPE), do Governo Federal; o Instituto Pereira Passos, da prefeitura da cidade do Rio de Janeiro (IPP); e a Cooperação Alemã para o Desenvolvimento Sustentável, por meio da Deutsche Gesellschaft für Internationale Zusammenarbeit (GIZ) GmbH.

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Sempre nos surpreende ver que vocês têm tanto sol e usam tão pouco.

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“Estamos muito felizes de nos tornar uma das cidades do mundo, junto com Boston e Berlin, a ter um mapa solar como esse. Tudo começou quando a Empresa de Planejamento Energético (EPE) fez um levantamento dos telhados de estados brasileiros. São Paulo e Minas Gerais são os que têm maior potencial energético, mas Rio de Janeiro, Bahia, Paraná e Rio Grande do Sul também têm enorme potencial. O estado brasileiro com menor capacidade de gerar energia a partir da luz do sol é mais capaz do que o estado alemão de maior potencial”, conta o superintendente de Energia da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico, Energia, Indústria e Serviços (Sedeis), Sérgio Guaranys.”O Mapa é um produto muito legal, dá vontade de brincar”.

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A “brincadeira” é coisa séria, e pinta o mapa do Rio em quatro cores, do amarelo (considerável) ao vermelho (excelente). Entre eles há tons de laranja para simbolizar bom e muito bom. Resumindo: o potencial de energia do seu telhado será, no mínimo, considerável.

Mapa solar da região do porto. Do amarelo, potencial considerável, ao vermelho, que representa um índice excelente de insolação. Foto de Divulgação

O mapa é um aplicativo que está no site do Instituto Pereira Passos (IPP). Dentro dele, depois do ok inicial, você vê sua cidade de cima. Ai, é só colocar seu endereço e conferir o potencial energético do seu telhado. Você desce até sua casa, e aparece um pacote de informações, como a área do telhado e a avaliação do potencial solar.

“O IPP tem um mapa da cidade. Este mapa, com o auxílio de um logarítimo, dá uma real estimativa da incidência solar no seu imóvel”, detalha Guaranys, acrescentando que ali também é possível encontrar instaladores de paineis solares e, a partir de um simulador, calcular a economia na conta de luz com a instalação de um equipamento de energia fotovoltaica em casa. Isso porque, desde 2013, qualquer brasileiro pode conectar à rede elétrica um micro ou minigerador fotovoltaico e receber créditos na conta de luz pela energia excedente produzida.

Segundo Luiz Roberto Arueira, diretor de Informações da Cidade do IPP – órgão de pesquisa e informação sobre a Cidade do Rio de Janeiro, o Mapa Solar foi desenvolvido através de uma simulação 3D com base em dados tridimensionais do relevo e das edificações, exceto nas que estão em áreas de ocupação informal. Para o cálculo, foram escolhidos os dias com maior e menor insolação no ano de 2015.

“Sempre nos surpreende ver que vocês têm tanto sol e usam tão pouco”, observa  a primeira conselheira da Embaixada da Alemanha para Desenvolvimento Sustentável, Kordula Mehlhart. No setor de energia, Brasil e Alemanha trabalham juntos para fomentar, por exemplo, a geração distribuída e, assim, diversificar a matriz elétrica brasileira. No Brasil, é possível gerar três vezes o que é produzido pela usina de Itaipu por ano cobrindo as casas brasileiras com painéis solares. Com o apoio da GIZ, o Brasil criou uma normativa que permite a conexão à rede de sistemas fotovoltaicos. Hoje, cada telhado brasileiro pode ter painéis solares e gerar eletricidade para todos. Isso é bom para o clima e cria novos postos de trabalho – na Alemanha e no Brasil.

Paula Autran e Reneé Rocha

Paula Autran e Reneé Rocha se completam. No trabalho e na vida. Juntos, têm umas quatro décadas de jornalismo. Ela, no texto, trabalhou no Globo por 17 anos, depois de passar por Jornal do Brasil, O Dia e Revista Veja, sempre cobrindo a cidade do Rio. Ele, nas imagens (paradas ou em movimento), há 20 anos bate ponto no Globo. O melhor desta parceria nasceu no mesmo dia que o #Colabora: 3 de novembro de 2015. Chama-se Pedro, e veio fazer par com a irmã, Maria.

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