Produção energética solar e eólica bate recorde em 2022

Energias renováveis foram responsáveis por 12% da eletricidade no mundo; Brasil tem queda recorde nas emissões com crescimento de fontes limpas

Por Oscar Valporto | ODS 7 • Publicada em 13 de abril de 2023 - 12:14 • Atualizada em 25 de novembro de 2023 - 13:46

Painéis solares e geradores de energia eólica na Espanha: fontes renováveis chegaram a 12% da eletricidade produzida no mundo (Foto: Ander Gillenea / AFP)

As energias renováveis produziram 12% da eletricidade em todo o mundo em 2022, contra 10% no ano anterior, de acordo com relatório divulgado nesta terça (11/04) pela think tank de energia limpa Ember. Os autores do estudo preveem uma redução gradual da energia a gás junto com uma redução da energia movida a carvão, prevendo que a geração de combustível fóssil cairá 0,3% este ano.

A Ember aponta que, hoje, mais de sessenta países geram mais de 10% de sua eletricidade de energia eólica e solar. “Juntas, todas as fontes de eletricidade limpa (renováveis e nucleares) atingiram 39% da eletricidade global, um novo recorde. A geração solar aumentou 24%, tornando-se a fonte de eletricidade de crescimento mais rápido por 18 anos consecutivos; a geração eólica cresceu 17%”, destaca o relatório. A energia hidroeléctrica produziu 15% deste novo recorde. A Ember considera energia nuclear uma fonte limpa, definição, no mínimo, polêmica. Mas os destaques do relatório são o crescimento recorde de geração das energias solar e eólica.

Leu essa? Reciclagem de painéis é desafio ambiental para energia solar

De acordo com o relatório, as emissões do setor de energia aumentaram em 2022 (+1,3%), atingindo um recorde histórico. “A eletricidade está mais limpa do que nunca, mas estamos usando mais dela. A produção a carvão aumentou 1,1%, em linha com o crescimento médio da última década. A ‘redução gradual da energia a carvão’ acordada na COP26 em 2021 pode não ter começado em 2022, mas também a crise energética não levou a um grande aumento na queima de carvão, como muitos temiam”, afirma o relatório.

Gostando do conteúdo? Nossas notícias também podem chegar no seu e-mail.

Veja o que já enviamos

Otimista, a engenheira ambiental e economista Małgorzata Wiatros-Motyka, analista sênior de eletricidade da Ember e coordenadora do trabalho, acredita que as descobertas mostram que o mundo chegou ao “início do fim da era fóssil”, conforme afirmou em comunicado distribuído pela instituição. “Estamos entrando na era da energia limpa, O palco está montado para o vento e o sol alcançarem uma ascensão meteórica ao topo. A eletricidade limpa remodelará a economia global, do transporte à indústria e muito mais”, acrescentou.

A Ember analisou dados de energia de 78 países, representando 93% da procura global de eletricidade. Países europeus lideram o ranking de produção de energias renováveis. As fontes energéticas da Dinamarca atingiram a maior proporção de energia eólica e solar na sua matriz, com 60,8% no ano passado. A Lituânia e o Luxemburgo seguem com 48,4 e 46,6% respectivamente. Em números absolutos, a Alemanha produziu a maior quantidade de energia eólica e solar entre os países europeus com 185 TWh (terwatt-hora), seguida da Espanha e do Reino Unido.

O relatório aponta que o Brasil registrou a maior queda absoluta do mundo nas emissões do setor energético em 2022. O setor energético brasileiro emitiu 69 milhões de toneladas de CO2 no ano passado, uma queda de 34% em relação a 2021 (105 milhões de toneladas). De acordo com a Ember, a redução de emissões do setor no Brasil se deveu principalmente a um aumento da geração hidrelétrica, devido ao ano chuvoso de 2022, com pluviosidade em alta.

O relatório aponta que a geração hidrelétrica brasileira (363 TWh) em 2021, ano de estiagem intensa, estava em seu nível mais baixo desde 2015; em 2022, atingiu o nível mais alto desde 2011 (428 TWh). A Ember destaca ainda que a energia eólica (+12%) e a solar (+30%) apresentaram crescimento significativo em comparação com 2021.

Esses números em alta (na geração hidrelétrica, solar levou a uma queda na energia gerada pelos combustíveis fósseis, notadamente uma redução de 46% no gás (-42 TWh). A queda nas emissões vem após a crise hídrica de 2021, quando houve um recorde histórico para as emissões do setor elétrico brasileiro devido às baixas nos reservatórias das hidrelétricas brasileiras e à maior demanda de eletricidade.

Oscar Valporto

Oscar Valporto é carioca e jornalista – carioca de mar e bar, de samba e futebol; jornalista, desde 1981, no Jornal do Brasil, O Globo, O Dia, no Governo do Rio, no Viva Rio, no Comitê Olímpico Brasileiro. Voltou ao Rio, em 2016, após oito anos no Correio* (Salvador, Bahia), onde foi editor executivo e editor-chefe. Contribui com o #Colabora desde sua fundação e, desde 2019, é um dos editores do site onde também pública as crônicas #RioéRua, sobre suas andanças pela cidade

Newsletter do #Colabora

A ansiedade climática e a busca por informação te fizeram chegar até aqui? Receba nossa newsletter e siga por dentro de tudo sobre sustentabilidade e direitos humanos. É de graça.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Compartilhe:

Sair da versão mobile