Coronavírus põe Trump, Xi Jinping e Putin sob pressão

O presidente da China, Xi Jinping é saudado durante visita á cidade de Wuhan, epicentro do coronavírus. Foto EyePress News / EyePress

Preocupados com seus futuros políticos, líderes mundiais vacilam e custam a assumir os efeitos catastróficos da pandemia

Por Trajano de Moraes | ODS 3 • Publicada em 12 de março de 2020 - 18:44 • Atualizada em 20 de março de 2020 - 10:47

O presidente da China, Xi Jinping é saudado durante visita á cidade de Wuhan, epicentro do coronavírus. Foto EyePress News / EyePress

O presidente da China, Xi Jinping, já fatura politicamente o aparente ou suposto sucesso do seu governo em conter a explosão do coronavírus Covid-19. Oficialmente, o governo chinês anunciou que o pico da epidemia passou. Ele tenta agora reverter o dano à sua imagem pelo atraso do país em comunicar ao mundo a gravidade da situação. Mas seus “colegas” nos EUA e na Rússia não aprenderam a lição. Perguntado sobre seu encontro de sábado com o secretário de Comunicação do Planalto, Fábio Wajngarten, que testou positivo ao vírus, Donald Trump se disse despreocupado, passando uma imagem de quem dá pouca importância a algo que literalmente está travando o mundo.

Já o figurino de Vladimir Putin é agir nas sombras. Causa espécie o fato de o maior país do mundo, com a quinta maior fronteira terrestre (a leste, justamente com a China, 4.250km) e encostado na Europa (a oeste) registrar, oficialmente, apenas 28 casos confirmados de coronavírus. Num pequeno país, como o Líbano, são 63. No Brasil, 77 até o início da noite. Os jornais russos, de um modo geral, dão pouco destaque à pandemia e falam, preferencialmente, de outros países. Refletem a distância com que o Kremlin trata o assunto, passando também a mensagem errada.

O presidente dos EUA, Donald Trump, posa ao lado do brasileiro Fábio Wajngarten que foi confirmado como portador do coronavírus. Foto Instagram
O presidente dos EUA, Donald Trump, posa ao lado do brasileiro Fábio Wajngarten que foi confirmado como portador do coronavírus. Foto Instagram

Ouvida pelo jornal “Izvestia”, a infectologista Anna Oreshkova observou que o número de casos oficiais não é verdadeiro. “Claro, existem muitos mais casos, e não apenas em nosso país. Se você é totalmente crítico das medidas tomadas, os epidemiologistas e especialistas em doenças infecciosas concordam que muito foi feito de maneira errada e fora do tempo. Os russos continuaram a viajar para o exterior por muito tempo, os voos em trânsito continuaram”, afirmou. Curiosamente, o site do jornal governamental “Gazeta Russa” registra mais seis casos, elevando o total para 34.

Putin aproveitou a turbulência do preço do óleo (principal fonte de divisas do país) despencando, devido a uma briga com a Arábia Saudita, dos casos de coronavírus subindo no mundo e da queda em picada das bolsas de valores para anunciar um plano para estender seu mandato, que deveria terminar em 2024, até 2036 – o que significa ficar no poder por mais de um terço de século.

Segundo o analista Nic Robertson, da CNN, Xi Jinping está na fase de tirar proveito político após o esforço hercúleo do país, em todos os níveis, de conter o Covid-19, a um custo até agora de mais de 3.200 mortes, num total de 81 mil casos. Ele está arriscando tudo: sua liderança política, a economia chinesa, a posição do país como potência e sua própria estatura no cenário mundial.

O Covid-19 infectou a política americana. Os dois principais candidatos democratas à disputa da presidência não pouparam os vacilos de Trump. O senador Bernie Sanders foi eloquente. “A escala do coronavírus é a de uma grande guerra. Temos de reagir à altura”, afirmou.

Os europeus, banidos de viajar aos EUA por Trump (exceto os do Reino Unido), estão no olho do furacão. O chefe do CDC (Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA), Robert Redfield, sentenciou: “A Europa é a nova China.”

Trajano de Moraes

Jornalista com longas passagens por Jornal do Brasil, na década de 1970, e O Globo (1987 a 2014), sempre tratando de temas de Política Internacional e/ou Economia. Estava posto em sossego quando foi irresistivelmente atraído pelos encantos do #Colabora. E resolveu sair da toca.

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