Leia mais reportagens da série #100diasdebalbúrdiafederal
“O resultado da minha pesquisa de doutorado é um portal de dados abertos online sobre agrotóxicos. É uma plataforma que reúne informações sobre saúde, venda de agrotóxicos e produção orgânica. O Brasil hoje é o maior consumidor de agrotóxicos do mundo e isso já se tornou um problema de saúde pública. A gente acredita que o papel da universidade, nesse sentido, é levar informação fácil e acessível para sociedade. O tema dos agrotóxicos é bastante diverso, envolve questões relacionadas a agricultura, saúde, nutrição, economia e assim encontrar dados sobre agrotóxicos no Brasil se torna difícil, justamente por causa desse universo diverso. O objetivo desse portal que foi desenvolvido na minha tese de doutorado é reunir essas fontes, que vem do governo, oficiais e dados produzidos pela sociedade em um unico local. O site é www.dados.contraosagrotoxicos.org. O site é uma parceria da UFRJ com a campanha permanente Contra os Agrotóxicos e pela Vida. O portal agora foi assumido pelo programa de pós graduação de informática da UFRJ (PPGI)”
Gostando do conteúdo? Nossas notícias também podem chegar no seu e-mail.
Veja o que já enviamosAlan Tygel, engenheiro eletrônico e de computação da UFRJ e pesquisador
“Nossa pesquisa no Instituto Nacional do Câncer consiste na identificação de marcadores de detecção precoce de tumores de cabeça e pescoço. Estou aqui porque estamos todos muito preocupados com a situação da Ciência e da Educação devido aos cortes orçamentários. A gente trabalha com o orçamento muito limitado para o que precisamos fazer. Se limitar ainda mais, não teremos como melhorar o trabalho e formar mais ninguém”.
Sheila Coelho, pesquisadora do Programa de Carcinogênese Molecular do INCA e professora da Pós-Graduação do Instiuto
“Eu faço um trabalho de psicolinguística com interface na educação. A gente usa um rastreador ocular, um equipamento que custa R$ 50 mil reais e a gente conseguiu comprar graças ao CNPQ. A UFRJ é pioneira com esse equipamento no Brasil. Esse equipamento é um microscópio de leitura, que permite saber onde está exatamente o olho da pessoa, para onde ele vai, quanto tempo ele fica. É com esse instrumento que a gente faz pesquisas de ponta, nível internacional, sobre leitura. A gente faz pesquisa aplicada também, por exemplo, de uma condição chamada dislexia: a pessoa enguiça em uma parte da leitura e, com esse equipamento a gente consegue ver onde ela está, onde o olho parou, qual a dificuldade. Com isto, a pessoa pode até recorrer a terapia e tratar. Formamos alunos de mestrado e doutorado sobre propriedade da leitura. Isso tudo e nosso presidente diz que as particulares são as que fazem pesquisa. Ele está errado. Somos nós, das federais, que realizamos a maior parte das pesquisas. Estamos com esse projeto desde 2006. Já conseguimos tratar muita gente. Mas e se precisarmos inovar o instrumento? Será que o governo vai querer comprar outro? Muita gente foi diagnosticada, corrigida, com base nesse estudo”.
Marcus Maia, professor da Faculdade de Letras da UFRJ e pesquisador
“Trabalho com camponeses no sertão, junto com o Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Iaçú, sertão da Bahia. Escrevo como o sindicato foi fundado na ditadura militar e também sobre sua memória. A pesquisa analisa sobre como está a situação atual dos camponeses e como, até hoje, continuam lutando pela água, lutando pela terra e pela permanência da família no local de sua história. Mesmo sem energia elétrica, água encanada e saneamento básico. Ainda utilizam modos manuais de produzir a vida. E como trabalhadores se articulam junto ao sindicato para conseguir melhorias para a população. Estou hoje na manifestação porque sou a primeira pessoa da família a ingressar na universidade pública e vim lutar para não ser a última”
Luana Batista, doutoranda em Antropologia Social no Museu Nacional e pesquisadora do NUAP – Núcleo de Antropologia da Política
“Há 15 anos nós, da engenharia de produção da UFRJ, organizamos um encontro nacional de engenharia e desenvolvimento social. A ideia é trazer temas para engenharia que não são trabalhados na mesma. Isto é, pensar em alternativas para os projetos tradicionais. A engenharia elétrica, por exemplo, discute a matriz energética do país e o que causa impacto social. Na minha engenharia, de produção, discutimos alternativas de produção, economia solidária, alternativas de desenvolvimento econômico. A ideia da reunião é tentar explicitar quais são os valores e ideologias por trás da tecnologia dominante para que a gente possa pensar em propostas. Foi criada uma rede chamada Rede de Engenharia Oswaldo Cévar que é voltada para uma engenharia popular. São engenheiros que não discutem técnicas ou tecnologias mas o meio social. Aqui no Rio os pesquisadores dessa rede estudam a energia solar, empreendimento produtivo, a tecnologia social mesmo. Estou trabalhando atualmente com fábricas e estamos num espaço agora onde estão construindo moradias populares. E nossa função é dialogar com as pessoas e entender de que forma a engenharia pode ser algo mais social.”
Flávio Chedid, pesquisador da UFRJ e engenheiro de produção
“Trabalho em pesquisa com fatores preditivos de prognóstico para tumores de cabeça e pescoço no Instituto Nacional do Câncer: estudo clínico, entrevista de pacientes. Esse governo não nos representa e insiste na ideia de que as universidades possuem um viés ideológico, mas as ações dos educadores e pesquisadores fazem somente estimular o pensamento crítico. É um governo sem projeto e suas ações não têm justificativa”
Flavia Carvalho, especialista em Fisioterapia em Oncologia no INCA e mestre em Ciências pela Escola Nacional de Saúde Pública (ENSP) da Fiocruz
“Meu projeto se chama música, memória e sociabilidade na Maré. Ele vem de uma colaboração nossa com moradores da Maré desde 2003. Temos feito sucessivos projetos envolvendo a população local, principalmente em unidade escolar, no mapeamento das das atividades musicais locais e relacionando esse mapeamento a questoes de interesse dos moradores. Questões como direito de ir e vir, relativas a educação, a propria segurança publica no local, oportunidade de geração de renda também nos locais desassistidos pelo estado. Já passaram 240 moradores por esse projeto, incluindo a vereadora Marielle Franco. Esse projeto gerou publicações nacionais e internacionais, tanto em veículos academicos quanto nos gerais. Esse é nosso intuito, intervenções na comunidade, criação de um arquivo musical na Maré, enfim. O projeto desenvolvido na UFRJ não faz os moradores irem até a universidade, mas a universidade vai até a Maré. É uma inclusão. Uma das coisas geradas por esse projeto foi o bloco Benze que Dá, que em 2005 teve a Marielle Franco como uma das integrantes. Ela tocava tamborim e o bloco tinha só 20 pessoas”
Samuel Araújo, professor de música da UFRJ e pesquisador do CNPQ
[g1_quote author_description_format=”%link%” align=”none” size=”s” style=”solid” template=”01″]14/100 A série #100diasdebalbúrdiafederal pretende mostrar, durante esse período, a importância das instituições federais e de sua produção acadêmica para o desenvolvimento do Brasil.
[/g1_quote]