‘Não há plano B para a água’

Especialistas afirmam que não há como enfrentar crise hídrica sem encarar problemas socioeconômicos

Por Trajano de Moraes | ODS 6 • Publicada em 24 de junho de 2016 - 18:48 • Atualizada em 27 de junho de 2016 - 13:04

Grupo de remadores enfrenta a cotidiana poluição na Baía de Guanabara
Professora Sandra no segundo painel do seminário
A  mediadora Liana Melo, o professor Paulo Rosman, Fernanda Gimenez e a professora Sandra Azevedo no segundo painel do seminário

O segundo painel de debates do Seminário Crise Hídrica no Brasil, realizado nesta sexta (24/06), no Museu do Amanhã,  abordou uma série de fatores adversos decorrentes do mau gerenciamento do abastecimento d’água e da falta de saneamento em amplas áreas do país.

A professora Sandra Azevedo, da UFRJ, abordou o tema Doenças de Veiculação Hídrica, e sintetizou os riscos a que está sujeita a população na frase: “Nossos rios são valões”. Diante do quadro de 1 bilhão de pessoas no mundo sem água potável, 2,4 bilhões sem saneamento, a professora Sandra afirmou que 5 mil crianças morrem por dia no mundo devido a doenças derivadas de água de baixa qualidade.

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Não adianta reclamar do governo. O governo somos nós, que o escolhemos

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São muitas as doenças que ameaçam a população, como cólera, frebre tifóide, disenteria, malária, febre amarela, dengue, zika, chicungunha, hepatite A, rotavírus, etc. Segundo Sandra, a solução dos problemas só “virá se trabalharmos juntos, de forma multidisciplinar”. E completou: “Não há plano B para a água”.

Fernanda Gimenes, do Conselho Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS), fez sua explanação sobre o trabalho desenvolvido pela instituição para conscientizar as empresas da necessidade de mudar os padrões de consumo e de gerenciamento dos recursos hídricos. Até porque os consumidores estão cada vez mais conscientes do impacto ambiental das atividades empresariais.

Segundo Fernanda, o CEBDS desenvolveu uma metodologia para auxiliar as instituições financeiras a melhor avaliar os riscos de seus investimentos em relação aos aspectos hídricos e ambientais dos projetos. ” Para as empresas, o gerenciamento dos recursos hídricos é fundamental”, disse .

Já o professor Paulo Rosman, da Coppe/UFRJ, falou sobre os problemas da Baía de Guanabara. Declarou ser necessário desviar o foco da poluição em si e redirecioná-lo para as carências socioeconômicas do entorno da baía. A seu ver, enquanto não forem supridas as carências de 4 milhões das 7 milhões de pessoas que vivem no entorno da baía, não haverá como pensar em despoluição.

Falando de um modo mais filosófico, afirmou que muitos problemas decorrem do fato de os brasileiros “não terem respeito por si mesmo” e tolerarem uma série de coisas às quais deveriam reagir. “Não adianta reclamar do governo. O governo somos nós, que o escolhemos”,  afirmou o professor da Coppe.

Trajano de Moraes

Jornalista com longas passagens por Jornal do Brasil, na década de 1970, e O Globo (1987 a 2014), sempre tratando de temas de Política Internacional e/ou Economia. Estava posto em sossego quando foi irresistivelmente atraído pelos encantos do #Colabora. E resolveu sair da toca.

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