O segundo painel de debates do Seminário Crise Hídrica no Brasil, realizado nesta sexta (24/06), no Museu do Amanhã, abordou uma série de fatores adversos decorrentes do mau gerenciamento do abastecimento d’água e da falta de saneamento em amplas áreas do país.
A professora Sandra Azevedo, da UFRJ, abordou o tema Doenças de Veiculação Hídrica, e sintetizou os riscos a que está sujeita a população na frase: “Nossos rios são valões”. Diante do quadro de 1 bilhão de pessoas no mundo sem água potável, 2,4 bilhões sem saneamento, a professora Sandra afirmou que 5 mil crianças morrem por dia no mundo devido a doenças derivadas de água de baixa qualidade.
[g1_quote author_name=”Paulo Rosman” author_description=”Coppe/UFRJ” author_description_format=”%link%” align=”left” size=”s” style=”simple” template=”01″]Não adianta reclamar do governo. O governo somos nós, que o escolhemos
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Veja o que já enviamosSão muitas as doenças que ameaçam a população, como cólera, frebre tifóide, disenteria, malária, febre amarela, dengue, zika, chicungunha, hepatite A, rotavírus, etc. Segundo Sandra, a solução dos problemas só “virá se trabalharmos juntos, de forma multidisciplinar”. E completou: “Não há plano B para a água”.
Fernanda Gimenes, do Conselho Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS), fez sua explanação sobre o trabalho desenvolvido pela instituição para conscientizar as empresas da necessidade de mudar os padrões de consumo e de gerenciamento dos recursos hídricos. Até porque os consumidores estão cada vez mais conscientes do impacto ambiental das atividades empresariais.
Segundo Fernanda, o CEBDS desenvolveu uma metodologia para auxiliar as instituições financeiras a melhor avaliar os riscos de seus investimentos em relação aos aspectos hídricos e ambientais dos projetos. ” Para as empresas, o gerenciamento dos recursos hídricos é fundamental”, disse .
Já o professor Paulo Rosman, da Coppe/UFRJ, falou sobre os problemas da Baía de Guanabara. Declarou ser necessário desviar o foco da poluição em si e redirecioná-lo para as carências socioeconômicas do entorno da baía. A seu ver, enquanto não forem supridas as carências de 4 milhões das 7 milhões de pessoas que vivem no entorno da baía, não haverá como pensar em despoluição.
Falando de um modo mais filosófico, afirmou que muitos problemas decorrem do fato de os brasileiros “não terem respeito por si mesmo” e tolerarem uma série de coisas às quais deveriam reagir. “Não adianta reclamar do governo. O governo somos nós, que o escolhemos”, afirmou o professor da Coppe.